segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A Folha e os governadores em perigo

Por Altamiro Borges

No seu oposicionismo militante, bem ao gosto de Judith Brito, executiva do Grupo Folha e ex-presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o diário da famiglia Frias não vacila em distorcer os fatos. Na edição desta segunda-feira (27), a Folha destaca que o “PT enfrenta dificuldade para manter o governo de três Estados”. A reportagem pode até ter algum fundo de verdade, mas ela omite que vários governadores tucanos também esbarram em obstáculos para a reeleição no pleito de outubro próximo. Neste sentido, ao citar apenas os petistas, o texto é pura manipulação!

Segundo a matéria, os governadores petistas Tarso Genro (RS), Agnelo Queiroz (DF) e Jaques Wagner (BA) estão com a popularidade em baixa e enfrentarão "rivais fortes" nas eleições deste ano. Dos quatro governantes do PT, apenas o do Acre, Tião Viana, estaria reeleito – especula o jornal. A Folha lista os problemas vividos nestas administrações estaduais, como atrasos de obras, divisão da base governista, greves e protestos populares. Quem lê o artigo fica com a nítida impressão de que o PT caminha para o total desastre no pleito de outubro. Corre até o risco de extinção!

O tratamento da matéria, porém, é falso e seletivo. Em dezembro passado, o jornalista José Roberto Toledo, do Estadão, escreveu um artigo bem mais honesto sobre as eleições estaduais, intitulado “Governadores em perigo”. Ele mostra que a maioria dos executivos enfrenta dificuldades. “Em 2010, a eleição nos Estados apontou para a continuidade. Dos 27 governadores, 20 concorreram a um segundo mandato, e 13 deles foram reconduzidos ao cargo. Outros três elegeram seu candidato. Para 2014, a bússola virou de ponta-cabeça. Dos 15 governadores aptos à reeleição, só três podem confiar que estão no rumo certo para voltar ao palácio depois de passarem pelas urnas”.

O artigo teve como base os resultados da pesquisa CNI-Ibope do final do ano, na qual todos os governantes foram avaliados simultaneamente. A sondagem confirma as dificuldades enfrentadas no Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia. Mas ela mostra que vários governadores do PSDB, DEM e PMDB estão ainda em piores condições. Nas últimas colocações em popularidade aparecem: Rosalba Ciarlini (DEM-RN), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Simão Jatene (PSDB-PA), Siqueira Campos (PSDB-TO), Teotônio Vilela (PSDB-AL), José Anchieta (PSDB-RR), Silval Barbosa (PMDB-MT), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Jackson Barreto (PMDB-SE).

Pela metodologia aplicada na pesquisa, estes onze governadores terão maiores dificuldades para se reeleger ou para fazer seu sucessor. O DEM pode sumir do mapa, perdendo o único executivo que comanda, no Rio Grande do Norte. Já o PSDB aparece com quatro governadores no matadouro. Isto para não falar das dificuldades encontradas em outros Estados. Os tucanos enfrentarão batalhas duras em São Paulo e Minas Gerais, com “rivais fortes” que finalmente ameaçam sua longa hegemonia. O mesmo ocorrerá no Paraná. Além disso, o PSDB não terá candidatos “fortes” no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A depender do resultado das eleições, os tucanos é que correm o risco de extinção!

Analisando de conjunto, fica evidente que a Folha mais uma vez distorceu os fatos e os números para favorecer as suas teses “oposicionistas”.

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