sexta-feira, 15 de abril de 2016

O poder econômico no jogo do impeachment

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Por oito votos a três, o STF decidiu no ano passado que as doações de empresas às campanhas eleitorais são inconstitucionais. Representam, disseram alguns dos oito que votaram na tese da OAB, uma indevida interferência do poder econômico no funcionamento da democracia. E o que dizer então da poderosa campanha do empresariado organizado a favor da derrubada da presidente Dilma Rousseff através de um processo golpista travestido de impeachment?

Não será também isso uma indevida interferência no processo democrático, mesmo tomando-se como legal e ordinário o processo em curso na Câmara? Não será isso também uma forma ilegítima, para não dizer indecente, de interferir numa eleição indireta, tendo como eleitores os representantes do povo? Pois na verdade, o que vamos ter no domingo é uma eleição indireta, a escolha entre a continuidade do governo Dilma e a entronização do governo Temer.

A Fiesp perdeu qualquer pudor de se apresentar como suporte financeiro do movimento pro-impedimento, primeiro o da direita que foi para a rua, financiamento ativistas, distribuindo quentinhas e bonecos infláveis, montando seu pato amarelo, pagando anúncios milionários nos jornais. E agora, atuando diretamente no Congresso, pressionando deputados a favor pelo impeachment.

E por que razão os deputados que, teoricamente, não poderão mais receber doações empresariais, devem atender a apelos de empresários e suas corporações. Só há uma explicação. Porque continuam contando com o dinheiro deles para se eleger.

Depois da Fiesp, engajaram-se no impeachment a Firjan, cujo prédio na rua Graça Aranha está todo envelopado de verde-amarelo, a CNT e a CNI. O Brasil já viu este filme em 1964. Depois de financiarem as campanhas de desestabilização do governo João Goulart, eles apoiaram a ditadura que lhes abriu as arcas do Estado. Ajudaram a financiar o aparelho repressivo, ajudaram a montar a OBAN, onde tantos foram torturados e mortos.

O STF, em sintonia com a decisão do ano passado, o que pensa disso?

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