terça-feira, 3 de outubro de 2017

A delegada da Lava-Jato e o reitor da UFSC

Luiz Carlos Cancellier
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A delegada da PF Érika Mialik Marena é coordenadora da operação Ouvidos Moucos, que investiga irregularidades na UFSC. Na manhã de ontem, o reitor Luiz Carlos Cancellier se matou depois de denunciar “a humilhação e o vexame” a que vinha sendo submetido.

Érika foi da Lava Jato até dezembro último, quando aceitou convite para se transferir para a Superintendência de Santa Catarina. Sua saída foi lamentada pelos colegas de Curitiba. Foi ela quem sugeriu o nome da operação.

Natural de Apucarana, no norte do Paraná, ingressou na corporação em 2003. Também atuou em São Paulo, na Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin).

O jornalista Marcelo Auler conta que ela tenta na Justiça censurá-lo e ao Estadão. Érika pede indenização de 70 mil reais ao jornal paulista pela matéria “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede”. Segundo a reportagem, ela usava o codinome “Herycka Herycka” no Facebook.

No mês passado, questionou a soltura do reitor Cancellier e de mais seis pessoas, determinada pela juíza Marjorie Cristina Freiberger. De acordo com Érika, ele tentava “obstaculizar investigações internas”.

Érika foi interpretada no filme “Polícia Federal – A Lei é Para Todos” pela atriz Flávia Alessandra, que a visitou no trabalho. Para Flávia, ela “é um doce, fala devagar, pensando no que está sendo dito, é leve, sagaz, tem um lado instintivo forte”

Nada disse nem lhe foi perguntado sobre a morte do reitor.

O Diário Catarinense falou sobre seu trabalho na Ouvidos Moucos:

A Operação Ouvidos Moucos, que investiga irregularidades na UFSC, é coordenada na Polícia Federal pela delegada Érika Marena, ex-integrante da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba (PR). Ela chegou a Florianópolis no fim de 2016 para comandar a área de combate à corrupção e desvios de recursos públicos.

Érika deixou a robusta equipe montada em Curitiba, acostumada aos holofotes nacionais com a repercussão das fases da operação e às prisões de envolvidos em crimes do colarinho branco, para chefiar a discreta e tímida estrutura da delegacia de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da PF na Capital catarinense.

Oficialmente, a mudança foi uma promoção na carreira. Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, a remoção para uma unidade menor causou estranheza nos delegados federais e, evidentemente, não se tratou de uma promoção.

Paranaense de Apucarana, 41 anos, a delegada Érika foi eleita em uma votação nacional informal da ADPF como a preferida para chefiar a PF como diretora da instituição. O nome dela é defendido pela associação para o cargo de diretor da PF em uma eventual substituição ao atual diretor, Leandro Daiello.

A delegada

Na PF desde 2003, deu o nome à Lava-Jato devido ao uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis, em Brasília (DF), para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas.

Atuou também na delegacia de crimes financeiros de São Paulo e coordenou a força-tarefa CC5 (Caso Banestado) em Curitiba, em que chefiou o grupo de repressão a crimes financeiros.

É professora da disciplina de lavagem de dinheiro na Academia Nacional de Polícia da PF.

No filme sobre a Lava-Jato, lançado em julho, “Polícia Federal – A lei é para todos”, Érika é interpretada pela atriz Flávia Alessandra.

A operação

Cerca de 100 policiais federais cumprem mandados judiciais expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em SC, sendo 16 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva, além do afastamento de sete pessoas das funções públicas que exercem.

A assessoria de gabinete disse que uma reunião do colegiado na manhã desta quinta-feira vai definir os próximos passos. Cancellier estava fora do país até esta quarta-feira. O assessor dele Áureo Moraes informou que “todos estão surpresos”. O diretor de segurança institucional da universidade acompanhou o cumprimento dos mandados no campus.

Os mandados estão sendo cumpridos em Florianópolis, Itapema e Brasília. As investigações começaram a partir de suspeitas de desvio no uso de recursos públicos em cursos de Educação à Distância oferecidos pelo programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os repasses totalizam cerca de R$ 80 milhões.

1 comentários:

Regina Maria disse...

Já sabemos a intenção da PF. Direitizar os discursos e as práticas acadêmicas da UFSC, sem contraditório.