segunda-feira, 17 de março de 2014

Futebol e a corrupção na mídia

Por Altamiro Borges

O jornalista Bob Fernandes publicou na sexta-feira (14), no sítio "Terra Magazine", uma bombástica entrevista com o atual presidente do Esporte Clube Bahia, Fernando Schmidt. Entre outros temas, o cartola aborda um verdadeiro tabu: o das relações promíscuas entre os clubes, as empresas de mídia e os repórteres esportivos. Ele não dá nome aos bois, mas confirma que a sujeira neste campo é pesada. Num país em que a Rede Globo comanda esta paixão nacional, inclusive impondo os horários das partidas, a entrevista até que poderia servir para investigar mais a fundo estas sinistras relações. 

Segundo o jornalista, a nova direção do Esporte Clube Bahia tem promovido uma devassa nas contas da gestão anterior, presidida por Marcelo Guimarães Filho. "A investigação inicial foi consequência da intervenção decretada pela Justiça em 2013, ação esta acompanhada pelo ministério público federal e estadual. Já a divulgação de uma lista com 21 radialistas que teriam sido beneficiados, em gastos com 'marketing' e despesas várias, se deu, segundo o atual presidente, porque assim determinam 'o Estatuto do Bahia, a lei de acesso à informação e a Constituição'".

Na entrevista, Fernando Schmidt fala sobre as mutretas existentes entre o antigo presidente e a mídia. "Um dos gastos, pagos pelo Bahia, é com a 'transmissão de jogos'… Ora, me poupem! É função do Bahia pagar pela 'transmissão de jogos'?". Ele também fala sobre "passagens aéreas, hospedagens, despesas como, por exemplo, R$ 16 mil num único jantar com amigos numa churrascaria", sempre envolvendo cronistas de futebol. Schmidt ainda relata suas tentativas infrutíferas para renegociar os direitos de transmissão dos jogos do Bahia com a TV Globo.

"Hoje, no futebol brasileiro, o que há é uma bagunça, vários atores mexendo nisso e em tudo ao mesmo tempo, e não há confluência para um mesmo objetivo. A Globo mexe, a CBF mexe, as federações, o Bom Senso, o ministério mexe, as arenas…uma bagunça". Segundo a reportagem, ao abrir suas contas na semana passada, a direção do Esporte Clube Bahia exibiu "gastos de R$ 865 mil com comunicação, crônica esportiva, radialistas". "Há despesas com gente de empresas de comunicação, mas não apenas: também há aluguel de automóvel com parente, tem os amigos etc. Em relação a radialistas, ao jornalismo esportivo propriamente, há absurdos", relata Schmidt.

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