sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vai que é tuuuaaaa, Galvão (de novo)

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Se tivesse lei de meios, como na Argentina, o Brasil iria ter transmissão da Copa do Mundo pela TV Pública e você não precisaria pagar para NÃO ouvir os jogos da seleção sendo narrados pelo Galvão Bueno pela enésima vez. Já imaginou que alívio? Acho que farei como meu pai e tirarei o som da TV para acompanhar os jogos com algum locutor de rádio narrando. A rádio pública vai transmitir os jogos, sabia? Clique aqui para ver a lista e os dials das rádios. Para quem gosta do Galvão, beleza, o importante seria ter mais opções gratuitamente, senão vira monopólio até de voz.

Entrevistei Galvão Bueno uma vez, pelo telefone, quando estava na revista VIP e ele na Alemanha para a Copa de 2006. Foi, sem dúvida, uma das mais divertidas entrevistas de minha carreira até agora. O apresentador global ficou nervoso e quase desligou o aparelho. Muita coisa permanece atual. Já não tem mais os RRRRRRs de Ronaldo na seleção, mas tenho a impressão que vão rolar uns NeymaRRRRRRR.

Divirtam-se e boa Copa para o Brasil.

***

HAAAJAAA CORAÇÃO! Não adianta parte da torcida espernear: pela oitava vez(agora é a décima), o locutor global dispara seus manjadíssimos bordões numa Copa do Mundo. E se engana quem pensa que será a última. A situação é dramáááticaaaa: aos 55 anos, ele renovou seu contrato com a Globo até 2014. Vai que é suuuuaaaa, Galvão!

Você se acha chato ou é maldade da galera?

Às vezes sou chato, sim. Quem não é?

E revê suas performances?
Sempre que possível. Faço minhas lições de casa direitinho.

Já se arrependeu de algum comentário feito no calor da hora?
Claro. O maior de todos foi o “eu sabia, eu sabia”, do título do Ayrton Senna no Japão, quando ele deixou o Gerhard Berger ultrapassar no final. Eu errei. Não é que eu sabia, eu imaginava que aquilo pudesse acontecer pelo que passou nas corridas anteriores. Mas o “eu sabia” me rendeu uma advertência do Boni (José Bonifácio Sobrinho, então vice-presidente da Globo), com toda razão. Ele disse assim: “Se você sabia, por que não contou antes?” Também me arrependo de uma crítica que fiz ao Ronaldão na Seleção Brasileira. Fui grosseiro com ele e já pedi desculpas.

De onde tirou esses erres arrastados antes de Ronaldinho que todo mundo implica?
Não acho que as pessoas impliquem. A maioria gosta. O Casseta & Planeta, por exemplo, adora… Na hora que eu faço, não tem muito laboratório, não. Sai naturalmente. É que o Pelé não tinha o R, o Zico não tinha, mas o Ronaldo tem! As pessoas têm a memória curta. O Rrrronaldinho já foi Rrrrrromário também.

Faz alguma coisa pra cuidar da voz?
Hoje, como não sou mais criança, tenho cuidado um pouco mais, sim. Tenho feito aquecimentos antes das transmissões, coisa que antes não fazia, e estou cuidando de uma sinusite e uma rinite crônicas. Diminuí meus charutos, mas parar não vou. A vida é que nem bicicleta, se parar você cai.

Tem alguma preparação antes dos jogos, tipo ficar em concentração como os atletas?
Não, imagina. Isso é uma questão de profissionalismo. Não posso transar antes das transmissões só porque minha mulher não está aqui e eu sou um homem casado, uma pessoa decente, fiel. Ela só vem na última semana da Copa.

Você deu um upgrade no visual, né?
Foi há uns seis anos e desde então mantenho o mesmo peso. Fiz uma lipo e uma plástica – tirei umas bolsas de baixo dos olhos, uma coisa estética e higiênica. Sou uma figura pública, tenho que ter respeito com as pessoas que estão me vendo do outro lado. Além do mais, sou vaidoso. Quem é casado com uma mulher bonita como a minha tem obrigação de tentar se manter melhor. Faço musculação, ando, corro, jogo meu golfe… Antes jogava futebol, hoje não dá mais.

Depois da guaribada, não fica chateado com o narigão que o pessoal do Casseta põe no Gavião Bueno?
Não, tento entender que o narigão é o bico do gavião, que não tem nada a ver com o meu nariz. Eu não sou bonito p*rra nenhuma, mas também não tenho um nariz daqueles… Tô longe de ser bonito, bonito é o Beckham. Eu vejo essa história do Casseta com muito orgulho, pra mim é uma homenagem. Se você não tivesse feito um trabalho importante, não seria personagem de humor. Só se é quando faz algo marcante.

Quando você sai, as pessoas o tratam bem ou tem gente que enche o saco? 

Muitíssimo bem, com muito carinho. Nas cidades onde você não vai sempre, com a Seleção principalmente, no Norte, Nordeste, cidades que não são capitais, é uma coisa até em excesso –o assédio, o carinho, a tietagem. Não me lembro de chegar num restaurante e alguém faltar com o respeito. Sou uma pessoa polêmica, sou a voz do esporte da Globo, mexo com paixão. Futebol acima de qualquer coisa é paixão. Então às vezes tem uns corinhos no estádio, tem quem gosta, tem quem não gosta, é moda dizer que não gosta… Mas a relação direta com o público é superpositiva.

No Orkut tem mais de 30 comunidades do tipo “eu odeio Galvão Bueno”…
Isso é normal. Há tantos anos sou a voz que leva as emoções do esporte pro povo brasileiro! Isso não me preocupa. Sou um homem bem-resolvido, muito feliz, tranqüilo.

Você soube que criaram um João Bobo com a sua cara, o Bobueno?
Não. Legal, vai vender bem.

Essas provocações incomodam?
De jeito nenhum. Se eu não tivesse importância, nada disso existiria.

O que achou da escalação da seleção? É a sua ideal?
É boa. Tenho uma certa preocupação com o quadrado mágico, a gente fica um pouco vulnerável e não sei se num determinado momento não seria bom ter uma postura um pouco mais cautelosa… Mas o Parreira é competente pra resolver isso.

Dizem que o Roque Júnior não foi convocado por ter respondido às suas críticas publicamente…
Isso não faz sentido nenhum, é uma bobagem sem tamanho. Primeiro, porque não tenho esse poder e não quero ter esse poder. Segundo, porque seria dizer que o Parreira não tem força nenhuma e tem algum desvio de caráter. É uma coisa absurda!

Também se comenta que você virou persona non grata da torcida Mancha Verde e por isso não vai mais ao estádio Palestra Itália. É verdade?

Não.

Então, qual foi o último jogo que você narrou lá?
Não me lembro.

E o Casagrande, virou seu inimigo mesmo?
Vem cá, mateirinha legal essa, hein? Se eu soubesse, não estava nem falando contigo. É só para me sacanear? Parece. Acho que vocês deviam perguntar isso para o Casagrande. O Casagrande é uma pessoa ótima, um ótimo profissional, é meu amigo. Estive com ele nessa fase de recuperação da hepatite, ele está vindo para cá, vamos trabalhar juntos. Não tenho problema nenhum com o Casagrande, nunca tive. Trabalhamos juntos há alguns anos, não sei de onde vêm essas coisas.

Mas ele andou dando entrevista numa rádio falando que você se comporta como estrela…
E no dia seguinte ligou para mim dizendo: “Galvão, pelo amor de Deus, eu não falei nada disso”. A verdade é que ultimamente existe muito sensacionalismo, muita maldade. Essa coisa de paparazzi, de correr atrás da vida alheia…

Quando você assiste futebol, quem gosta de ver narrando?
Gosto dos nossos dois narradores, acho o Cléber Machado e o Luís Roberto extremamente competentes. Gosto muito do Luciano do Valle, somos algo parecidos nessa coisa da emoção. E sempre achei o Silvio Luiz divertidíssimo.

Você entende de tudo quanto é esporte?
Tenho a obrigação de tentar conhecer todos eles. Sou um viciado em esporte, vejo o máximo possível em todos os países. Mas tem um que eu não gosto, aquela coisa de hóquei no gelo. Não consigo ver a bola! Não posso gostar de um jogo em que não consigo ver a bola.

Qual será o maior adversário do Brasil na Copa?
O próprio Brasil. O Brasil tem que jogar de uma forma que não seja só o time com os melhores jogadores, mas o melhor time. Se conseguir isso, ganha. Não tem nada a ver com salto alto, com fama e com dinheiro. As peças precisam se encaixar, dar certo.

De onde vem seu ódio pela Argentina?
Eu adoro a Argentina. Adoro Buenos Aires, a carne, os vinhos, gosto de tango, acho uma cidade bonita, elegante, um pedaço da Europa dentro da América do Sul. Eu e a Desirée ( sua mulher) sempre vamos para lá. Mas a rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol é a maior do mundo! E aí eu pergunto: tem coisa melhor do que ganhar da Argentina? Não tem. Para eles, tem coisa melhor do que ganhar do Brasil? Não tem. Isso não quer dizer que eles não gostem do Brasil. Eu adoro a Argentina e adoro ganhar da Argentina.

E seu amor pelo Flamengo, hein?
Como? Não tô escutando, a ligação ficou ruim…

Não quer responder?
Nem sob tortura.

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