domingo, 10 de novembro de 2013

José Serra e o "bovarismo" do PSDB

Por Antônio Mello, em seu blog:

José Serra não conseguiu se eleger prefeito de São Paulo, onde conta com uma rejeição de 50%. Praticamente escorraçado do partido a que é filiado, chegou a levantar a hipótese de se transferir para o PPS, tal sua rejeição entre correligionários e eleitores.

No entanto, a mídia corporativa continua a segui-lo, como fieis à procura da salvação, porque, endividada e sem perspectivas de recuperação, sabe que só Serra e PSDB a mantêm sobrevivendo, graças a aquisições de exemplares de jornais, revistas e material didático.

Só isso explica a presença do "cadáver adiado" (apud Fernando Pessoa), dia sim, outro também, no noticiário.

A nova matéria foi feita num, vejam só, encontro marcado pela juventude tucana (uma contradição em termos), em que José Serra deitou falação sobre o PSDB, com o objetivo (apoiado pela mídia) de detonar a candidatura do presidente do Partido Aécio Neves.

Dito engenheiro e economista, sem diploma e reconhecimento por nenhuma das duas categorias, sem cargo público ou trabalho declarado, e ainda sem dar explicação alguma sobre as inúmeras e graves acusações que lhe são feitas no livro Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro, Serra aproveitou o excesso de tempo livre para dizer que o PSDB sofre de bovarismo:

"Que me desculpem as mulheres, pois a coisa é mais complexa do que isso. Mas o problema da Madame Bovary é querer ser aceita pelo outro lado. Ela vai à loucura, quebra a família e trai o marido com Deus e todo mundo para ser aceita. O PSDB tem um pouco do bovarismo, de precisar ser aceito pelo PT".[Fonte]
Pulando a hilária afirmação de que "o problema da Madame Bovary é querer ser aceita pelo outro lado", vamos ver se o PSDB tem mesmo um pouco de bovarismo.

Bovarismo é um conceito criado por Jules de Gaultier (em Le bovarysme, la psychologie dans l’oeuvre de Flaubert), a partir do personagem Emma Bovary, do romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert. “Emma personificou essa doença original da alma humana, para a qual seu nome pode servir de rótulo, se entendermos por ‘bovarismo’ a faculdade que faz o ser humano conceber a si mesmo de outro modo que não aquele que é na verdade”. Ou seja, o bovarismo consiste em “se imaginar diferente do que se é”.

Este conceito acabou adotado pela psicologia, com um sentido mais amplo, como uma pessoa que vive uma fantasia de si, diferente daquilo que é, e vive de acordo com essa fantasia e em desacordo com a realidade.

Vamos transportar essa noção para o campo político, para exemplificar: Imaginemos uma pessoa que se julgue a mais preparada para ser presidente da República e que se comporte e dê declarações como se realmente tivesse aquele preparo, aquela importância que só ele mesmo se atribui.

Imagine que essa pessoa, por se ter em tal conta, aja de modo a retirar de seu caminho adversários reais ou imaginários, na busca por alcançar a presidência a que se julga predestinado. Mesmo contra a toda a realidade, mesmo com a imensa rejeição do eleitorado e até do próprio partido. Isso é um caso tipo de bovarismo.

Será que José Serra conhece alguém assim?

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