sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Macri vai incendiar a Argentina

Por Altamiro Borges

Em seu arrivismo neoliberal, o presidente Mauricio Macri está brincando com fogo e pode incendiar a Argentina em curto espaço de tempo. A cada dia, nestes quase dois meses de governo, o empresário mafioso adota uma medida antipopular e provoca a conhecida rebeldia dos argentinos. Nesta quarta-feira (27), ele anunciou o fim dos subsídios para a energia elétrica, o que aumentará a conta de luz em até 350%. A decisão foi anunciada com arrogância como mais um passo para enterrar o "populismo" da ex-presidenta Cristina Kirchner e para garantir a "austeridade fiscal", tão ao gosto dos banqueiros e dos ricaços que financiaram a sua apertada vitória eleitoral em novembro do ano passado.

Segundo o novo governo, o corte reduzirá o déficit público e viabilizará o pagamento dos títulos da dívida aos rentistas. O Ministério da Fazenda, controlado por banqueiros, argumenta que os subsídios "kirchneristas" abocanham cerca de 4% do PIB. A meta é reduzir esse índice para 1,5% ainda neste ano. O aumento da conta de luz, porém, vai pressionar a inflação, sabotando a principal bandeira de campanha de Mauricio Macri. Até os chamados "analistas do mercado", porta-vozes dos banqueiros, já avaliam que com a medida a inflação passará dos 30% neste ano. As maiores vítimas desta alta inflacionária serão os trabalhadores, que já prometem greves pela reposição salarial a partir de março.

Conhecido por seu autoritarismo, o novo presidente tende a rechaçar as pressões com mais violência. Após 12 anos sem cenas de repressão, a Argentina voltou a ser palco de bombas de gás, cassetetes e tiros da polícia. Servidores públicos demitidos - mais de 15 mil - foram baleados e críticos das medidas antipopulares já foram presos - como a líder camponesa Milagro Sala, deputada do movimento Tupac Amaru. Centenas de decretos de "urgência" também foram baixados de forma autoritária, como o que impôs dois ministros para a Suprema Corte de Justiça e extinguiu as duas agências de regulação dos meios de comunicação. O império midiático do Clarín aplaudiu as medidas ditatoriais, mas a rejeição popular nas ruas já se fez sentir, com enormes manifestações de protestos.

Em entrevista ao site espanhol 'Rebelión', o economista Cláudio Katz avalia que Mauricio Macri terá dificuldades para encerrar seu mandato. "Em seu primeiro mês, Macri confirmou que encabeça um típico governo de direita, que funciona com ajustes e repressão. Terminada a campanha eleitoral, os chamados à concórdia sumiram e a cada dia despertamos com um novo pesadelo. O mais grave são as demissões, que já somam mais de 15 mil servidores públicos. Com a alta da inflação nestas primeiras semanas do ano, a situação vai se agravar... Há uma campanha oficial para facilitar demissões porque o governo sabe que estrategicamente somente com um desemprego maior ele poderá lograr uma forte recomposição dos lucros dos empresários". 

"Há um cenário de repressão que explica porque Macri governa por decreto. O homem que falava em concertação, diálogo e consenso, não para de baixar decretos. Demissões e repressão necessitam de um governo autoritário... Este é um governo das classes capitalistas de forma descarada. Os que hoje remarcam os preços são gerentes que estavam no setor privado e que hoje controlam a administração pública... É um governo da classe dominante de forma explícita e descarada". No cenário desenhado pelo economista Cláudio Katz, fica a pergunta: quanto tempo vai durar o reinado do mafioso Mauricio Macri? A conferir!  

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4 comentários:

Unknown disse...

A provocação pode ser deliberada. O cara tem ligações mafiosas internacionais (Wash9ington), e uma reação violenta do povo argentino (inevitável) seria um pretexto para uma intervenção americana (RTP).

Mário Silva disse...

Seriam esses os ingredientes para uma guerra civil?

Unknown disse...

Irá durar, pelo menos, quatro anos.

WillSchutz disse...

Que isso sirva de exemplo para nosso pais, caso seja eleito um partido de direita no caso PSDB, isso que irá acontecer, alias já temos exemplos na era FHC e Alckimin.