domingo, 9 de junho de 2013

Os cyber-talibãs dos EUA

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Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Com a revelação, pelo Wall Street Journal, de que o monitoramento pela Agência Nacional de Segurança das ligações telefônicas atingia todos os aparelhos das três maiores operadoras de telefonia dos EUA e as empresas de cartão de crédito, além do Facebook e do Google, haverá uma mudança na forma da opinião pública americana encarar a espionagem e a violação de privacidade em nome do combate ao terrorismo.

Até agora, admitia-se tudo, porque os atingidos eram estrangeiros ou mesmo nacionais “fanáticos” ou “fundamentalistas religiosos”.

Agora, cada norte-americano sabe que está sob uma possível vigilância em sua vida particular e econômica. A espionagem não é sobre o outro, nem sobre o próximo. É sobre ele mesmo.

Seus telefonemas, seus e-mails, suas mensagens em redes sociais, tudo

Não se espera, claro, que isso vá provocar uma indignação geral num país acostumado à ideia de que a “segurança nacional” está intimamente ligada à ideia de dominação e poder inseparável da “alma americana”.

Mas vai despertar, sobretudo entre os mais jovens, a certeza de que o sistema político americano está falido, porque mesmo os que se opunham à “Doutrina Bush”, como os democratas, são capazes de praticar os mesmos atos de violação.

Quanto a nós, que operamos boa parte de nossas vidas pela telefonia ou pelos computadores, resta começar a exigir supervisão pública das operações destas empresas no Brasil, diante da nova revelação, feita na edição de hoje do The Guardian, de que há uma ordem presidencial dos EUA para ”Offensive Cyber Effects Operations ”, ou Operações Ofensivas de Efeitos Cibernéticos.

A diretriz de Obama, além de determinar que se elabore “uma lista de potenciais alvos no exterior para os ciber-ataques norte-americanos”, orienta a identificar “capacidades únicas e não-convencionais para avançar os objetivos nacionais dos EUA ao redor do mundo, com pouco ou nenhum aviso ao adversário ou alvo, e com efeitos potenciais que vão desde sutis até os severamente prejudiciais “.

Ou seja, uma guerra cibernética não declarada.

Ou algo como um “terrorismo cibernético internacional”, uma versão high-tech do que acusa os grupos terroristas que diz combater.

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