segunda-feira, 27 de julho de 2015

O encontro da poesia com a política

Por André Vieira, no jornal Brasil de Fato:

Quando um grupo de pessoas se reúne para declamar poesias, cantar músicas, apresentar uma peça de teatro, conversar, tudo em um mesmo espaço, esse encontro é conhecido como sarau. Com mais de dois anos de existência, o Sarau Divergente é um desses exemplos. Realizado na 2ª quinta-feira de cada mês em frente à Ocupação Manuel Congo, no centro do Rio, a atividade abre espaço para diferentes formas de arte.

Além de receber grupos do estado do Rio, constantemente o sarau é visitado por coletivos e artistas de outros lugares do país. “Nosso objetivo é comunicar e provocar pessoas como a gente, os trabalhadores. Queremos facilitar o acesso a determinados debates que nos interessam diretamente”, comenta o funkeiro Mano Teko, um dos organizadores do evento.

Na hora de montar a estrutura, são muitas mãos que constroem a atividade. A energia vem da Ocupação Manuel Congo, as mesas e cadeiras são emprestadas por um dono de bar da redondeza e a programação fica por conta de poetas, músicos e outros artistas que fazem o sarau acontecer.

No entanto, nem tudo são flores. Mano Teko denuncia que recentemente uma viatura da Polícia Militar tentou interromper uma das apresentações, alegando que o som estava muito alto. “Nós estávamos recitando poesias e não havia nenhum som em excesso”, lembra. Para ele, “o maior incentivo que o Estado deve dar é permitir que a arte se expresse livremente”.

Nova Iguaçu

A falta de políticas públicas voltadas para a cultura da Baixada Fluminense é um grande problema para os artistas de lá. Mas está enganado quem pensa que por isso a arte não ganha as praças e não dialoga com a população. Em Nova Iguaçu, município com mais de 800 mil habitantes, o Sarau Buraco do Getúlio vem fazendo história ao longo de seus nove anos de existência. “É uma ação mensal que abre espaço para a poesia, a música, a arte circense, mas que tem como premissa o cineclube”, explica o professor Diego Bion, integrante do movimento.

Bion destaca que a cidade possui apenas três cinemas, localizados em shoppings, que não abrem espaço para a veiculação dos filmes produzidos na região. Daí a importância do sarau, que, além de mostrar a produção audiovisual local, exibe outras expressões artísticas. “A ausência de políticas culturais é um dos fatores que atrapalham o surgimento de artistas e espaços que contribuam para desenvolvimento humano. Precisamos ver a arte como essencial”, conclui.

De Nova Iguaçu vem ainda outro exemplo. O Sarau V, com dois anos de vida, começará a partir de agosto a percorrer diferentes praças da cidade, como a praça do Skate, praça da Liberdade e praça Rui Barbosa. “Estamos conseguindo levar o debate de valorização da cultura da Baixada, dos artistas locais, da nossa cidade, mesmo com as dificuldades. O sarau também debate a questão do direito à cidade, de tomar a cidade para si e se afirmar como Baixada Fluminense”, afirma Janaina Tavares, idealizadora da ação cultural. (AV)

Programe-se

Todos os saraus são gratuitos

Sarau Divergente

Quando? 2ª quinta-feira do mês

Onde? Em frente à Ocupação Manuel Congo (Rua Alcindo Guanabara - Centro do Rio)

Outras informações: facebook.com/SarauDivergente

Sarau Buraco do Getúlio

Quando? 2º sábado do mês

Onde? Praça dos Direitos Humanos (Centro - Nova Iguaçu)

Outras informações: facebook.com/BuracodoGetulio

Sarau V

Quando? 3ª sexta-feira do mês

Onde? A partir da próxima edição, o sarau passará por diferentes locais em Nova Iguaçu

Outras informações: facebook.com/VSarau

1 comentários:

Anônimo disse...

São os meus queridos, poetas guerreiros <3 quem quiser conhecer tb os saraus da Lapa, tem o Escritório que é mágico! e tem o Ratos DI Versos espécie de UFC da poesia - venham de boca aberta! ;)