segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"Ninho" de SP: cadê os R$ 420 milhões?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Quem me chamou a atenção foi o leitor Vitorio Pasqual Soldano, em carta sob o título "Buraco negro", publicada no Estadão desta segunda-feira:

"O noticiário nos dá a conhecer a fraude na Prefeitura. Mas a conta não fecha. Foram desviados, segundo o Ministério Público, cerca de R$ 500 milhões e apurado patrimônio usurpado pelos diligentes funcionários de apenas R$ 80 milhões. Onde está o restante do roubo, a bagatela de R$ 420 milhões? Haja envolvidos! Quem são? Por favor, façam uso da delação premiada".


Hoje, o prefeito Fernando Haddad, em entrevista à rádio Estadão, disse que espera recuperar pelo menos parte do dinheiro desviado pelos fiscais denunciados, ou seja, os R$ 80 milhões em patrimônio imobiliário e outros bens que estão bloqueados, mas fica faltando o resto.

O leitor tem toda razão ao desconfiar que haja mais gente envolvida nesta história. Afinal, o esquema movimentou tanto dinheiro, e por tanto tempo, que seria impossível não vazar para cima e para baixo na hierarquia municipal.

O próprio prefeito acredita que o buraco negro é muito maior e que haverá mais novidades. Outros 16 processos já foram instaurados pela Controladoria Geral do Município, envolvendo outro tanto de funcionários, e cerca de 15 empresas deverão ser convocadas para explicar o pagamento das propinas e acertar suas contas com a Prefeitura. "Não é porque foi chantageado que está isento de pagar os tributos", explicou Haddad. "Temos que avançar nas investigações, dando às construtoras e incorporadoras a oportunidade de se manter quites com o tesouro municipal".

Em entrevista coletiva, o prefeito afirmou que mais de 200 funcionários de todas as secretarias municipais já passaram por investigação da Corregedoria. Por falta de provas, a maioria dos processos foi arquivada, mas agora poderá sair das gavetas, como aconteceu com o caso dos fiscais do ISS e os processos envolvendo a Alstom.

Haddad também defendeu seu secretário de governo, Antônio Donato, cujo nome aparece numa das gravações, citado pela ex-amante de um dos fiscais, que o acusa de ter recebido dele R$ 200 mil para sua campanha em 2008. "Estão falando as coisas e nós temos que observar, mas com toda a cautela devida. Desde março, eu acompanho o trabalho do Donato e desde então as atitudes dele sugerem o contrário das gravações".

Pois é, só faltava uma ex-amante nesta história, que agora resolveu denunciar o esquema porque o auditor fiscal, que segundo as denúncias ganhava fortunas, só pagava R$ 700 por mês de pensão para os filhos que teve com ela, enquanto gastava R$ 10 mil por noite em hotel e vinhos finos. Com o dinheiro fácil escorrendo por suas mãos, o auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, que já foi solto depois de aceitar a delação premiada, conseguia, ao mesmo tempo, ser pródigo e ávaro. Daria um bom roteiro de novela sobre bipolaridade.

1 comentários:

brasilpensador.blogspot.com disse...

NENHUMA dessas empresas pode vir com essa de que foram chantageadas,pois tambem foram beneficiadas visto que os valores recolhidos ao fisco era menos da metade do que deveria, nesse caso fica claro que elas tiveram interesse tambem. por outro lado se FORAM CHANTAGEADAS E COMO SAO PELO MENOS 15 EMPRAS PORQUE NAO SE UNIRAM E PREPARARAM JUNTO COM A POLICIA FEDERAL DEPOIS QUE ELA INVESTIGASSE TUDO UM FLGRANTE E PEGAVA TODOS COM A MAO RECEBENDO A PROPINA. Ora se nao o fizeram é porque estavam juntas na maracutaia.