sábado, 3 de janeiro de 2015

Berzoini assume a regulação da mídia

Por Altamiro Borges

Ao tomar posse nesta sexta-feira (2), o novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, foi bastante enfático na defesa da democratização da mídia. Após receber o cargo do ex-ministro Paulo Bernardo, ele afirmou que dará início de imediato ao processo de discussão sobre o tema, que todos os setores interessados serão ouvidos e que ainda não há prazos definidos para apresentação de uma proposta. “É importante abrirmos um debate fraterno, transparente, para que a população brasileira e suas representações empresariais, sindicais, sociais possam discutir com profundidade e democracia o que significam as comunicações no Brasil, especialmente as que são objeto de concessão pública”, afirmou.

Ricardo Berzoini disse ainda que a regulação será a prioridade da sua gestão. “O Ministério das Comunicações tem várias missões importantes. Essa é uma delas. Se for bem conduzida, ela pode ser bem sucedida. Se houver participação popular, tanto melhor. E se houver o envolvimento de todos nesse debate certamente produziremos algo que será bom para o país”. Para ele, a Constituição garante a total liberdade de expressão e não há risco de retrocessos nesta conquista democrática. “Mas a democracia deve assegurar também, entre outros direitos, o de consumir e difundir informação e, principalmente, o de participar livremente da construção de um conjunto de ideias e valores pelo nosso próprio povo”.

Após a solenidade de posse, o novo ministro concedeu entrevista coletiva na qual detalhou os passos que pretende seguir. Segundo registro da jornalista e blogueira Tereza Cruvinel, ele explicou que “a regulamentação é tarefa do Congresso Nacional, mas nós podemos propor e estimular a tramitação desta matéria. Seria uma boa oportunidade para ampliar o debate e fazer com que toda a população saiba do que estamos falando. De garantir o direito à comunicação, dentro do marco intocável da liberdade de expressão”. Ele também disse que pretende estudar os sistemas de regulação aplicados há décadas em vários outros países, como na Europa e nos EUA, mas que “nenhum modelo será copiado”.

Os jagunços da mídia no parlamento

O pronunciamento de Ricardo Berzoini – convicto, mas habilidoso – gerou imediata reação entre os aliados da mídia hegemônica no parlamento. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara Federal, disparou no seu Twitter que é “radicalmente contrário” à ideia da regulação democrática dos meios de comunicação. “Não aceitamos nem discutir o assunto”, postou o “democrata”. Esta postura intransigente talvez explique porque as inúmeras denúncias contra o parlamentar, famoso por suas práticas lobistas, desapareceram da imprensa nas últimas semanas. De repente, não mais que de repente, ele virou o queridinho da mídia monopolista e manipuladora.

Outro que saiu em defesa dos barões da mídia foi o senador Aloysio Nunes, o vice do cambaleante Aécio Neves. Em nota divulgada neste sábado, o tucano derrotado – que goza de sólida blindagem na imprensa – rosnou: “O traço de união capaz de congregar em uma linha de ação comum facções rivais do campo lulopetista e também os grupelhos da esquerda antidemocrática é a proposta celerada a cargo do novo ministro das Comunicações, o ‘aloprado’ Berzoini: o controle da imprensa, conforme ele anunciou ontem no discurso de posse”. O ex-motorista do líder revolucionário Carlos Marighela virou um direitista raivoso e patético. Talvez por isto ele receba tanta proteção dos jagunços da mídia golpista!

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2 comentários:

antonio barbosa filho disse...

Se eu tivesse que apontar um único motivo pelo qual votei em Dilma, em 2014, seria este: minha esperança de que ela dará este passo fundamental para a consolidação da nossa Democracia, qual seja, a regulação da Mídia. Não é possível que o poder concessor não tenha força para regular a sua concessão! Os abusos, as ilegalidades, são constantes, e a mídia em poucas mãos é uma constante ameaça ao País e à Democracia. Confio, e continuo cobrando por todos os meios.

Unknown disse...

É salutar e imprescindível para a consolidação de nossa frágil democracia, já que testemunhamos abusos e ultrages na prática midiática. Isso precisa acabar para que haja de fato uma prestação de serviço honrosa, verdadeira e confiável! Esse é o único caminho: REGULAÇÃO DA MÍDIA, URGENTE!!!! SALVE-SE A DEMOCRACIA !!!!