terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pré-sal vai nos deixar mais ricos?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Se as contas da presidente Dilma Rousseff estiverem todas certas, o tesouro do pré-sal leiloado nesta segunda-feira vai render "o fabuloso montante de mais de R$ 1 trilhão. Repito: mais de 1 trilhão!" ao país, nos 35 anos de exploração do campo de Libra, como ela anunciou solenemente em cadeia nacional de rádio e televisão logo após a assinatura dos contratos.

Tenho algumas dúvidas se a presidente e eu, que temos a mesma idade, vamos viver até lá, para conferirmos o acerto ou não das suas previsões. Afinal, em 2048, estaremos (ou estaríamos...) completando exatamente 100 anos de idade.

Como a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando ano a ano, quem sabe?

Seja como for, apesar da onda de pessimismo que assola o país, estimulada por sábios da economia e magos das finanças, a maioria deles ex-colaboradores ou admiradores midiáticos do governo de Fernando Henrique Cardoso, que nem são tantos, mas fazem um barulho danado, como os torcedores da Portuguesa, apesar deles, como eu ia dizendo, o leilão do pré-sal só nos dá motivos de otimismo e esperança de vivermos num país melhor sem termos que sair do Brasil.

Basta ver quem foi contra o leilão, para se ter certeza de que o governo acertou no formato de partilha adotado pela primeira vez na exploração de petróleo no país. Além da Petrobras, quatro das maiores petroleiras do mundo, a Shell, a Total e duas estatais chinesas, se uniram para formar um superconsórcio que renderá ao Brasil 85% de toda a renda produzida por Libra.

Após o anúncio do resultado do leilão, as ações da Petrobras dispararam na Bolsa de Valores, mostrando que o mercado _ o sagrado mercado! _ ficou contente, mesmo com o ágio mínimo a ser pago pelo único consórcio que apresentou proposta.

Só restou ao principal líder da oposição, o tucano Aécio Neves, criticar o leilão por ter sido "tardio e envergonhado", e reclamar que a presidente Dilma utilizou mais uma vez a rede nacional de rádio e televisão para falar de ações do seu governo. Queria o quê? Que ela agradecesse a valiosa contribuição dada pela oposição e pela mídia amiga?

Dilma ainda aproveitou para lembrar que irão para a Educação 75% dos royalties e do excedente de óleo de Libra. Os outros 25% serão investidos em Saúde. Os primeiros barris de Libra ainda vão levar cinco anos para saírem do fundo do mar, mas os ganhos para o país, nas mais diferentes áreas da economia, serão imediatos, com a geração de milhares de empregos e as encomendas para a indústria nacional de 12 a 18 megaplataformas, barcos, gasodutos e demais linhas de produção ligadas à área do petróleo.

Feliz com o desfecho pacífico da história, apesar de alguns corre-corres e arranca-rabos entre manifestantes e policiais diante do hotel na Barra da Tijuca onde foi promovido o leilão, Dilma encerrou seu pronunciamento de dez minutos na TV, lembrando que "a batida do martelo foi também a batida à porta de um grande futuro que se abre para nós, nossos filhos e nossos netos".

Para quem ainda é jovem e tem um pouco de paciência, o que aconteceu ontem pode mesmo ser um divisor de águas na nossa história, o início de um novo tempo no "país do futuro", que finalmente chegou. Não basta o petróleo ser nosso: era preciso ter coragem para captar os recursos necessários, aqui dentro e lá fora, estatais ou privados, para tirar o tesouro das profundezas do mar e colocá-lo a serviço de uma vida melhor para todos os brasileiros.

E o caro leitor do Balaio, o que achou de tudo isso? Mande sua opinião porque, como escrevi na coluna de ontem, não quero ser o dono da verdade.

A sorte está lançada. Na sua opinião, nós ganhamos ou perdemos?

2 comentários:

Unknown disse...

O Governo brasileiro realizou uma proeza incomum com o leilão de Libra: para o conservadorismo, há uma participação excessiva do Estado; para os petroleiros, o governo está privatizando uma riqueza nacional.
Para mim, está sendo feito algo absolutamente novo e salutar no Brasil. Uma parceria entre o público e o privado, boa para os dois lados, que não são e nem podem ser vistos como inimigos.

Siqueira disse...

Acho que houve uma certa confusão nesta análise. A oposição não foi contra o leilão de Libra. Ela achou que foi pouco. Queria entregar mais. A luta contra o leilão e em defesa da Petrobras é que reduziu o estrago, apesar de 40% do campo ainda ter ficado com duas integrantes do cartel (Shell e Total).