segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Estadão prega novo golpe na Previdência

Por Altamiro Borges

Aos poucos, a mídia privada vai apresentando seu programa para as eleições presidenciais de 2014. O esforço é para enquadrar todos os candidatos, impondo uma plataforma nitidamente neoliberal. Entre os consensos já firmados no Partido da Imprensa Golpista (PIG) estão a defesa da austeridade fiscal, do arrocho monetário e da libertinagem no câmbio - o velho receituário que quase destruiu o Brasil no triste reinado de FHC. Outros pontos programáticos também já aparecem. O editorial do Estadão desta segunda-feira (3) defende ostensivamente uma nova contrarreforma da Previdência Social.

A desculpa usada é sempre a mesma. A de que a população envelhece rapidamente e de que é "vital" reduzir os gastos com os aposentados e pensionistas para garantir o superávit primário - nome fictício da reserva de caixa dos banqueiros. Desta vez, o jornalão usa como base para sua defesa um relatório recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento - ou seja, baseia-se nas previsões alarmistas e oportunistas da oligarquia financeira. "Os números não deixam dúvida de que é irresponsável adiar as mudanças apenas para atender a interesses eleitorais", decreta o veículo patronal.

Segundo o suspeito relatório do BID, o número de idosos na América Latina quadruplicará até 2050. "Em 2010, os adultos acima dos 65 anos de idade eram 6,8% da população; em 2050, esse porcentual saltará para 19,8%. Hoje, a proporção entre os trabalhadores que contribuem para a Previdência e os aposentados é de 10 por 1; em 2050, cairá para 3 por 1". Diante deste cenário apocalíptico, o jornal apresenta as suas amargas propostas para a contrarreforma da Previdência Social:

"Ampliar o número de trabalhadores que financiam o sistema previdenciário, reduzindo os custos trabalhistas"; "o adiamento do direito à aposentadoria, com o aumento do tempo de contribuição, também é uma medida necessária. Além disso, é preciso rever os critérios para a concessão de diversos benefícios previdenciários, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez".
O próprio jornalão, que já apoiou vários golpes na história do país, reconhece que não é fácil efetuar tais mudanças numa democracia. "Tudo isso, porém, é anátema para os políticos, que temem perder votos... No Brasil, esse oportunismo político - traduzido em aumentos de aposentadorias acima da inflação, entre outras bondades - facilitou o crescimento astronômico do rombo da Previdência". A amarga proposta do Estadão explica a sua simpatia pela cambaleante candidatura de Aécio Neves!

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