domingo, 28 de agosto de 2016

Temer suspende programa de alfabetização

Por Altamiro Borges

Mereceria até manchete, mas virou chamada na parte inferior da capa da Folha deste domingo (28): "Governo Temer suspende programa nacional de combate ao analfabetismo". A reportagem interna, assinada pela repórter Angela Pinho. até critica a maldade do golpista. "Com uma das piores taxas de analfabetismo da América do Sul e sem cumprir compromissos internacionais na área, o Brasil interrompeu o programa federal que ensina jovens e adultos a ler e escrever. Ao todo, 13 milhões no país não sabem decifrar nem um bilhete simples, o equivalente a 8,3% da população com 15 anos ou mais. Esse contingente era alvo do Brasil Alfabetizado, executado por Estados e municípios com verba do governo federal", enfatiza a jornalista na abertura do texto.

Ainda segundo a matéria, "o Ministério da Educação afirma que o programa está em execução, mas prefeituras e governos estaduais relatam um bloqueio no sistema da pasta que impede o cadastro de alunos - o que inviabiliza o início de novas turmas. A interrupção do programa foi confirmada pelo ministério a uma cidadã que o questionou sobre o tema por meio da Lei de Acesso à Informação. 'Até o momento não há previsão de reabertura do Sistema Brasil Alfabetizado para ativação das novas turmas', respondeu, em junho, a pasta chefiada pelo ministro Mendonça Filho (DEM)".

O chefão dos demos, deputado por Pernambuco, parece não estar preocupado com as consequências desta maldade para a população do Nordeste - que concentra 54% dos analfabetos do país. "Sete dos nove Estados da região relataram expressiva queda de atendimento desde o bloqueio do programa e, nos piores casos, o fim dos cursos de alfabetização. 'Começamos a inserir os nomes dos alunos em maio, mas, no início de junho, o MEC avisou que o sistema tinha sido fechado', diz Tereza Neuma, diretora de políticas de Educação de Alagoas. 'As aulas começariam em setembro, mas suspendemos o processo após o bloqueio, em junho", afirma Janyze Feitosa, gestora do programa em Pernambuco".

O programa Brasil Alfabetizado foi criado em 2003, no início da primeira gestão do presidente Lula e é elogiado, até em fóruns internacionais, por sua dimensão e capilaridade. Um estudo recente aponta uma taxa de alfabetização de 47% a 56% dos alunos. A matéria da Folha, até por sua obsessão contra as gestões petistas, optou por destacar as suas debilidades. Mesmo assim, ela não deixou de apontar o crime cometido pelo "interino" Michel Temer ao suspender o Brasil Alfabetizado. Já Fernando Brito, do blog Tijolaço, foi mais incisivo e irônico ao condenar o desmonte do programa. Vale conferir:

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Homenagem a Cristovam: Temer suspende programa Brasil Alfabetizado

Assisti, com imensa tristeza, o papel desprezível de Cristovam Buarque, ontem, na inquirição das testemunhas no Senado.

Sinceramente, teria preferido se o senador tivesse, simplesmente, se escafedido até a hora de consumar seu gesto mesquinho de votar pela quebra da legalidade democrática apenas por seus rancores em relação ao PT, ao qual ele pertenceu e eu não.

Mas Cristovam não é apenas um covarde.

É alguém que quer glorificar sua pequenez.

Conseguiu.

In dubio pro societas, na dúvida favoreça-se a sociedade, disse ele na afetação intelectual com que a sordidez maquia-se.

A Folha de hoje grava sua testa a marca da traição ao que dizia ser.

A suspensão do Programa Brasil Alfabetizado, decretada por Michel Temer e executada pelo ministro que ocupa a pasta da Educação - não é possível chamar Mendonça Filho de ministro da Educação, perdoem - é o estigma de Caim, a merecida homenagem ao sub-Alexandre Frota que Buarque se tornou.

Já minguante por conta dos cortes orçamentários que tomaram, no cérebro do senador, o papel de prioridade que ele dizia dar à Educação, foi totalmente interrompido, diz o jornal:

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“Começamos a inserir os nomes dos alunos em maio, mas, no início de junho, o MEC avisou que o sistema tinha sido fechado”, diz Tereza Neuma, diretora de políticas de Educação de Alagoas.
“As aulas começariam em setembro, mas suspendemos o processo após o bloqueio, em junho”, afirma Janyze Feitosa, gestora local do programa em Pernambuco.
“Em 2016, devido à suspensão do Programa Brasil Alfabetizado pelo MEC, as atividades letivas ainda não tiveram inicio”, disse a secretaria de Educação do Ceará.
Os governos de Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia também relataram redução e descontinuidades dessa ação.

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Chega a doer ouvir o seu sotaque nordestino justificar, em latim, a sua opção por Temer.

Não há no mundo nenhuma língua, viva ou morta, capaz de traduzir o seu papel com uma palavra melhor do que traidor.

Traidor da Educação, dos analfabetos, dos nordestinos, da democracia, do Brasil.

Seria melhor se fosse apenas um covarde.

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