domingo, 6 de outubro de 2013

Marina Silva cai na rede do PSB

Ilustração: Renato Aroeira
Por Antonio Lassance, no sítio Carta Maior:

De sustentabilidade em sustentabilidade, Marina Silva se filia a seu terceiro partido. Após as eleições de 2014, ela fará nova troca, ingressando em sua Rede. Será uma média de quase um novo partido a cada um ano e meio.

A dobradinha com Eduardo Campos, que em ataque de sinceridade, Marina chamou de "coligação pragmática", surpreendeu apoiadores do PSB e, mais ainda, da Rede. Muitos consideram o PSB um "mal necessário". Outros acham que Marina cometeu um erro estratégico, que vai chamuscar sua imagem pública, torná-la refém de Eduardo Campos, ligá-la a aliados indigestos do PSB, como os Bornhausen, em Santa Catarina, e, assim, afastar marineiros cujo estômago não está preparado para engolir tantos sapos. A Rede que queria Marina como candidata a presidente a aceita menos como vice de Campos, tido como um político menor, perto de sua líder.

O acordo com o PSB coloca a ex-senadora no jogo de 2014, mas na posição de coadjuvante. Quem mais ganha com a aliança é Eduardo Campos, que fez um lance de mestre. Acaba de ganhar uma garota propaganda de peso. Marina, com seus 16% de intenções de voto, com viés de baixa, deve catapultar os 4% de Eduardo Campos. Porém, na matemática eleitoral, 16 mais 4 não é igual a 20, pois a operação tem perdas de lado a lado. Tem gente do PSB ligada a ruralistas, que não gostam de Marina; tem gente da Rede que não quer saber de Eduardo Campos.

A dupla pisa sobre a cabeça de Aécio Neves e o empurra para baixo. Muito em breve, o mineiro poder amargar, pior do que o terceiro lugar atual, um patamar inferior a 10%, algo inédito para o PSDB.

José Serra está saboreando sua vingança em um prato ainda quente. Há apenas uma única coisa que Serra queira mais em 2014 do que derrotar o PT: é diminuir Aécio. Quando chegou à conclusão de que eram mínimas as chances de Marina ter seu partido registrado a tempo para concorrer no ano que vem, Serra considerou que o cenário mais provável era o de vitória de Dilma em primeiro turno. Um resultado péssimo para o PSDB e uma mancha definitiva para a carreira de Aécio. Com a chapa Campos/Marina, a candidatura Aécio Neves sofre grave risco de esvaziamento.

Mais do que Dilma, é a chapa do PSB que passa a ser, momentaneamente, a principal adversária do candidato do PSDB. Diante do risco de ficar para trás na corrida presidencial, comendo poeira, há quem defenda reavaliar a situação ao longo de 2014. Se Aécio não se mostrar viável, o PSDB tentará uma saída que evite um resultado vergonhoso.

Para a candidatura Dilma, as chances de vitória no primeiro turno continuam fortes. Já era assim, conforme pesquisas mais recentes, quando Marina ainda aparecia como possível candidata. Como vice de Eduardo Campos, é difícil que a decisão da Rede provoque algum estrago extra na candidatura petista.

O que pode causar problemas para o PT, de agora em diante, são seus eventuais erros e a péssima atuação congressual de seu grande aliado, o PMDB. A vantagem de Dilma é que sua dobradinha principal é com Lula. Mais do que Eduardo Campos e do que Marina Silva, Lula sabe bem como é que se muda um país. A atuação de Dilma na presidência e a de Lula no debate político são armas poderosas. O que ainda falta e será decisivo em 2014 é um programa ousado, que enfatize mais a mudança que a continuidade, diferentemente da estratégia de 2010. Do contrário, a pecha de República Velha, não a de 1891, mas a fundada pelo PMDB em 1985, pode virar carimbo.

3 comentários:

Anônimo disse...


... O Eduardo Campos é um enxadrista tão discreto quanto à nudez da 'globeleza' no carnaval! Ele imagina que somente as torcidas do Flamengo e do Corinthians não iriam perceber o movimento próximo - e iminente - da inversão das peças do jogo: "as pesquisas" e Marina na cabeça da chapa; ele [o Eduardo] confabulando conchavos com o 'Never', o (S)erra, “o comunista” Roberto Freire, o Jarbas Vasconcelos, o FHC, o Jorge MAUrnhausen, o 'neocoroné' Geddel, o Gilmar Dantas... E a Marina? "Eu não sou uma política tradicional! As minhas companhias em todos os palanques são de homens probos e imunes às vaidades e às soberbas condenadas pela Bíblia! Juntos, iremos extirpar o maligno (sic) petismo e exorcizar (idem sic), definitivamente, o diabólico (ibidem sic) chavismo no Brasil!..."
E Silas MalaFALSA ao lado? "Marininha, você, apenas, esqueceu-se de mencionar que o Estado brasileiro é laico!” [Risos "estremecem o palanque"!...]
E o PIG? "Agora, o Brasil completa a mudança patrocinada pelo 'menino pobre e humilde quase santo'!"

['A Rede do Ódio' (2014!)- bom título para a novela das 08 que começa às 09 - e que coloca o torcedor brasileiro até a meia-noite nos estádios de futebol!...]

RESCALDO: lá isso é oposição, sô?!...

República 'de bananas'(!)
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...

Marina só mostrou que é o mesmo do mesmo.
O seu discurso de fazer "política" de forma diferente e programática, caiu por terra.
Fracassou em conseguir 500 mil assinaturas para viabilizar a sua Rede, demostrando incompetência e falta de organização, e o único tema da campanha é a causa ecológica. Ora o Brasil precisa bem mais que isso.

Anônimo disse...

"PESQUISAS VÃO MOSTRAR VITÓRIA FÁCIL DE DILMA"
:
Análise é de Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, que tem realizado pesquisas nacionais sobre a sucessão presidencial; segundo ele, no cenário de hoje, a presidente Dilma Rousseff seria a maior beneficiária dos votos de Marina Silva; no entanto, com o tempo, Eduardo Campos deve crescer, com a exposição de sua imagem ao lado da ex-senadora; enquanto isso não acontece, haverá tensão tanto no PSDB como no PSB, com sondagens muito favoráveis ao PT; ele aposta até que Dilma se aproximará de 50%
5 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 21:11

247 - Qual era a soma dos votos da oposição com Marina Silva disputando a presidência da República pela Rede? Qual será a soma com Marina num papel subalterno, filiada ao PSB, de Eduardo Campos?

Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas, respeitado instituto que tem realizado pesquisas nacionais sobre a sucessão presidencial (confira aqui a mais recente), afirma que hoje a oposição tem menos votos do que tinha ontem.

E isso estará refletido nas próximas pesquisas. "Se fizéssemos uma pesquisa nos próximos dias, quem mais herdaria votos de Marina Silva seria, com certeza, a presidente Dilma Rousseff", diz ele. "Uma parte menor iria para o Eduardo Campos, outra para o Aécio e haveria ainda muitos votos nulos, sem ela no páreo".

Isso significa que, na visão de Hidalgo, as próximas pesquisas trarão um quadro muito favorável ao PT. "Dilma pode chegar perto de 50%, criando a percepção de que o segundo turno ficará ainda mais distante", diz ele.

No próximo fim de semana, o Datafolha deverá publicar a primeira pesquisa com apenas três candidatos: Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos. "Com certeza, a pesquisa apontará Dilma no primeiro turno", diz Hidalgo, que também pretende realizar sua própria pesquisa nacional, com o novo cenário.

Isso não significa, no entanto, que o segundo turno esteja descartado – uma vez que faltam exatos 365 dias para a eleição. "Com o tempo, e a exposição da imagem da Marina ao lado do Eduardo, ele tende a crescer", diz Hidalgo. "Assim, Aécio e Eduardo disputariam a vaga num eventual segundo turno".

Até lá, porém, ele prevê grandes turbulências tanto no PSDB como como no PSB. "Isso porque, hoje, os reservas são melhores do que os titulares", afirma. "Tanto José Serra tem mais votos do que Aécio Neves como Marina Silva tem mais do que Eduardo Campos".

A melhor estratégia para a oposição, segundo Hidalgo, seria a que foi defendida por Roberto Freire, ou seja, a de estimular o maior número possível de candidaturas, com Serra e Marina em outros partidos, como o próprio PPS.