domingo, 22 de janeiro de 2017

Cunha vai detonar o palanque de Bolsonaro?

Por Altamiro Borges

Na semana passada, o jornal Estadão noticiou que o lobista suíço Eduardo Cunha, que está preso desde outubro passado, já teria definido uma contagem regressiva para iniciar a negociação da sua delação premiada no bojo da midiática Operação Lava-Jato. Ele estaria insatisfeito com a possiblidade da prisão de sua esposa e com a “traição” dos seus comparsas no Congresso Nacional e no covil golpista de Michel Temer, que o abandonaram por completo. Ainda segundo o jornal, ele já teria “mandado recados” aos seus antigos aliados e deu um prazo até final de janeiro para abrir o bico. Um dos alvos da sua irritação é o PSC, legenda presidida pelo “pastor” Everaldo que pretende dar voos mais altos com o lançamento da candidatura presidencial do fascista Jair Bolsonaro.

O ex-presidente da Câmara Federal, que deu a largada ao golpe do impeachment de Dilma Rousseff, é um explosivo arquivo vivo. A recente operação da Polícia Federal que alvejou o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o “boca de jacaré”, teve como base justamente as informações obtidas em um celular apreendido na então residência oficial de Eduardo Cunha. O farto material arquivado no aparelho é apenas uma mostra do seu poder de fogo. Ele revelou mais um esquema de corrupção chefiado pelo correntista suíço – o da liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. À época, Geddel Vieira era o vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF, por indicação do então vice-presidente nada decorativo Michel Temer.

Segundo a Folha, em artigo assinado por Fábio Zanini, a ação contra o ex-ministro põe em pânico os seus ex-aliados. “A operação lembrou ao mundo político e empresarial do poder destrutivo de Cunha. Um único celular tem a capacidade de comprometer com um punhado de mensagens um ex-ministro e algumas das principais empresas do país. Imagine uma delação premiada”. A mesma Folha dá outra pista em uma notinha no Painel que deve ter desesperado o valentão Jair Bolsonaro: “Eduardo Cunha, pego em mensagens dizendo que o PSC o ‘perturbava’ por recursos, prepara o troco, ao que tudo indica. Antes de ser preso, Cunha pediu a auxiliares levantamentos das doações recebidas por certos aliados. A sigla era um dos principais alvos dessas tabelas”.

A revista Época confirma que o Ministério Público Federal já decidiu investigar as sinistras relações entre lobista e o PSC, com base nas informações coletadas pela Polícia Federal. “A PF identificou mensagem de telefone misteriosa entre o ex-presidente da Câmara e o ex-ministro Geddel Vieira Lima em agosto de 2012. ‘Caso da Dinâmica de Everaldo resolvido’. Segundo os investigadores, Everaldo é o Pastor Everaldo, presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC). Em setembro de 2012, Cunha e Geddel trocam outras mensagens sobre o PSC. Eles comentam que o PSC estava fazendo cobranças. O fato ocorreu há menos de um mês das eleições municipais. ‘Mas é melhor soltar algo...eu solto sexta para aliviar...tão apertados...’, afirmou Cunha numa das mensagens”.

O fascista Jair Bolsonaro, que se traveste de paladino da ética, corre o risco de perder o seu palanque eleitoral. Fiel aliado de Eduardo Cunha, ele agora precisará também se afastar do "pastor" Everaldo. O triste é que não dá para deletar tantas fotos risonhas ao lado destas figuras. A vida é cruel!

2 comentários:

Cícero disse...

Como bem diz o texto, Cunha é um explosivo arquivo vivo! E como profundo conhecedor do jogo político, ele sabe que, se bobear, poderá ter o mesmo fim que teve o Teori.

Deste modo, após a eventual delação, e uma vez posto em liberdade, terá de evitar viagens a Paraty, sobretudo em dias chuvosos. Vai que...

Anônimo disse...

Nada como uma infecção alimentar para estancar a sangria. O PSDB já tem experiência nisto. Aquele criminoso que sequestrou a filha do Silvio Santos e depois invadiu a sua residência (na época o Geraldo Alckmin negociou a rendição dele) morreu de infecção alimentar. Muito interessante!!Né?!