segunda-feira, 6 de julho de 2015

Maioria rejeita doação empresarial

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Por Altamiro Borges

As pesquisas de opinião pública, realizadas por lucrativos institutos privados, não são neutras. Elas servem a interesses políticos e econômicos. Antes da votação da redução da maioridade penal, várias sondagens foram publicadas reforçando a ideia de que a maioria da sociedade é a favor desta medida. Este foi um dos argumentos usados por Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, para dar a sua segunda "pedalada regimental" e para garantir sua aprovação. Já nesta segunda-feira (6), o Datafolha divulgou uma pesquisa que comprova que a maioria dos brasileiros é contra as doações empresariais para as campanhas eleitorais. Por que ela não foi feita antes da primeira "pedalada" do lobista do Congresso, que garantiu a manutenção deste expediente que corrompe a democracia brasileira?

Segundo a pesquisa, 74% dos entrevistados são contrários ao financiamento empresarial de partidos e políticos. Apenas 16% são favoráveis a esses repasses, enquanto 10% não opinaram. O Datafolha ouviu 2.125 entrevistados, entre os dias 9 e 13 de junho, em 135 municípios de todas as regiões do país. "Entre os pesquisados, 79% avaliou que a corrupção é estimulada por doações de empresários para o financiamento de campanhas – sendo que 12% não apontam relação, 3% acreditam que ele combate a corrupção e 6% não tem opinião formada a respeito", relata a reportagem da Folha.

A sondagem foi encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que é contra as doações privadas e já ingressou com processo no Supremo Tribunal Federal (STF) pela rejeição da "pedalada" de Eduardo Cunha. Para o presidente da entidade, Marcus Vinicius Furtado Coelho, a pesquisa revela que os brasileiros desejam o fim do financiamento privado. "As suspeitas sobre a origem do dinheiro que abasteceu campanhas, conforme as delações premiadas da Lava Jato, reforçam a necessidade de mudanças no sistema eleitoral brasileiro. O atual sistema contém brechas que permitem a eventual 'legalização' de recursos ilícitos através de doações formais a campanhas eleitorais".

"O mais adequado para limpar o Brasil, além da devida punição de eventuais culpados, respeitada a Constituição e o amplo direito de defesa, é acabar com o investimento empresarial em eleições e tornar crime a utilização do dinheiro não contabilizado, o chamado caixa dois", conclui o dirigente da OAB. A entidade é autora de uma ação no STF que pede a inconstitucionalidade de doações privadas para abastecer campanhas. Mas o julgamento da ação foi suspenso há mais de um ano pelo ministro Gilmar Mendes. Caso a pesquisa tivesse sido realizada antes, a manobra do lobista Eduardo Cunha seria mais difícil e as protelações de Gilmar Mendes seriam desmascaradas. 

Mas, como já foi dito, não há pesquisas neutras!

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