terça-feira, 30 de setembro de 2008

As alianças e o cinismo do PT gaúcho

Por Altamiro Borges

Estacionada em terceiro lugar nas últimas pesquisas eleitorais, a candidata do PT à prefeitura de Porto Alegre, deputada federal Maria do Rosário, decidiu baixar o nível da sua campanha. Após um intenso bombardeio viral, alimentado nos subterrâneos da política, ela mesma resolveu atacar em público, durante o horário eleitoral na TV, a candidatura de Manoela D’Ávila (PCdoB), que desponta como o novo na acirrada disputa na capital gaúcha. Numa tática suicida, que dificulta a unidade das esquerdas para o segundo turno, a petista aliviou os ataques ao candidato da direita, o atual prefeito José Fogaça, e colocou a comunista como alvo do seu descontrole emocional.


domingo, 28 de setembro de 2008

O PT carioca e o voto progressista

Por Altamiro Borges

Diante do preocupante cenário eleitoral que se desenha na capital carioca, com o risco da direita levar de lambuja mais um pleito nesta estratégica cidade, uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo deu novo alento para as forças progressistas: “A preocupação com a possibilidade de a esquerda ficar fora do segundo turno no Rio de Janeiro levou um grupo de petistas a considerar a hipótese de manifestar apoio à candidata do PCdoB, Jandira Feghali. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, é o mais propenso a apoiá-la já no primeiro turno. Outro petista envolvido na estratégia é o candidato à reeleição em Nova Iguaçu, Lindberg Farias”.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O “choque de capitalismo” de Gabeira

“É cada vez mais trepidante a biografia política de Fernando Gabeira. Candidato à prefeitura carioca, ele acaba de registrar a doação de campanha de Arminio Fraga (ex-Banco Garantia e ex-Soros Fund Management) e de Walter Moreira Sales (Unibanco). Além disso, ele ainda recebeu simbólicos 10 mil reais do advogado Francisco Mussnich, casado com Verônica, irmã de Daniel Dantas. Na ditadura, o guerrilheiro Gabeira apoiava a expropriação dos bancos para favorecer a revolução. Agora, ele ganha contribuição dos banqueiros para evitá-la. Sempre radical”.

A irônica nota do jornalista Mauricio Dias, na sua coluna na revista Carta Capital, expressa bem a trajetória sinuosa do candidato a prefeito da coligação PV/PSDB/PPS. Alguns desatentos ainda se iludem com seu passado de luta contra a ditadura. Mas há muito tempo ele tomou outro rumo, pendendo cada vez mais para posições de direita. Na atual campanha eleitoral, ele sequer procura esconder a sua conversão, postando-se como a alternativa para o eleitorado mais conservador. A aliança com tucanos, o apoio dos banqueiros e seu programa de governo confirmam a guinada.


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quarta Frota e a “guerra” do pré-sal

Por Altamiro Borges

Diante de quase 2 mil operários da indústria naval que trabalham na construção da Plataforma P-53 da Petrobras, em Rio Grande (RS), o presidente Lula reforçou as suspeitas de que o recente relançamento da Quarta Frota Naval dos EUA tem como objetivo disputar o petróleo da camada pré-sal descoberto no litoral brasileiro. O duro discurso desta quinta-feira (18) indica que o país superou a deprimente fase do “alinhamento automático” com os EUA, imposto pelo servil FHC, e que crescem as tensões diante do “império do mal”. Dois dias antes, Lula já havia dado apoio ao presidente Evo Morales na expulsão da Bolívia do embaixador-separatista Philip Goldberg.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Philip Goldberg, o separatista da Bolívia

Por Altamiro Borges

Numa entrevista exclusiva à TV Brasil, nesta quarta-feira (17), o presidente Lula criticou a ação dos golpistas na Bolívia e elogiou a decisão do governo boliviano de expulsar Philip Goldberg, o embaixador-separatista dos EUA. De forma diplomática, mas incisiva, ele afirmou:

“Se o embaixador fazia reuniões com a oposição, o Evo está correto em mandá-lo embora. Papel de embaixador não é fazer política dentro do país... Aqui no Brasil, uma embaixadora americana, num jornal brasileiro, respondeu a uma crítica que tinha feito ao Bush. Mandei o Celso Amorim chamá-la e dizer que não era admissível ela dar palpite sobre uma entrevista do presidente da República... Isto não é de hoje. É famosa a interferência das embaixadas americanas em vários momentos da história do nosso continente. Então, eu acho que houve um incidente diplomático. Se o embaixador estava tendo ingerência política, o Evo está correto”.


A divertida briga entre tucanos e demos

Por Altamiro Borges

Meio a contragosto, a mídia hegemônica tem registrado, quase diariamente, as brigas fratricidas entre cardeais do PSDB e do DEM (ex-PFL), os dois partidos responsáveis pela implantação do destrutivo projeto neoliberal no país. Abalados com a crescente popularidade do presidente Lula e sem discurso, eles dissolveram o antigo casamento liberal-conservador e caminham para sofrer duras derrotas nas eleições municipais. A briga é divertida e confirma a crise do neoliberalismo, que alguns apologistas do capitalismo afirmaram no passado representar o “fim da história”.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Avanço trabalhista e temor sindical

Por Altamiro Borges

Nos últimos meses, o sindicalismo brasileiro recebeu vários sinais trocados, contraditórios. Por um lado, ocorreram tímidos avanços nos direitos trabalhistas, com algumas vitórias importantes. Por outro, está em curso um perigoso processo de judicialização das lutas sociais, com inúmeras sentenças contrárias ao sindicalismo, e o governo Lula baixou várias medidas que podem asfixiar financeiramente e fragmentar as organizações sindicais. Esta agenda ambígua comprova que os classistas devem evitar tanto o adesismo chapa-branca da CUT, que aplaude qualquer medida do Planalto, como o esquerdismo da Conlutas, que não vê nada de progressivo na atual conjuntura.


sábado, 13 de setembro de 2008

Mídia acoberta terroristas da Bolívia

Por Altamiro Borges

“Se precisar, vai ter sangue. É preciso conter o comunismo e derrubar o governo deste índio infeliz”. Jorge Chávez, líder da oligarquia racista de Tarija.

“Não vejo razão pela qual se deve permitir o Chile se tornar marxista pela irresponsabilidade de seu povo”. Henry Kissinger, secretário de Estado do EUA, poucos dias antes do golpe de 11 de setembro de 1973 que derrubou Salvador Allende.


É repugnante a cobertura que o grosso da mídia hegemônica tem dado aos trágicos confrontos na já sofrida Bolívia. Os serviçais da TV Globo tratam os chefões golpistas como “líderes cívicos” e “dirigentes regionais”. Mirian Leitão, que esbanjou valentia ao sugerir que o governo brasileiro retirasse o nosso embaixador de La Paz e enviasse tropas às fronteiras quando da estatização do petróleo, agora é toda afável com a oligarquia racista deste país. Outros “colunistas” bem pagos da mídia chegam a insinuar que a culpa pelos violentos conflitos, que já causaram oito mortes, é do presidente Evo Morales, “um radical e populista” que instigou o separatismo regional.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O que há de novo em Barack Obama?

Por Altamiro Borges

A megaconvenção do Partido Democrata, realizada no final de agosto em Denver, revigorou as esperanças na possibilidade do candidato Barack Hussein Obama por fim ao trágico reinado do presidente-terrorista George Bush nas eleições marcadas para novembro. O evento, que reuniu 80 mil pessoas em estado de êxtase e num clima de forte unidade, confirmou que há “fenômeno coletivo” em curso na fossilizada “democracia” ianque. Ele parece suplantar o próprio postulante à Casa Branca, o primeiro negro, de origem mulçumana, com reais condições de vitória.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Portaria 186 fere unicidade sindical

Por Altamiro Borges

Além da confusão criada com a proposta de extinção abrupta da contribuição sindical, que seria substituída pela chamada contribuição negocial, o governo Lula está se metendo em outra briga desnecessária com o sindicalismo. O Ministério do Trabalho baixou recentemente a portaria 186, que fixa as normas sobre registro sindical e alterações estatutárias das entidades. Afora a CUT, novamente a única a aplaudir o governo, todas as demais centrais questionam esta nova medida legal, afirmando que ela pode abrir caminho para a maior fragmentação do sindicalismo no país.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Veja, demos e o impeachment de Lula

Por Altamiro Borges

Como ocorre em todo o período pré-eleitoral, a oposição golpista se assanha para evitar desastres nas urnas – ainda mais porque a popularidade do presidente Lula bate recorde, inclusive na antes inexpugnável São Paulo. A marola desta vez se dá em torno das denúncias, não comprovadas, do grampo da Agência Brasileira de Informações (Abin) nos telefonemas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes. Para conter a sangria, o governo novamente recua e afasta, “temporariamente”, o comando da agência. A atitude, porém, não deve intimidar a sanha golpista da direita. O seu alvo não é a direção da Abin, mas sim o próprio presidente Lula.


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Os riscos da contribuição negocial

Por Altamiro Borges

Em plena campanha eleitoral, quando o sindicalismo deveria estar unido para viabilizar a vitória de candidatos progressistas nas capitais e principais cidades do país, um projeto do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tende a causar enorme cizânia neste campo. Ele trata do sistema de custeio do sindicalismo, propondo a extinção das atuais contribuições compulsórias pagas pelos trabalhadores – sindical, assistencial e a confederativa –, que seriam substituídas pela chamada contribuição negocial, no valor de 1% do salário bruto no ano. Esta dependeria das negociações coletivas firmadas com o patronato e precisaria ser aprovada em assembléia pelas categorias.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A simbiose entre emprego e desenvolvimento

Por Altamiro Borges

No momento em que se agudiza o confronto entre os neoliberais e os “desenvolvimentistas”, no interior do governo e na sociedade, o novo livro do economista Marcio Pochmann, “O emprego no desenvolvimento da nação”, revela-se um instrumento afiado para a reflexão mais calcada na realidade, avessa à manipulação. Desde que assumiu o delicado posto de presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ((Ipea), o autor insiste que é urgente destravar a economia para gerar mais e melhores empregos. Com inabalável coragem, ele manteve sua coerência, rejeitando o “esqueçam o que eu escrevi”. Por isto, tem sido alvo da fúria dos adoradores do deus-mercado.