quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Aécio Neves nega propina... e bafômetro

Por Altamiro Borges

O cambaleante Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, ficou colérico com a reportagem da Folha desta quarta-feira (30) que aponta que ele teria garfado R$ 300 mil em propina de um diretor da UTC, uma das empreiteiras envolvidas nas denúncias de corrupção na Petrobras pela Operação Lava-Jato. O tucano sequer agradeceu à famiglia Frias, que evitou dar manchete à suspeita e dedicou somente uma nota de rodapé na capa do jornal - o que já indica que o caso logo será abafado. Em sua página no Facebook, o falso moralista, que vive rosnando contra a "organização criminosa do PT", condena "essa absurda e irresponsável citação do nome do senador, sem nenhum tipo de comprovação".

Aécio Neves também jura que "trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações, como ocorreu no caso do senador Antonio Anastasia... Em respeito ao país e ao importante trabalho desenvolvido pela Operação Lava Jato, é importante que sejam investigadas as verdadeiras motivações daqueles que misturam denúncias verdadeiras com afirmações nitidamente falsas, sem nenhum tipo de comprovação, desmentidas até mesmo pelas próprias pessoas citadas pelo denunciante, com o claro intuito de tumultuar as investigações". Desesperado, Aécio Neves ainda apela: "Amigos, nos ajudem a divulgar a verdade. Compartilhem". De fato, o senador mineiro-carioca é um santo!

Confira abaixo a reportagem do jornalista Rubens Valente - autor do imperdível livro "Operação banqueiro" sobre as tramóias do agiota Daniel Dantas - que deu a maior ressaca em Aécio Neves:

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Delator afirma que diretor da UTC levou R$ 300 mil a Aécio

Em delação premiada homologada pelo STF, Carlos Alexandre de Souza Rocha, entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, afirmou que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Rocha, conhecido como Ceará, diz que conheceu Youssef em 2000 e, a partir de 2008, passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$ 300 mil a vários políticos.

Ele disse que fez em 2013 “umas quatro entregas de dinheiro” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio.

Também em depoimento, o diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana, confirmou que o diretor comercial da empreiteira no Rio chamava-se Antonio Carlos D’Agosto Miranda e que “guardava e entregava valores em dinheiro a pedido” dele ou de Ricardo Pessoa, dono da UTC.

Nem Pessoa, também delator na Lava Jato, nem Santana mencionaram repasses a Aécio em seus depoimentos. A assessoria do senador chamou a citação de Rocha de “absurda” (leia abaixo).

Em uma das entregas, que teria ocorrido entre setembro e outubro daquele ano, Rocha disse que Miranda “estava bastante ansioso” pelos R$ 300 mil. Rocha afirmou ter estranhado a ansiedade de Miranda e indagou o motivo.

O diretor teria reclamado que “não aguentava mais a pessoa” lhe “cobrando tanto”. Rocha disse que perguntou quem seria, e Miranda teria respondido “Aécio Neves”, sempre segundo o depoimento do delator.

“E o Aécio Neves não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, […] todo mundo”.

O comitê da campanha presidencial do tucano em 2014 recebeu R$ 4,5 milhões da UTC em doações declaradas à Justiça. A campanha de Dilma recebeu R$ 7,5 milhões.

Rocha disse ter manifestado estranheza sobre o local da entrega ser o Rio de Janeiro, já que Aécio “mora em Minas”. Miranda teria respondido que o político “tem um apartamento” e “vive muito no Rio de Janeiro”.

O delator disse que não presenciou a entrega do dinheiro ao senador e que ficou “surpreso” com a citação.

Rocha prestou o depoimento em 1º de julho. Em 4 de agosto, foi a vez de Santana também dar declarações.

Embora tenha dito que Miranda não tinha “nenhuma participação no levantamento do dinheiro para formar o caixa dois” da construtora UTC, Santana observou que “pode ter acontecido algum episódio em que o declarante ou Pessoa informaram a Miranda quem seriam os destinatários finais da entrega”.

OUTRO LADO

A assessoria de Aécio Neves disse que considera “absurda e irresponsável” a citação a seu nome, “sem nenhum tipo de comprovação”.

“Trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações”. A assessoria cita o fato de que Ricardo Pessoa, dono da UTC, não incluiu Aécio na lista de quem recebeu recursos da empresa no esquema da Petrobras.

“A falsidade da acusação pode ser constatada também pela total ausência de lógica: o senador não exerce influência nas empresas do governo federal com as quais a empresa atuava e não era sequer candidato à época mencionada. O senador não conhece a pessoa mencionada e de todas as eleições de que participou, a única campanha que recebeu doação eleitoral da UTC foi a de 2014, através do Comitê Financeiro do PSDB”, diz a nota.

Procurada, a UTC disse que “a acusação não tem fundamento”.


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Será que agora o juiz Sergio Moro, responsável pela midiática Operação Lava-Jato, vai convocar para depor o presidente do PSDB? E o tal do "Ceará" será assediado pelos "jornalistas investigativos" da mídia tucana? A suspeita será motivo de comentários hidrófobos dos "calunistas" da TV Globo? Os fascistas mirins, que estão meio deprimidos com o declínio das suas marchas golpistas, deflagrarão uma campanha pelo "Fora Aécio"? Tantas perguntas com apenas uma resposta: Não! Já com relação ao cambaleante Aécio Neves, ele fará o óbvio. Negar as acusações e jurar que é inocente. 

Ele já fez isto, na maior caradura, quando eclodiu o escândalo do aeroporto construído com recursos públicos na fazenda do seu tio-avô em Cláudio, em Minas Gerais. Ele também negou que sua irmã, a poderosa Andrea Neves, privilegiasse com publicidade oficial as rádios da sua famiglia. Até hoje, ele jura que não conhece a Lista de Furnas. Aécio Neves é viciado nestas encenações. Em abril de 2011, ele foi barrado por uma blitz no Leblon (RJ) e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele também negou que estivesse embriagado, mas sua carteira de habilitação foi apreendida pela polícia. O caso, porém, sumiu do noticiário. Ele conta com esta cumplicidade midiática para abafar qualquer denúncia envolvendo seu nome. Afinal, a corrupção planetária é invenção do PT e os tucanos são santos!

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