sábado, 10 de outubro de 2015

Greve dos bancários e as tarifas abusivas

Por Altamiro Borges

Deflagrada na última terça-feira (6), a greve nacional dos bancários cresce a cada dia que passa. De acordo com os sindicatos da categoria, ela já tem a maior adesão dos últimos dez anos. No caso da capital paulista, a paralisação atingiu 52 mil trabalhadores nesta sexta-feira - com o fechamento de 23 centros administrativos e 667 agências bancárias. "A semana termina com os bancários fazendo uma das greves mais fortes dos últimos anos. A categoria está indignada com a proposta feita pelos bancos, mesmo com lucro liquido de 36 bilhões de reais no semestre. O silêncio dos banqueiros fez a greve crescer”, explica Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

No conjunto do país, segundo balanço divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf), a paralisação também supera as expectativas. No seu terceiro dia, quinta-feira (8), a greve nacional fechou 10,4 mil agências e centros administrativos de bancos públicos e privados de todo o país - índice 18% maior do que no dia anterior. Segundo os dados do Banco Central, há no país 23,1 mil agências e cerca de 500 mil funcionários no Brasil. Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Salvador, Augusto Vasconcelos, o movimento tende a crescer ainda mais na próxima semana. "A insensibilidade dos banqueiros fez os trabalhadores cruzarem os braços". 

Apesar do êxito da mobilização, a mídia chapa-branca - associada à oligarquia financeira e sustentada pelos seus bilionários anúncios publicitários - segue tentando inviabilizar a luta dos bancários. Parece até que a greve nacional não existe. O tema só ganha algum destaque quando os grevistas realizam os seus protestos de rua - "passeata congestiona o trânsito e prejudica a população", rosna a mídia venal e inimiga histórica da luta dos trabalhadores. A imprensa também evita destacar os altos lucros dos bancos - obtidos com taxas de juros escorchantes, tarifas abusivas e outras práticas criminosas. 

Segundo os balanços financeiros publicados recentemente, o lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 36,3 bilhões, com crescimento de 27,4% em relação ao mesmo período de 2014. Os principais itens do balanço comprovam o sólido desempenho dos bancos, que adoram fazer terrorismo político sobre a situação econômica do país. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 11,4%, atingindo o valor de R$ 55 bilhões.

Estudo recente da ONG Proteste, de defesa do consumidor, confirma que os bancos são os maiores larápios da economia nacional. Para elevar suas receitas, eles vêm elevando as tarifas cobradas dos seus correntistas em percentuais bem acima da inflação. Os dados mostram que o reajuste das cestas de serviços de janeiro de 2013 a agosto deste ano chegou a até 169%, quase oito vezes maior do que a variação do IPCA no mesmo período, de 19,63%. O Banco Central determina que o setor ofereça um pacote mínimo de serviços gratuitos para todos os clientes, mas os bancos não respeitam esta norma. No primeiro semestre deste ano, a renda de tarifas bancárias do Bradesco cresceu 14,3%, a do Itaú, 11,1%, e a do BB, 9,1%.

Os altos lucros, porém, não inibem a ganância dos banqueiros. Nas negociações coletivas deste ano, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) utilizou a desculpa furado da crise econômica para tentar humilhar os bancários. A pauta de reivindicação da categoria foi entregue em 11 de agosto e, após cinco rodadas de conversação, os bancos ofereceram apenas 5,5% de reajuste salarial. Os bancários reivindicam 16% de reajuste (5,6% de aumento real) e prometem uma prolongada e heroica greve.  

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