terça-feira, 15 de julho de 2014

1 milhão de estrangeiros, apesar da mídia

Copa Fan Fest RJ. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Por Altamiro Borges

A presença de turistas estrangeiros no país durante a Copa do Mundo, entre os dias 12 de junho e 13 de julho, superou até as expectativas mais otimistas e desmoralizou os que padecem do complexo de vira-lata contra o Brasil. Segundo dados do governo divulgados nesta segunda-feira (14), 1,01 milhão pessoas ingressaram no país no período. A previsão inicial era de 600 mil turistas estrangeiros - que foi superada ainda no mês passado. "Só em junho, superamos todo o volume que esperávamos para toda a Copa do Mundo", afirma o secretário executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes.

Ainda segundo os dados do governo, mais de 60% dos visitantes não conheciam o Brasil e ficaram encantados com o país. "Os estrangeiros de 203 nacionalidades permaneceram em média 13 dias no país, de acordo com levantamento do Ministério do Turismo, ajudando a elevar para 80% a ocupação da rede hoteleira das cidades que sediaram o evento. O número superou a expectativa do governo que contava com 70% de lotação. Questionado se o Brasil “atendeu bem ou superou suas expectativas”, mais de 80% disseram que sim", relata o jornal espanhol El País.


Outros dados também servem para espantar os vira-latas. "Ao contrário do temido caos aéreo, 80% elogiaram os aeroportos. Cerca de 90% aprovaram a segurança pública apesar de casos isolados de assaltos. E nove entre 10 se mostraram satisfeitos com os serviços de informações turísticas e os transportes públicos". Já estádios passaram pelo crivo de 98,2% dos entrevistados. O turismo interno também superou as previsões. Cerca de 3 milhões de brasileiros se deslocaram pelo país durante o evento. A maioria deles de São Paulo, 858.000 mil pessoas. Em segundo lugar ficou o Rio de Janeiro, com 260.000. E, em terceiro, a Bahia, com 220.000.

Estes e outros números indicam que a maior goleada na Copa foi sofrida pela mídia oposicionista e o seu dispositivo partidário, composto por PSDB, DEM e PPS. Durante vários meses, os "urubólogos" difundiram - com seu complexo de vira-lata, sua visão neoliberal de negação do Estado e por motivos eleitoreiros - que a Copa seria um desastre. Os estádios não ficariam prontos, os aeroportos entrariam em pane, o transporte seria caótico e haveria protestos incendiários nas cidades-sedes dos jogos. Esta visão catastrofista deve até ter espantando outros milhares de turistas estrangeiros. Valia um estudo para cobrar indenização da mídia privada pelos prejuízos causados à economia. Mas ela não estragou a festa que os brasileiros mostraram ao mundo, no que já é considerada a "Copa das copas".

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2 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto isso Orlando recebe 70 milhoes de turistas por ano. O fato é que recebemos poucos turistas por ano e precisamos reverter isso.

Unknown disse...

Depois do vexame

Enfim ocorreu a hecatombe da seleção brasileira de futebol, longamente gestada nas entranhas putrefeitas da cartolagem. Era questão de tempo: um dia o pragmatismo tosco, a arrogância e a mediocridade chegariam a uma combinação explosiva que a sorte, a arbitragem e o talento individual seriam incapazes de neutralizar.

Faltava o desequilíbrio emocional para inflamar esse caldo melífluo. O patriotismo histérico dos jogadores já não parecia alvissareiro, principalmente em meio à tola “obrigação” de vencer o título. A vitimização de Neymar e a falta de comando da comissão técnica terminaram de ruir a frágil estabilidade do elenco.

A crônica esportiva agora fala em “mudar tudo”, em “revolucionar” a administração futebolística do país, em “bom senso”. Mas são palavras ocas. Ninguém aponta soluções práticas ou medidas pontuais e viáveis que de fato ajudem a reformular o sistema. Há apenas discursos genéricos e propostas paliativas que seguem os interesses dos grandes times e dos veículos de comunicação, os maiores apoiadores de José Maria Marin.

Mudanças reais no futebol brasileiro só viriam com a distribuição igualitária de verbas televisivas, limitações do poder das emissoras, restrições ao assédio de jovens atletas, regulamentação da atividade dos empresários, projetos nacionais de apoio a aspirantes, fortalecimento dos times interioranos, profissionalização da arbitragem, moralização dos tribunais desportivos, mecanismos de controle das gestões da CBF e dos clubes.

Todas essas mudanças passam por um papel mais ativo do Estado. Nascem de uma decisão política de tratar o esporte como área de interesse público, e não um feudo particular de castas inatingíveis que funciona por regras próprias.

O medinho da imprensa ao enfrentar o assunto não tem nada a ver com as ameaças da FIFA, que jamais arriscará a desmoralização de punir um pentacampeão mundial, sede da mais festejada Copa da história. O fantasma do intervencionismo estatal oculta a tentativa de manter os privilégios do esquema vexatório. Da mídia não virá qualquer iniciativa moralizadora do futebol brasileiro.



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