sábado, 16 de julho de 2016

Inflação não dá folga ao neoliberal Macri

Por Max Altman, no site Opera Mundi:

Ah, a inflação. Os populistas não se preocupam com a inflação. Gastam mais, muito mais do que arrecadam. Como decorrência, uma das sequelas é a inflação que pune exatamente os que vivem de salário. Já os neoliberais cuidam muito desse aspecto. Têm responsabilidade fiscal e não admitem explosões inflacionárias.

Isto posto vamos à realidade argentina do governo conservador de direita de Maurício Macri. Apesar da recessão e da queda de vendas, os aumentos se mantêm firmes. Dentro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o novo cálculo da “inflação núcleo”, que exclui os serviços públicos e outros itens, se acelerou no mês passado. Escalou 3 por cento, contra 2,7 de maio.

O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) informou que os preços aumentaram 0,3 pontos percentuais em junho em relação ao mês anterior. Os dados difundidos continuam sem dar conta do incremento acumulado no primeiro semestre, tampouco a variação interanual. Os índices de preços ao consumidor publicados por órgãos provinciais, sindicatos e consultorias privadas exibem aumentos da ordem de 25 por cento entre janeiro e junho, alcançando só no primeiro semestre a meta autoimposta pelo ministro da Fazenda e Finanças, Alfonso Prat-Gay, para o ano todo.

Os distintos porta-vozes do governo e os economistas das consultorias privadas preveem uma desaceleração inflacionária no segundo semestre, que, no entanto, terá entre seus principais fatores a queda do poder aquisitivo e a contração das vendas. Os sinais de diminuição da alta dos preços ainda não aparecem. Pelo contrário, o “IPC-Núcleo” registrou em junho 3 por cento, mais que os 2,7 por cento registrado em maio. Esse novo indicador do Indec exclui os preços da energia e os alimentos por sua elevada volatilidade de curto prazo para tentar mostrar uma tendência sobre como evolui a inflação. É um truque elaborado pelo Indec que recriou o conceito de “inflación núcleo” para tentar mostrar uma tendência descendente no custo de vida.

Para sua “core inflation”, como se denomina em inglês, o Indec deixa de fora a eletricidade, a água, o gás, os serviços de saúde, a educação, o transporte, os cigarros, as frutas, as verduras e as viagens, entre outros itens em que se observou uma marcante aceleração de preços ao longo deste ano.

O informe do Indec mostrou aumentos significativos em itens centrais do orçamento familiar durante junho: 11,1 por cento em verduras, que já haviam galgado 20,1 por cento no mês anterior, e 10,9 por cento em azeites, ao lado de fortes aumentos também nos itens Vivenda e Serviços Básicos e Atenção médica, de 7,1 e 7,0 por cento, respectivamente. Também tiveram altas acima da média os preços dos medicamentos (5,1) e dos produtos panificados (3,8), o mesmo ocorrendo com o item Alimentos e Bebidas, com uma alta de 3,2 por cento, dentro do qual a carne registrou altas entre 0,4 e 4,8 por cento, segundo os cortes. Em Frutas e Verduras, a batata subiu 17,2 por cento; o tomate, 13,0; a cebola, 11,5 e a abóbora, 9,9, enquanto a banana subiu 9,5. O item Educação aumentou 2,2 por cento.

Todos os valores resultam da medição na área metropolitana de Buenos Aires, já que outra das novidades do novo IPC é que o Indec abandonou a tomada de preços no restante do território nacional, o que sinaliza que está tentando esconder que o ritmo da inflação nessas áreas é ainda mais rápido.. Os bens que representam 61,5 por cento da cesta, mostraram uma variação de de 2,2 por cento em junho, enquanto os serviços, que explicam os restantes 38,5 por cento, tiveram uma variação de 4,5 por cento com relação a maio.

Diante dos fatos, Alfonso Prat Gay, reavaliou a meta inflacionária que ele mesmo previu para 2016 de até 25 por cento: “Se não der entre dezembro e dezembro, a alcançaremos entre março e março”.

E eles acham que o povo argentino não está sentindo na própria pele, acompanhando a situação e cotejando as promessas eleitorais.

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