quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Clubes quebrados e Globo bilionária

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

E então ficamos sabendo que também no futebol as audiências da Globo despencam.

É o que informa uma coluna no UOL especializada em tevê.

O jogo Corinthians e Coritiba, domingo passado, deu 13 pontos. Alguns anos atrás, o Corinthians rendia mais de 20.

Não chega a ser surpresa.

Toda a grade da Globo vem caindo ano após ano: novelas, telejornais, séries etc.

Os Ibopes são um fragmento do que foram. Novelas, em finais, chegaram a ter 100% de audiência nos anos dourados.

Hoje, giram na casa dos 20 ou 30 pontos.

É tão aflitiva a curva descendente das novelas, para os que estão envolvidos nelas, que dias atrás um dos principais autores da Globo, Aguinaldo Silva, disse em seu Twitter que o importante não é o Ibope, e sim a repercussão nas redes sociais.

Pausa para rir.

Importante dizer: não é só a Globo que perde público. Todas as redes andam para trás.

É um processo sem volta, por conta da internet.

A internet é uma mídia disruptora também para a tevê. As pessoas ficam cada vez mais na internet e menos na tevê, ou em qualquer outra mídia.

Sites como Netflix avançam no público crescente que consome séries. Essas pessoas viam, no passado, filmes na tevê, aberta ou fechada.

Você agora vê sua série na hora em que quer, no dia que preferir.

Grade de programação – o segredo do sucesso da Globo – é você quem faz a sua, na era digital.

O futebol entra neste pacote de sofrimento para a Globo.

Seria um milagre se apenas o futebol mantivesse o Ibope.

O que realmente chama a atenção – como informa a coluna no UOL sobre o assunto – é como a diminuição da audiência vem sendo tratada nos bastidores.

A Globo – ficamos sabendo – vem acusando os clubes pelo problema. E está tentando impor condições para eles.

Os clubes brasileiros são o que são, antiexemplos de administração.

Mas esta culpa, a dos Ibopes reduzidos, eles não têm.

Isto é o chamado mercado.

E é preciso lembrar também quanto a Globo contribuiu para a calamidade do futebol brasileiro.

Apoiou durante anos Havelange e Ricardo Teixeira, em troca de favores que trouxeram fortunas para a emissora.

E jamais deixou de abrir mão da novela na quarta-feira, e isso jogou o futebol para o horário destruidor das dez da noite.

A Globo culpar os clubes é o triunfo do cinismo e da falácia.

Se os clubes engolirem, o próximo passo é dar a eles menos dinheiro.

O que certamente não está nas cogitações da Globo é ela também ganhar menos dinheiro com o futebol.

As cotas para o patrocínio do futebol crescem ano após ano na mesma medida em que a audiência cai.

É uma das situações mais bizarras que você pode encontrar no mundo dos negócios. Um milagre, na verdade.

O verdadeiro milagre da Globo.

Não só no futebol como nos demais produtos. Nunca a audiência da Globo foi tão reduzida, desde que ela virou o império que é, e jamais o faturamento publicitário foi tão alto.

Os clubes que prestem atenção.

O que a Globo quer, de fato, é salvar o próprio bolso – coisa em que seu padrão de qualidade continua o mesmo.

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