quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mantega processa agressores fascistas

Por Altamiro Borges

O ex-ministro Guido Mantega, um dos responsáveis pelas menores taxas de desemprego da história do Brasil, já foi alvo de três provocações fascistas em São Paulo. A primeira ocorreu em fevereiro, no Hospital Albert Einstein, quando levava a sua companheira para uma sessão de tratamento de câncer. Educado, ele se retirou do local para evitar maiores transtornos e ainda aliviou a barra da direção da instituição privada, presidida por um notório sionista. A segunda se deu num restaurante, quando um empresário falido, ligado à seita direitista “Revoltados Online”, rosnou algumas grosserias e também foi poupado. Já em maio, dois representantes da elite recalcada voltaram a provocá-lo num restaurante italiano. Desta vez, porém, eles não deverão ficar impunes.

Nesta terça-feira (14), o advogado de Guido Mantega, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) José Roberto Batochio, deu entrada no Foro Central de São Paulo com uma ação de difamação e injúria contra os empresários José João Armada Locoselli e Marcelo Maktas Melsohn. Após uma rápida investigação, os dois fascistóides – que costumam frequentar as colunas sociais da decadente elite paulistana – foram identificados e agora deverão responder por seus atos. “Os boquirrotos e detratores precisam e devem receber, de fato, uma pedagogia adequada”, explica José Roberto Batochio. Como afirma o jornalista Paulo Nogueira, do imperdível blog Diário do Centro do Mundo, o ex-ministro merece aplausos de pé por processar os agressores:

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Mantega merece aplausos de pé por haver identificado e processado seus agressores

Outro dia escrevi que Dilma tinha que processar imediatamente Lobão por insultá-la num show.

Cantar Dilma Bandida, como ele fez, é um crime de injúria e difamação – a não ser que ele tenha provas.

Só assim, com os agredidos respondendo energicamente às manifestações de barbárie, a civilização pode triunfar no Brasil.

É dentro desse quadro que merece aplausos, e de pé, o ex-ministro Mantega.

Ele não deixou impunes os fanáticos que o atacaram num restaurante de São Paulo.

Conseguiu identificá-los e os está processando.

Dar os nomes é um primeiro passo. Há uma expressão em inglês para isso: name and shame. Nomeie e constranja.

Quando as pessoas sabem que os outros saberão o que elas fizerem, pensam duas, três vezes antes de cometer desatinos.

No caso de Mantega, os desequilibrados se chamam José João Armada Locoselli e Marcelo Maktas Melsohn.

São empresários. Nem todo mundo gosta de fazer negócios com pessoas sem nenhum tipo de controle, como os dois demonstraram.

No círculo de amizade dos dois, haverá amigos que, mesmo sendo contra o PT, discordem da violência que eles perpetraram publicamente.

Não sei também se os filhos ficarão felizes ao ver os pais nesta situação. Amigos dos filhos podem também reprovar o gesto tresloucado: nem todo mundo é desvairadamente direitista como Locaselli e Melsonh.

E, na era do Google, a mancha é eterna. A maldição é para sempre.

Desde agora, você digita o nome deles no Google e imediatamente sua lastimável, criminosa conduta aparece copiosamente em sucessivos links.

Mantega, ao agir, disse acreditar estar de alguma forma contribuindo para evitar a disseminação de atos fascistas.

É verdade.

O fascismo floresce na intolerância, na incapacidade de conviver com pensamentos diversos, no ódio – e na impunidade, no imobilismo, na falta de resposta energicamente civilizada à truculência e à brutalidade.

O homem que hoje se ergue num restaurante para insultar alguém que sequer conhece pode, amanhã, sacar um revólver e descarregá-lo no objeto de sua ira cega.

É um erro monumental achar que não se deve dar publicidade a casos como o de que foi vítima Mantega.

Quando defendi um processo instantâneo de Dilma contra Lobão, algumas pessoas disseram que era melhor não fazer nada porque Lobão poderia se beneficiar do barulho.

Bobagem.

Não faça nada, e o fascismo triunfa por ausência de resistência.

Num excelente artigo guindado hoje à manchete do DCM, Veríssimo perguntou quando a sociedade diria “epa” para reagir às coisas sinistras que estão acontecendo.

Veríssimo citou o golpismo de pessoas que você jamais imaginaria serem capazes de tal baixeza e as agressões a autoridades ou ex-autoridades do governo.

Sem o “epa” as coisas podem tomar um rumo catastrófico, e Veríssimo se referiu, apropriadamente, à Alemanha nazista.

Pois foi exatamente isso que Mantega fez.

Ele disse “epa”.

Só nos resta, a nós todos, agradecer seu alerta.


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