quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A gritaria contra o Brasil

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                              

Reacionários de todos os matizes estão em pé de guerra diante da edição da Medida Provisória nº 703, que facilita os acordos de leniência ? Dos pseudos-paladinos da moralidade do MP a colunistas do PIG, de parlamentares da oposição a ministros do TCU, órgão que só é levado a sério quando age contra o governo Dilma, a turma que aposta na terra arrasada mostra as garras.

Só para lembrar, os acordos de leniência são mecanismos usados em todo o mundo civilizado para punir os corruptos, mas preservar as empresas e, consequentemente, manter empregos e fazer girar a roda da economia. Os que buscam a desinformação para obter dividendos políticos omitem um aspecto crucial relacionado a esses acordos.

É que deles só podem se beneficiar, participando de licitações públicas, as empresas que ressarcirem os cofres do governo pelos danos provocados pelos esquemas de corrupção. Isso afasta o argumento falacioso segundo o qual as corporações estariam sendo anistiadas pelo governo.

O jornalista Elio Gaspari chegou a acusar Dilma de ter se rendido aos oligarcas das empreiteiras. Depois de tantos anos trabalhando para a família Marinho, a oligarquia-mor da comunicação brasileira, não surpreende o fato de Gaspari não se sensibilizar com os efeitos devastadores da Lava Jato sobre a economia: perda de 2 milhões de empregos, queda de 42 bilhões da massa salarial e dois pontos a menos no PIB.

Esses números constam de um elogiado artigo de autoria do economista Gesner Oliveira e de seus sócios na consultoria GO Associados publicado no jornal Valor Econômico desta quarta-feira, 7 de janeiro.

Gesner defende que o país precisa de um salto de governança que só será alcançado com uma mudança radical na sociedade. "E os acordos de leniência certamente são um poderoso instrumento para isso", afirma o ex-presidente do Cade. Ele cita o episódio envolvendo a Siemens, tido como maior caso de corrupção do mundo corporativo, o que não impediu que se firmasse um acordo de leniência.

Não é justo que trabalhadores e seus familiares paguem pelos crimes praticados por donos e executivos de empreiteiras. Tampouco a economia pode ser tragada pela sanha punitiva dos que não se importam que o país vá à bancarrota em nome de seus interesses políticos. Claro que os corruptos devem ser punidos na forma da lei, mas as empresas não podem ser levadas de roldão.

Considerá-las inidôneas significa alijá-las das obras públicas. Daí para a falência é um pulo, a exemplo do que ocorreu com a Delta Engenharia, empreiteira fluminense. As empresas cujos donos e executivos são acusados de corrupção na Lava Jato concentram parte considerável da memória da engenharia nacional. Liquidá-las seria um desserviço ao Brasil e ao povo brasileiro.

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