quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Janot aprovado e Aécio irritado

Por Altamiro Borges

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (26) a mensagem presidencial que recomendou a permanência do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por mais dois anos no cargo. A sabatina durou mais de dez horas e terminou com o folgado placar de 26 votos favoráveis e um contrário. Logo na sequência, o plenário do Senado confirmou, por 59 votos a favor, 12 contra e uma abstenção, a recondução de Rodrigo Janot. No meio dos acalorados debates, uma cena quase passou desapercebida pela mídia tucana. O cambaleante Aécio Neves ficou histérico quando o procurador-geral foi criticado por não incluir o seu nome na midiática Operação Lava-Jato.

Segundo o Congresso em Foco, a sabatina foi marcada pelo confronto entre Fernando Collor (PTB) e o procurador-geral, que o denunciou pelo envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. "Em sua inquirição, o senador acusou Janot de omitir em seu currículo o fato de ter advogado quando era subprocurador da República, de contratar sem licitação uma empresa de comunicação na PGR e de ter alugado indevidamente, como estrutura à disposição da PGR, uma casa de 1'.226 metros em área nobre de Brasília. Os ataques foram adiante. Collor afirmou ainda que Janot abrigou em sua casa, em Angra dos Reis (RJ), em 1995, um irmão contraventor procurado pela Interpol". Apesar do bate-boca, o senador foi o único voto contrário a recondução de Rodrigo Janot na CCJ.

Este confronto, porém, acabou ofuscando outra cena hilária. O Jornal do Brasil, que tem adotado uma linha editorial mais crítica e independente, registrou o episódio:

Durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, nesta quarta-feira, o senador José Pimentel (PT-CE) questionou o procurador-geral Rodrigo Janot sobre o financiamento empresarial das campanhas eleitorais, perguntando também sobre o andamento do chamado 'mensalão do PSDB'. Ele destacou também o fato de as doações eleitorais da construtora UTC, do empresário Ricardo Pessoa, delator na Lava Jato, serem consideradas criminosas apenas quando feitas à campanha da presidente Dilma, do PT, sendo que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que concorreu à presidência no ano passado, também recebeu doações da empreiteira investigada. "É possível uma empresa ter conta suja para financiar um determinado candidato e conta limpa sobre outro candidato?", indagou.

"Antes de Janot responder, Aécio Neves interrompeu o andamento da sabatina para protestar pelo fato de ter sido citado nominalmente pelo colega José Pimentel. 'Eu confio na Justiça', disse Aécio, afirmando que, em todas as campanhas de que participou, sempre recebeu doações de maneira legal. Em sua resposta, Janot afirmou que o Ministério Público Federal tem posição contrária ao financiamento empresarial de campanhas, mas, na questão política, a decisão sobre o tema cabe ao parlamento. O procurador-geral da República acrescentou ainda que não sabe informar sobre os processos referentes ao chamado 'mensalão mineiro', porque não são da sua alçada.

A palavra voltou a Pimentel, que criticou o financiamento empresarial das campanhas, destacando que esta é a origem de grandes escândalos recentes, destacando o mensalão tucano, o mensalão do PT e a Lava Jato. "Chegou a hora de tirar o financiamento de campanha deste setor. Esta é a razão principal de não podermos ter dois pesos e duas medidas. Para um processo, há celeridade. O outro recebe o prêmio da prescrição, como o mensalão do PSDB, de 1998. Para boa parte dos suspeitos o crime está lamentavelmente prescrito. Em seguida, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também criticou a "falta de equilíbrio" nas investigações da Operação Lava Jato e questionou Janot se ele é favorável ao financiamento privado de campanhas, lembrando que o julgamento está parado no STF.

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