sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Geração de empregos e o ajuste fiscal

Por Altamiro Borges

No final de janeiro, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego em 2014 foi de 4,8% – abaixo dos 5,4% registrados no ano anterior e o menor índice desde 2002. Só isto já seria motivo para o PT – que celebra os seus 35 anos nesta sexta-feira (6) – festejar os avanços conquistados pelos governos Lula e Dilma. A mídia oposicionista, com o seu complexo de vira-lata contra o Brasil, escondeu a notícia. Ela não foi destaque no Jornal Nacional da TV Globo. Já a Folha registrou o fato pelo lado negativo: “Geração de empregos em 2014 foi a pior dos anos PT”. Pura canalhice! A queda do desemprego e a elevação da renda não são motivos de festança na mídia patronal. Ela prefere pressionar o governo, numa agressiva campanha terrorista, para que ele ceda ao “deus-mercado” e promova um drástico ajuste fiscal – o mesmo que levou à Europa a maior regressão social da sua história.

A menor taxa de desemprego da história do país – que alguns economistas exageram ao afirmar tratar-se de “pleno emprego” – decorre das políticas econômicas heterodoxas adotadas pelos governos Lula e Dilma. A valorização do salário mínimo, a injeção de recursos públicos nos programas sociais e o incentivo ao crédito popular, entre outras medidas anticíclicas, dinamizaram o mercado interno de consumo. Como efeito, elas impulsionaram a geração de emprego e renda. Elas evitaram que o Brasil afundasse de vez na brutal crise mundial do capitalismo – como ocorreu durante o triste reinado de FHC. A crise econômica internacional, porém, prossegue e agrava-se, com seus impactos no Brasil – que não é uma ilha. Diante deste cenário sombrio, as forças do capital, principalmente a oligarquia rentista, pressionam o governo a adotar políticas ortodoxas, neoliberais.

No ano passado, o governo Dilma, sob o violento cerco do capital financeiro e da sua mídia venal, acabou afrouxando suas políticas heterodoxas. Como resultado, houve uma retração na geração de empregos. As contratações de trabalhadores com carteira assinada ainda superaram as demissões em 396,9 mil vagas – um feito inimaginável em um mundo em crise. Mas o ritmo da geração de emprego já foi o menor do que nos anos anteriores. O fraco desempenho decorreu principalmente das demissões na indústria e na construção civil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. As demissões do último mês de 2014, que tradicionalmente é marcado pelo fechamento de postos criados para atender a demanda do fim de ano, excederam o esperado. Foram fechadas 555,5 mil vagas, no pior dezembro desde 2008.

Como já foi realçado no início deste texto, a marca histórica de apenas 4,8% de desempregados no país é motivo de festança para as forças progressistas presentes nos governos Lula e Dilma. Mas há também motivos para preocupação. É evidente que o mercado de trabalho, com um índice de desemprego tão baixo, não tem mais fôlego para manter o ritmo aquecido de geração de vagas. O problema é se estas taxas despencarem. O aumento do desemprego seria um prato cheio para a oposição direitista e a sua mídia, que estão em plena ofensiva desestabilizadora contra o governo Dilma. Ao mesmo tempo em que fustigam a presidente recém-eleita, elas tentam enquadrar o governo, forçando-o a adotar políticas ortodoxas – com destaque para a elevação dos juros e as medidas de ajuste fiscal. Estas forças representam os interesses do capital rentista! Se seguir o caminho da "drástica austeridade", o governo Dilma poderá cavar a sua própria sepultura!

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