domingo, 9 de julho de 2017

Maia: agenda de reformas procura um refil

Por Gilberto Maringoni, em seu blog:

Há algo de curioso nas movimentações da quadrilha de apoio ao governo no Congresso, nesses dias pré-queda de Temer. Usualmente, os enfrentamentos entre candidatos a algum cargo se dão como fulanização das disputas de projetos. Um postulante apresenta determinado enfoque sobre as soluções para o país, outro coloca ideias diversas e mais um externa uma terceira opinião a ser materializada tão logo se alcance o posto almejado.

Nas articulações palacianas para levar Baby Maia ao terceiro andar do Planalto, a inversão é total. O programa é quem está no poder, com seu cardápio de cortes, contrações, privatizações, ataque aos direitos etc. O que se procura é um mercenário qualquer que dê andamento ao arrazoado do lugar-comum liberal.

Aliados de Maia já discutem sucessão de Temer

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Temer e suas chances de sobrevivência literalmente derreteram durante sua patética participação na reunião do G-20, enquanto a perspectiva de poder escorria como água em declive na direção de Rodrigo Maia. Embora a maioria oportunista ainda se esconda sob o muro dos 'indecisos', nos bastidores da Câmara já se discute a própria sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Casa, caso ele se suceda a Temer, numa operação que tende a ser 'casada'. O PSDB pode exigir o cargo em troca do apoio ao afastamento de Temer e ao eventual governo Maia.

Tal como no impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, quando garantiu os votos para sua derrubada e apoio ao governo de Michel Temer, a partir de seu compromisso com as reformas pleiteadas pelo mercado, novamente o PSDB é o fiel da balança num “acordo pelo alto” que deixa o povo de fora. Com sua mensagem numa rede social, nesta sexta-feira, em defesa do avanço das reformas - “Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos a Previdenciária, a Tributária e mudanças na legislação de segurança pública” - Maia falou para o mercado financeiro e para o setor produtivo, com os quais intensificou seus contatos recentemente, mas acenou principalmente para os tucanos, dos quais dependerá muito para governar caso Temer seja afastado. Com o PMDB de Temer desarticulado e varejado por denúncias, e a conhecida fugacidade do Centrão fisiológico, o governo de Maia teria como pilar mais firme de sustentação uma coalizão entre seu partido, o DEM, e o PSDB. A mesma que sustentou o governo FHC.

Deus-mercado agora quer testar o Maia

Lava-Jato e os "inimigos do Brasil"

Por Eugênio Aragão

Até há pouco era assim: criticar a Lava-Jato era atitude política, participar do golpe fingindo que as instituições estavam a funcionar era técnico. Agora, é difícil definir se ter náuseas e ânsia de vômito é técnico ou político. O momento é oportuno para produzir clareza sobre a obtusidade dessa ideológica distinção entre o técnico e o político. É evidente que o primeiro se subordina ao segundo e acaba tudo por ser político.

O Ministério Público Federal gosta muito desse jogo de palavras. Recentemente, em entrevista ao "Estado de São Paulo", seu chefe foi incisivo: "os que querem frear a Lava Jato são inimigos do Brasil". E concluiu com a pérola: "... não concordo que existam abusos por parte do Ministério Público. Temos como ponto basilar da atuação a observância à Constituição Federal e nos pautamos por ela. Nossa atuação é técnica, apolítica e responsável". Tive que ouvir bobagem similar quando, há mais de ano, despedi-me da amizade de Janot. Mas o tempo não era de risadas. Mais recentemente ouvi essa mesma troça de seu assistente, o importador xinguelingue da teoria do domínio do fato que foi desmentido por Claus Roxin, o criador da teoria.

"Não há conciliação com Temer e Maia"

Do site Vermelho:

Neste sábado (8) foi lançada, em Curitiba (Paraná), a Frente Suprapartidária por Eleições Diretas Já, com um ato que reuniu diversas lideranças políticas e lideranças sociais. O ato, convocado pelos senadores paranaenses Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), fortalece a campanha por eleições diretas como alternativa para a crise política e a falta de legitimidade do governo de Michel Temer.

A tônica dos discursos deram como certa a queda de Temer e, neste sentido, o coro de "fora Maia" foi a palavra de ordem do evento. “Não há condição de conciliação. Temer e Maia são exatamente a mesma coisa. Esse Congresso só vai se mexer se houver uma grande mobilização popular”, afirmou Requião, defendendo as eleições diretas.

Quer sair da crise? Defenda as diretas

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Tenho vontade de rir quando leio analistas políticos dizendo - com ar grave de quem descobriu uma verdade profunda - que a troca de Michel Temer por Rodrigo Maia não será suficiente para tirar o país de uma crise sem paralelo em nossa história recente.

Eu (e a torcida do Flamengo, do Corinthians, do Palmeiras, do Atlético, do Sport, do Vasco, do Inter, do Santos ... ) posso assegurar que nem Maia, nem Nelson Jobim, nem Carmen Lúcia, nem qualquer outro nome tirado da cartola de um sistema político arruinado será capaz de estabilizar a crise e apontar um rumo para uma nação conflagrada, onde a crise política já ameaça se transformar em conflito institucional.

E é assim por uma razão muito simples: o golpe de maio-agosto de 2017 deu errado. Um ano e dois meses depois de instalar-se no Planalto, o governo Michel Temer-Henrique Meirelles não conta com o mínimo de adesão necessária dos brasileiros para ficar de pé. É visto com indiferença ou rejeição por 93%. É humilhado e ridicularizado. Principal fiadora de Temer-Meirelles, a TV Globo conspira noite e dia contra o governo que só pode ser instalado com sua participação decisiva.

Um chamado aos coxinhas do Brasil

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

“Cadê as panelas?” virou bordão da esquerda depois do golpe de 2016. Cada notícia sobre alguma bandidagem da trupe que assaltou o poder gerava uma torrente de interrogações aos paneleiros nas redes sociais. Foi tão usado que chegou a enjoar.

Depois dos últimos acontecimentos, entretanto, a fatídica pergunta retornou com força e com razão.

Afinal, não faz nenhum sentido, dentro da lógica da revolta com a corrupção que criou as condições para o golpe, a comoção nacional provocada por uma interpretação grotesca do famigerado áudio do Bessias – interpretado teatralmente pelo Willian Bonner, ainda por cima! – e o completo silêncio diante da absolvição de Aécio Neves no conselho de ética (com minúsculas e uma gargalhada) do Senado; do fato de Michel Temer gastar bilhões do dinheiro oriundo dos “pagadores de impostos” para comprar deputados, através de emendas parlamentares, com o único objetivo de tentar sobreviver às pesadas acusações criminais; e do governo finalmente estancar a sangria e decretar o fim da Lava Jato, simplesmente cortando seus recursos.

Rodrigo Maia se tornou o Temer de Temer

Da revista CartaCapital:

Quando o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito presidente da Câmara, em julho de 2016, seu nome era visto com simpatia pelo Palácio do Planalto. Michel Temer e seu círculo íntimo de apoiadores tinham trabalhado pela vitória de Rogério Rosso (PSD-DF), um integrante do "centrão", o grupo outrora liderado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas o nome de Maia era aceitável. Naquele momento, a eleição do deputado servia para firmar a parceria entre o centrão, articulado ao redor de Temer, e a antiga oposição ao PT, comandada pelo PSDB e integrada pelo DEM de Maia.

Com o agravamento da crise provocado pelas denúncias de corrupção contra Temer e diversos de seus auxiliares, a separação entre o centrão e a antiga oposição ao PT vai ficando evidente. E Maia se torna rapidamente o pivô da derrubada de Temer, papel que Temer executou sem galhardia alguma a partir de dezembro de 2015, quando "vazou" uma famigerada carta do então vice-presidente para Dilma Rousseff, na qual ele choramingava o desprestígio direcionado ele pela petista.

O STF, o CNJ e a mídia digital

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Há duas semanas estive com a Ministra Carmen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em uma audiência por mim solicitada.

A Ministra foi muito gentil, me recebendo com pão de queijo e histórias de Minas.

A visita teve dois motivos:

A Ministra anunciou a recriação de um grupo de mídia, no âmbito do CNJ, visando resguardar a liberdade de imprensa contra a indústria das ações judiciais. Mas incluiu no grupo exclusivamente a parte menos vulnerável da imprensa: os grupos de mídia, empresas consolidadas, com departamentos jurídicos, capazes de se defender.

Mitos da austeridade: o caso da Islândia

Do site Brasil Debate:

Muitos conhecem a crise econômica da Islândia por causa dos primeiros minutos do documentário Inside Job, que retrata a crise financeira mundial de 2008. Esses minutos iniciais resumem o resultado do embarque do país na onda do liberalismo econômico a partir dos anos 1990. Para deixar a economia cada vez mais nas mãos do mercado, a Islândia implementou uma série de reformas: cortou o gasto público, reduziu os impostos sobre o capital e sobre o trabalho, privatizou as empresas estatais, liberalizou o mercado de trabalho, abriu sua economia para promover uma maior integração econômica global, reformou a previdência e o setor público e ainda desregulamentou o mercado financeiro.

São Paulo: à venda com muita propaganda

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:

Nem a Globo aguentou o discurso marqueteiro do prefeito de São Paulo e cortou sua fala em pleno ar. No Bom dia SP do último dia 3, o apresentador Rodrigo Bocardi comentou que muitos programas da prefeitura mais parecem ações de marketing e fez a seguinte pergunta a João Doria Junior: "Nos últimos seis meses foram criados Cidade Linda, Bairro Lindo, Calçada Nova, Corredor Verde... são programas com nomes anunciados todos finais de semana e tal. E o resultado que a gente tem visto é que não são nada mais do que aquilo que já era feito. Será que a gente não cai na história do marketing que é tanto falado? A gente cria marcas, nomes e no fim o resultado que temos visto é algo que já vinha sendo feito antes. Talvez até menos agora".

Em vez de "retomada", caos e desemprego

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Estadão, insuspeito de estatismos, dá manchete hoje para o que todo mundo que precisa dos serviços públicos já sabe faz tempo: os cortes orçamentários inviabilizaram o funcionamento normal dos serviços públicos.

Claro que o assunto tomou corpo quando chegou aos passaportes tão queridos da classe média, mas é coisa sabida, faz tempo, na rede hospitalar e escolar federal – e nas estaduais e municipais, que vão todas bem mal das pernas.

E vai piorar, porque – como “não se admite” estouro das contas públicas e muito menos aumento de impostos, os cortes terão de ser ainda maiores.

Moro encolheu! A montanha pariu um rato

Por Laura Capriglione, no site Jornalistas Livres:

A Polícia Federal decidiu hoje (6/7) acabar com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. É incrível! Agora, os delegados que eram exclusivos vão assumir outros inquéritos. Já houve 11 delegados da PF na força-tarefa. Agora, são quatro e esses poucos passarão a cuidar também de outros inquéritos, como os da Operação Carne Fraca - tudo reunido na Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). A expectativa é que ocorra uma redução no ritmo das investigações.

Segundo o UOL apurou com fontes ligadas à investigação, a PF já estava “praticamente parada” na Operação Lava Jato. “Eles não conseguem dar andamento a qualquer apuração nova”, disse um integrante da equipe que não quis se identificar.

Rodrigo Maia começa a botar as asas de fora

Por George Marques e Ruben Berta, no site The Intercept-Brasil:

Seria possível resumir em 140 caracteres um discurso de presidente da República? Qual a hashtag ideal para demonstrar interesse no cargo? Pelo comportamento atual do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Twitter, essas bem que poderiam ser perguntas perambulando em sua cabeça. Normalmente ausente da rede, ele resolveu turbinar as postagens nos últimos dias. Coincidência ou não, ao mesmo tempo em que vê seu nome cada vez mais cotado para o lugar de um desgastado Michel Temer. Estaria mesmo surgindo o #golpedogolpe?

A possibilidade de Maia assumir numa eventual queda de Temer o levou nesta sexta-feira (7) aos assuntos mais comentados do Twitter. O #foramaia também apareceu por lá. Enquanto isso, em sua página, o deputado aproveitou para reforçar a necessidade do país atravessar a pinguela da crise. Pediu “tranquilidade” e “prudência”.

A desgraça que se abateu sobre os golpistas

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                              

Não sou religioso. Só me rendo a algumas mandingas e superstições na hora de torcer pelo Botafogo. Nunca levei a sério o adágio popular “aqui se faz, aqui se paga”, porque cansei de ver casos de gente que fez o mal a vida inteira e morrer sem acertar suas contas.

Contudo, essa máxima fatalista tem sido implacável com grande parte dos líderes do golpe de Estado que roubou o mandato da presidenta Dilma. Um a um estão provando do próprio veneno. O destino tem lhes reservado a destruição da carreira política, a desmoralização pública reservada aos moralistas sem moral, a perda do mandato, ou a cadeia. Senão vejamos :

Cunha, Gedel e Henrique Eduardo Alves – Cadeia

A já esperada queda nas receitas da União

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O noticiário está completamente tomado pelos sucessivos escândalos de natureza política, envolvendo os personagens mais próximos da Presidência da República. Denúncias e delações trazem para o centro do noticiário “politicial” a evidência da corrupção como prática “naturalizada” na Esplanada. São malas de dinheiro e depósitos em contas ilegais no exterior de membros do grupo portador da redenção. Os denunciados são queles que passaram a ocupar os postos da Esplanada, com a incumbência de tirar o Brasil do mar de lama em que estaria envolto até poucos minutos antes da definição do golpeachment.

Moraes favorece Padilha e Moreira no STF

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

O governador Geraldo Alckmin disse ontem que foi contra a indicação que o PSDB fez para o governo de Michel Temer. “Eu já defendi lá atrás que não deveríamos nem ter participado com indicação de ministros. Você pode apoiar as reformas, projetos de lei, medidas de interesse da comunidade sem precisar ter participação governamental”, disse ele, ao anunciar que chamou tucanos para discutir amanhã na casa de Fernando Henrique Cardoso o desembarque o do governo - ele não usou essas palavras, mas foi esse o sentido.

Alckmin posa de santo diante de um governo terminal, mas não se deve esquecer que partiu dele o que pode ser considerado o legado mais nocivo dos anos Temer: o ministro Alexandre de Moraes.