domingo, 11 de maio de 2014

Nem Felipão salva o Jornal Nacional

Por Altamiro Borges

Nesta semana, os telespectadores da TV Globo tiveram uma overdose de Luiz Felipe Scolari. Na quarta-feira (7), na apresentação dos jogadores brasileiros que disputarão a Copa do Mundo, Felipão passeou pelos estúdios da emissora, participando de vários programas. O privilégio dado à Vênus Platinada se deve aos direitos de transmissão dos jogos e às sinistras relações com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mas nem o técnico da seleção conseguiu salvar a audiência da emissora. Segundo Keila Jimenez, da Folha, “mesmo com Felipão na bancada, o ‘Jornal Nacional’ marcou a mesma audiência da quarta-feira anterior (dia 30): 24 pontos”. Uma decepção!

A Rede Globo está fazendo jogo duplo com relação à Copa. Do ponto de vista econômico, ela ganha muita grana com a competição. Só com a venda das oito cotas de patrocínio, a emissora da famiglia Marinho já faturou mais de R$ 1 bilhão – cada cota foi vendida aos anunciantes por R$ 189 milhões, pelo preço de tabela. Daí todo o seu alarde na apresentação da seleção brasileira. Já do ponto de vista político, a TV Globo não perde uma chance para desmoralizar os preparativos da Copa, estimulando o complexo de vira-lata da elite nativa e erguendo um palanque para a oposição com vistas às eleições de outubro. Nunca a emissora deu tanto espaço para os “protestos populares” que agitam o país.

Esta complicada equação talvez ajude a explicar a recorrente queda de audiência da TV Globo. A cada dia que passa ela perde mais credibilidade e mais pontos no insuspeito Ibope – ou “Globope”, segundo o irreverente blogueiro Paulo Henrique Amorim. O “Jornal Nacional”, que já foi uma das vitrines da emissora, é a maior vítima dessa forte corrosão. 2013 foi o pior ano da história do JN, que fechou o ano com média de audiência de 26 pontos na Grande São Paulo. Nos últimos dez anos, o principal telejornal do país acumula perda de quase um terço da sua audiência. A situação se agravou ainda mais nos últimos dois anos. Em 2012 e 2013, o JN teve perdas anuais na casa dos 10%.

“Desde 2011, William Bonner não dá o seu ‘boa noite’ para mais da metade dos brasileiros com televisores ligados (share)”, ironiza o jornalista Daniel Castro, do site “Notícias da TV”. Numa situação dramática como esta, nem o técnico da seleção salva a audiência da TV.

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