quarta-feira, 15 de outubro de 2014

10 perguntas para Arminio Fraga

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Estou convencida de que nós, que não entendemos nada de economia, precisamos fazer um esforcinho extra, porque este é o principal assunto nesta eleição, ao lado das questões morais. Escolher entre dois modelos econômicos distintos, que definirão qual é o Brasil que queremos: é isto que vamos fazer no segundo turno. O problema, a meu ver, é que falta transparência ao projeto do PSDB. O do PT a gente já conhece. Obviamente são necessários ajustes (o ex-ministro Bresser-Pereira falou muito bem aqui), mas, na pior das hipóteses, será mais do mesmo. Enfim, sabemos qual é o projeto econômico do PT, mas não sabemos qual é exatamente o projeto econômico do PSDB. A não ser pelo que os mais velhos já vivenciamos, o que não é nada animador.

Pensando nisso, resolvi colocar mãos à obra e decidi procurar a melhor pessoa para esclarecer minhas dúvidas: o principal assessor econômico de Aécio Neves, ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique Cardoso e cotado como futuro ministro da Fazenda se o tucano for eleito. O carioca Arminio Fraga, 57 anos, brasileiro com dupla nacionalidade norte-americana, não possui assessor de imprensa. Sua assistente me disse que escrevesse um e-mail solicitando a entrevista, com os meus contatos. Foi o que fiz.

“Olá, Márcia, tudo bom? Acabei de falar contigo pelo telefone. Então, como te expliquei, fiz há poucos dias uma entrevista com o ex-ministro Bresser que repercutiu muito no meu blog. E gostaria muito de fazer algo semelhante com o dr. Arminio Fraga. Ou seja, uma entrevista para ‘leigos’ em economia, para tentar entender mais ou menos qual é o projeto econômico do PSDB.

Um abraço e obrigada,

Cynara”


A resposta chegou em exatos 13 minutos:

“Prezada Cynara,

O Dr. Arminio Fraga lhe agradece, porém não poderá atender sua solicitação de entrevista.

Cordialmente,

Márcia”


Claro que ele tem todo o direito de não querer me atender, só acho uma pena. Reforça a impressão de que o PSDB esconde alguma coisa. Nada me impede, porém, de divulgar aqui as perguntas “leigas” que gostaria de ter feito a Arminio. E que, tenho certeza, milhões de brasileiros gostariam de ver respondidas:

1. Quando o senhor assumiu o Banco Central no governo FHC, aumentou os juros para 45% (hoje os juros brasileiros ainda estão entre os mais altos do mundo, mas na casa dos 11%). Isso vai acontecer novamente?

2. O senhor falou que acha que o salário mínimo “cresceu muito”. E, no entanto, alguns economistas apontam o aumento do salário mínimo nos anos que o PT governa como uma das principais razões para a diminuição da desigualdade social no Brasil, mais até que o bolsa-família. Qual será a política econômica do PSDB em relação ao salário mínimo? Vocês pretendem acabar com o reajuste automático?

3. Existe um áudio circulando nas redes sociais em que o senhor fala que está provado que os bancos públicos não são um “modelo que favorece o crescimento” e que iria reduzir as funções deles até que “não sobrasse muito”. O que o senhor quis dizer com isso? O que vai acontecer com a Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES em um virtual governo Aécio Neves?

4. Volta e meia o PSDB acena também com mudanças nas leis trabalhistas. Quais seriam elas exatamente?

5. O jornal Financial Times publicou um artigo recentemente dizendo que o senhor decepcionou no debate com Guido Mantega, ministro da Fazenda de Dilma, porque “precisa achar uma forma de desconstruir a crença que o que é bom para os mercados é ruim para as pessoas e vice-versa”. Mas o que é bom para os mercados pode de fato ser bom para as pessoas? Como, se em geral o que é bom para os mercados faz concentrar ainda mais a renda?

6. O modelo que vocês propõem é, de acordo com o candidato Aécio Neves, retomar o crescimento de “forma sustentável”. Para mim isso soa como “embromation”. O que significa crescer de forma sustentável?

7. O senhor pode garantir que, com o modelo do PSDB em prática no governo, não haverá arrocho, recessão e desemprego no País?

8. Este crescimento “sustentável” irá continuar ajudando a diminuir a desigualdade social ou isto não é o foco?

9. A área social do governo sofrerá cortes? Seriam cortes na área social as medidas que o candidato Aécio diz que serão “decisões impopulares” de um provável governo seu?

10. A experiência do PSDB no governo - fora a estabilização da moeda, que vem do governo Itamar Franco - é de triste memória para os brasileiros que a viveram. Desemprego alto, recessão e também inflação na casa dos 12%. O que vocês fariam diferente agora?

Silêncio.

1 comentários:

Paulinho Pavaneli disse...

As respostas sinceras seriam estas:
1)51%; 2)Sim; 3)Serão privatizados a preços de fim de feira; 4)Fim dos direitos; 5) O que é bom para o Mercado é bom para o Mercado; 6)Tornar os ganhos dos ricos e milionários sustentáveis ao longo do tempo; 7)Não; 8)Não; 9) Sim; 10)Nada.