sábado, 16 de março de 2013

O jogo matreiro de Gilberto Kassab

Por Altamiro Borges

Na fundação do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab teorizou que o seu partido “não é de esquerda, nem de direita e nem de centro” – quase a mesma tese “pós-moderna” defendida por Marina Silva na criação da Rede. Esta definição serve para muitas coisas, inclusive para justificar o pragmatismo exacerbado. No caso do ex-demo, ela possibilita que o novo partido faça acordos com a oposição e a situação, num jogo matreiro do vale-tudo. Isto ficou nítido nesta semana, quando Kassab deu um fora em Dilma Rousseff. 

Após alardear que o PSD iria aderir à base de apoio do governo, desde que fosse agraciado com dois ministérios, o ex-prefeito rompeu as negociações e insinuou que pode rumar para a oposição em 2014. Em jantar com a presidenta Dilma, Gilberto Kassab anunciou que o seu partido seguirá “independente”. “Eu disse a ela que esta era uma decisão definitiva, oficial, e que reflete o desejo majoritário no partido... Não teria sentido integrar o governo agora. Vamos manter a nossa independência”, justificou.

A brusca e inesperada mudança de posição gerou muita especulação. Os mais afoitos garantem que a nova sigla apoiará a candidatura de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB – que nem está concretizada. Lembram que há dois anos, quando se preparava para criar o PSD, Kassab e Campos discutiram a possibilidade de fusão das duas legendas no futuro. Outros garantem que o ex-demo já fechou um acordo “vantajoso” com o PSDB, que incluiria a partilha de São Paulo.

Mas nada está definido. Com a quarta maior bancada na Câmara Federal e farto tempo na propaganda eleitoral de rádio e tevê, o PSD será disputado à tapa tanto pela situação como pela oposição. Neste jogo de sedução, o pragmático Kassab tentará se cacifar ao máximo, reforçando seu projeto pessoal e partidário. No mês passado, o ex-demo assustou os tucanos ao anunciar que disputaria o governo paulista, rompendo a antiga aliança com Alckmin. Agora, ele já negocia a vice na chapa do PSDB.

O PSD não é um partido ideológico. Ele é uma frente gelatinosa que reúne vários caciques, muitos deles que saltaram do barco à deriva da oposição demotucana. A sigla tenta se viabilizar através do mais escancarado governismo, ocupando todos os espaços disponíveis. Isto explica o zigue-zague do chefão da legenda. O cálculo é sempre pragmático. Se a presidenta Dilma mantiver sua alta popularidade, Kassab estará com ela em 2014. Se o governador Alckmin continuar afundando nas pesquisas, ele abandonará o ninho tucano.

2 comentários:

Ana Cruzzeli disse...

Perfeito
Miro, você foi ao ponto.

Kassab não está fechado com o PSDB e muito menos como o Dudu/PSB a coisa é essa mesma:
Valorização de um passe que para o mesmo posto tem mais craque que a seleção de 70 e 80.

É o que eu digo e volto a dizer:

Dilma está certissima, ela tem que PRIMEIRO, adoçar as bocas dos que estão com o PT desde 2002. O PSB? Tudo bem, sempre esteve com o PT, mas a grande miopia de uma jovem cujo os hormonios SEXUAIS ainda estão muito ativos deu no que deu, fez o Dudu se comportar como um macho alfa em uma alcateia que só tem fêmeas alfas. O poder está nas mãos de uma matriarca que sabe o deve fazer para conter machos como Dudu. Esse rapaz é muito obtuso mesmo.

Com relação ao Kassab,é isso que você disse . Ele vai ficar num balanço dizendo que vai, mas volta dizendo que volta, mas vai. Um dia ele cansa, desce do balanço e volta para a vida real e a realidade é que Dilma ganha em 2014 no primeiro turno, que em SP o Lula vai fazer outro poste e assim caminha a revolução luludilmista:
Só no sapatinho sambando na cabeça dos tucanos fazendo um barulhinho bom.

Eu adoro tudo isso.

Anônimo disse...

O que eu acho estranho na posição dos blogueiros "sujos" é o fato de não se discutir quem são os "apoiadores" da Dilma. De um lado ela tem o pmdb do "trama", de outro aquele monte de "PÊs" que nada significam na política, exceto,pelo pastor canalha da comissão das minorias. Na minha modestíssima opinião com os "aliados" que tem o governo nem precisa de inimigos.