domingo, 19 de março de 2017

A carne fraca do “sinistro” da Justiça

Por Altamiro Borges

A midiática Operação “Carne Fraca”, que atingiu mais um setor de ponta da economia nacional e que produzirá efeitos destrutivos na balança comercial e na geração de empregos no país, também caiu como uma bomba no colo do usurpador Michel Temer. Recém-indicado para o Ministério da Justiça, o falso moralista Osmar Serraglio, fiel aliado do presidiário Eduardo Cunha, já está em processo de sangria e poderá virar em breve o oitavo ministro defecado do covil. Numa das gravações vazadas pela Polícia Federal, o peemedebista de Santa Catarina tenta proteger o dono de um frigorífico flagrado em mutretas. O áudio desmascara mais um ativo participante do “golpe dos corruptos” que depôs a presidenta Dilma e alçou ao poder uma quadrilha mafiosa.

Na conversa reveladora, o ainda deputado federal Osmar Serraglio se refere ao fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, que comandava a Superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná, como “grande chefe”, numa prova cabal de suas relações promíscuas com o agente público. De fato, as investigações da Polícia Federal concluíram que o sujeito era o chefão da “organização criminosa” que fraudava os laudos técnicos dos frigoríficos na região Sudeste, permitindo a venda de carnes podres e contaminadas. Segundo o noticiário, o atual ministro da Justiça fez de tudo para manter o “grande chefe” em cargos estratégicos na fiscalização de poderosas empresas do setor.

O insuspeito blogueiro Josias de Souza, incansável opositor dos governos Lula e Dilma, relata que Osmar Serraglio brigou para manter o “amigo” no cargo apesar das primeiras denúncias e da abertura de investigação contra o lobista. “Mesmo depois de folhear o processo, Serraglio não se deu por achado. Insistiu para que Kátia Abreu [ministra da Agricultura de Dilma Rousseff] mantivesse Daniel Gonçalves no comando da representação da Agricultura no Paraná. O processo administrativo tratava de um caso de furto na superintendência do ministério. Daniel livrara um subordinado da acusação de surrupiar combustível. O problema é que ele não tinha poderes para inocentar o colega. Para complicar, as evidências do desvio eram eloquentes”.

“De resto, o protegido de Serraglio respondia a vários outros processos administrativos. Àquela altura, Daniel Gonçalves já se encontrava também sob investigação da Polícia Federal. Mas o inquérito que desaguaria na Operação Carne Fraca corria em segredo. Sem saber, Kátia Abreu tomou distância de uma encrenca. Dois meses antes, em fevereiro de 2016, o ainda deputado Osmar Serraglio, também alheio à movimentação dos agentes federais, tocara o telefone para Daniel Gonçalves. Por mal dos pecados, aproximara-se da radiação. Sua voz soara no grampo que a Justiça autorizara a PF a instalar para ouvir as conversas vadias do então superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná. Agora, convertido em ministro por Michel Temer, ele encontra-se na constrangedora posição de superior hierárquico de uma PF que chama seu ex-protegido de corrupto”.

Diante destes fatos gravíssimos, confirmados até pelo blogueiro chapa-branca da Folha, ficam as perguntas: Osmar Serraglio continuará a exercer a função de ministro da Justiça, responsável pelas ações da própria Polícia Federal? Quais as razões da sua defesa apaixonada do chefão da “organização criminosa” que fraudava a fiscalização dos frigoríficos? Houve grana, legal e ilegal, para as campanhas eleitorais do atual ministro da Justiça? Michel Temer, então presidente nacional do PMDB e “vice-decorativo”, sabia da ajuda destas empresas para o PMDB? O juiz Sergio Moro, chefão da Lava-Jato, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vão tomar alguma providência? Ou o assunto também “não vem ao caso”?

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1 comentários:

Unknown disse...

Nós já temos ruins que chega .. esse deputado não é de Santa Catarina