terça-feira, 25 de novembro de 2014

Por que Dilma cozinha o Ministério?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O que estará fazendo o notório mau-humor de Dilma Rousseff suportar em silêncio o festival de “vazamentos” de suas decisões sobre a escolha de ministros?

Será só, como se apregoa, a necessidade da espera de que o Congresso vote a mudança na Lei Orçamentária, para que a equipe econômica assuma a casa depois de arrumadas as contas?

Pode ser, e é um bom motivo.

Apesar de seguir o noticiário catastrofista, há sinais animadores de reação da economia.

Mas parece que Dilma visa mais que isso.

De outra forma, não seria explicável que deixe tantos nomes, por tanto tempo, em banho-maria.

Ao que parece, deixa que as atenções fiquem fixas essencialmente na área econômica para ganhar tempo na política.

Até porque, na economia, a margem de manobra é pequena.

Como já disse aqui, o nome do santo não vai mudar muito o “milagre”.

Só facilita que o considerem assim.

E na provável composição da área econômica, Fazenda e Planejamento serão um o “advogado do diabo” do outro.

O que parece estar “atrasando” as definições de Dilma, de fato, são os ministros “da Política”.

Tem de cuidar que respingos da “Lava-Jato” não atinjam nomes escolhidos.

De achar um Ministro da Justiça que tenha jeito e peito de lidar com ela e com o oceano tucano que inunda a Polícia Federal.

De colocar gente capaz de bloquear o caminho de Eduardo Cunha para tornar-se presidente da Câmara e gerar um permanente confronto institucional no País.

Que ajude a empurrar uma reforma política no Congresso, reforma que, por razões óbvias, não é propriamente uma das paixões por quem fez e faz carreira com as regras atuais.

De achar pessoas que tenha luz própria – não pode repetir o Ministério de Anônimos – de seu primeiro mandato – mas que ao mesmo tempo tenha lealdade e companheiros para não se atirar ao jogo de intrigas.

E, ainda, de ser alguém com quem se possa conversar sem que o assunto em meia hora vá parar nas redações de jornal.

Parece missão mais difícil do que fazer superávit primário sem cortar gastos sociais, como se espera na economia.

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