segunda-feira, 2 de abril de 2018

Um ex-dirigente da Shell na Petrobras

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Colocar a raposa dentro do galinheiro. É exatamente isso que o ilegítimo governo Michel Temer pretende fazer na Assembléia Geral da Petrobrás de 26/4/2018 que confirmará as indicações de José Alberto de Paula Torres Lima e de Ana Lúcia Poças Zambelli para o Conselho de Administração da Petrobrás, que é o principal órgão de governança da estatal brasileira.

Durante 27 anos, José Alberto de Paula Torres Lima foi funcionário da Shell, a multinacional petroleira anglo-holandesa que busca se apropriar de nacos da Petrobrás que estão sendo privatizados e desnacionalizados pela atual direção ilegítima da Petrobrás.

O currículo de José Torres Lima divulgado pela Petrobrás traz as seguintes informações:

“Foi membro do Conselho da Houston Grand Opera e da ACC American Chemistry Council. Com uma carreira de 27 anos na Shell, exerceu cargos no Brasil e no exterior. Atuou como Vice-Presidente de NBD e Ventures da Shell Chemicals de 2012 até maio de 2016, Vice-Presidente de GNL, Monetização de Gás e Energia Eólica da Shell Upstream Americas – Houston de 2009 a 2012, Presidente da Shell US Gas & Power de 2002 a 2006, Líder de Projetos de M&A na Shell International Gas – Londres de 2001 e 2002, e Gerente de Finanças e Planejamento Corporativo de 1989 a 1996, quando entrou na Shell Brasil. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da Prumo Logística”.
A Prumo Logística, na qual José Torres Lima integra o Conselho de Administração, é uma poderosa multinacional que atua nas cadeias de energia, petróleo, gás e minérios. O controle majoritário da Prumo Logística é exercido pela EIG – Global Energy Partners [91,7%], que tem sedes em Seul, Hong Kong, Sydney, Whashington, Houston, Londres e no Rio de Janeiro. A Mubadala, com sede em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, detém 6,9% do controle acionário, e os acionistas minoritários 1,4%.

Além do ex-dirigente da Shell, o governo também indicou Ana Lúcia Poças Zambelli. No currículo dela, constam altos cargos exercidos em importantes multinacionais da área de gás e petróleo:

– foi Vice Presidente senior comercial da Maersk Drilling, companhia cujo “objetivo geral é se tornar um contribuinte significativo e estável para o lucro do Maersk Group, desenvolvendo e expandindo nossos negócios nos segmentos de ultra-águas ultra-profundas e ultra-severas”;- foi Presidente na América do Sul da Transocean, que define como sua missão “ser a principal empresa de perfuração offshore fornecendo serviços de construção de poços baseados em plataformas em todo o mundo … com um foco particular em ambientes tecnicamente exigentes”; e- foi Presidente no Brasil da Schumberger, empresa que se identifica como “fornecedora líder mundial de tecnologia para caracterização, perfuração, produção e processamento de reservatórios para a indústria de petróleo e gás. Fornece a mais abrangente linha de produtos e serviços do setor, desde a exploração até a produção e soluções integradas de poços e tubulações”.
A designação de pessoas com vínculos precedentes com as principais concorrentes mundiais da Petrobrás para ocuparem cargo estratégico na estatal, se insere no plano selvagem de dilapidação, privatização e desnacionalização do patrimônio brasileiro.

Nomear na Petrobrás agentes que sempre defenderam interesses de empresas concorrentes da estatal brasileira significaria o mesmo que Kim Jong-un designar Donald Trump para coordenar o programa nuclear da Coreia do Norte – a capitulação definitiva.

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