quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Marcha das Vadias em São Paulo

Do sítio da União da Juventude Socialista (UJS):

A terceira edição da Marcha das Vadias de São Paulo ganha as ruas da capital no próximo sábado (25), com o tema Quebre o Silêncio.

O ponto de partida da marcha é a Praça do Ciclista, que fica no encontro da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. A partir do meio dia, o coletivo feminista Marcha das Vadias de São Paulo (MdV SP) estará no local, oferecendo oficina de cartazes, stencil e preparando o aquecimento para o ato, que começa às 14h. Os manifestantes percorrerão a Avenida Paulista e a Rua Augusta, até a Praça Roosevelt.

A Marcha das Vadias é uma resposta à ideia de que mulheres são culpadas pela violência que sofrem. A primeira marcha aconteceu em 2011, em Toronto, no Canadá, e a partir de então ganhou o mundo. As mulheres reivindicam o direito pela autonomia sobre seus próprios corpos e rechaçam a ideia de que a roupa ou seu comportamento sejam usados como motivos para justificar a violência.

Este ano, a Marcha das Vadias de São Paulo toma as ruas lembrando que a violência contra a mulher, na maioria das vezes, ocorre em casa. A cada dia, em média, 2.175 mulheres telefonam para o 180 denunciando que são vítimas de violência. Em 89 % dos casos, o agressor é o companheiro ou ex-companheiro da mulher. 50% das vítimas dizem estar correndo risco de morte. O Brasil é o 7º país no ranking mundial de homicídios de mulheres, segundo o Conselho Nacional de Justiça.

De acordo com a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, com base em dados do Mapa da Violência 2012, em 65% dos casos de violência sexual o estuprador era um parente ou conhecido da mulher. A MdV SP incentiva as mulheres a quebrarem o silêncio e denunciarem os agressores, de modo a impedir a perpetuação da violência.

Como tudo começou

Em janeiro de 2011, um policial fala às jovens da Universidade de Toronto, no Canadá, que estavam amedrontadas por uma onda de violência sexual que tomava o campus. Em seu discurso, o policial pede que “as mulheres evitem se vestir como vadias” para que não sejam vítimas de estupro. No dia 3 de abril daquele ano, três mil pessoas tomaram as ruas de Toronto, num protesto batizado como SlutWalk. O movimento se alastrou mundo afora e no Brasil ficou conhecido como Marcha das Vadias.

Por que “vadias”?

O ideário disseminado pelo patriarcado nos ensina que vadia é uma mulher vulgar, promíscua, que não esconde seus desejos sexuais e que isso é algo negativo. Que existem mulheres para se casar e mulheres para fazer sexo. A palavra vadia é usada para ofender e depreciar a imagem da mulher. Por isso, o termo “vadia” foi apropriado pelo movimento visando ressignificá-lo.

Quando o senso comum diz que as mulheres são estupradas porque usam roupas consideradas “provocantes”, diz, nas entrelinhas, que os homens são incapazes de se controlar, que todo homem é um potencial estuprador.

A Marcha das Vadias de São Paulo luta para derrubar esse pensamento que tolhe a liberdade das mulheres. Defende que atender a seus próprios desejos, independentemente do julgamento alheio, é uma demonstração de liberdade e autonomia.

A Marcha em São Paulo

A versão paulistana da Marcha das Vadias ocorreu pela primeira vez em 4 de junho de 2011. Em 2012, reuniu 2 mil pessoas nas ruas da capital paulista.

No mesmo ano assumiu a forma de um coletivo feminista que, alinhado à centelha que deflagrou as marchas ao redor do mundo, luta pela autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo e também pela desculpabilização das vítimas.

O coletivo tem o objetivo de agregar à luta política que atravessa os corpos das mulheres e o direito de decisão sobre eles. Além de marchar anualmente nas ruas de São Paulo, a MdV SP reúne-se quinzenalmente para deliberar sobre pautas da agenda feminista, promove debates e outras atividades culturais e políticas. Mantém também uma página no Facebook, no Flickr e um blog.

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