domingo, 3 de fevereiro de 2013

Folha detesta os programas sociais

Por Altamiro Borges

A Folha deste domingo deu mais uma manchete espalhafatosa e sacana: “Programa social consome metade dos gastos federais”. O título induz o leitor do jornal, que já tem uma forte tendência elitista – como atesta a sua seção de cartas – a se contrapor à “gastança pública”. A reportagem interna também insiste em apresentar números sobre os recursos investidos pelo governo. A manchete até poderia ser outra: “Programas sociais retiram milhões da miséria”; mas a Folha neoliberal e tucana prefere omitir esta “conta”.

Segundo a matéria de Gustavo Patu, “os programas sociais de transferência de renda alcançaram peso inédito no gasto público e na economia do país. Recursos pagos diretamente a famílias representaram mais da metade – exatos 50,4% – das despesas do governo federal no ano passado, excluídos da conta os encargos da dívida pública. Dados recém-apurados da execução orçamentária mostram que o montante chegou a R$ 405,2 bilhões, distribuídos entre o regime geral de previdência, o amparo ao trabalhador e a assistência”.

Já neste trecho percebe-se má intenção do jornal. Ele junta os recursos dos programas sociais, como o Bolsa Família, com os recursos da Seguridade Social previstos na Constituição. Ao mesmo tempo, ele exclui os “encargos da dívida pública”. Ou seja: para as famílias de trabalhadores é um gasto “sem paralelo entre os países emergentes, o que ajuda a explicar a anômala carga de impostos brasileira, na casa de 35% da renda nacional”. Já para a minoria de banqueiros e rentistas, tudo bem gastar metade do orçamento da União!

O alvo da reportagem principal são os impostos cobrados no país – o que confirma o movimento em curso por uma reforma tributária que alivie o bolso dos ricaços. Eles seriam elevados por culpa dos gastos do governo com os programas sociais, com a previdência urbana, “cuja clientela cresce ano a ano em linha com o aumento da expectativa de vida da população”, e com “as despesas recordes do ano passado alimentadas pelo aumento do salário mínimo de 7,5% acima da inflação, o maior desde o ano eleitoral de 2006”.

Para justificar sua manchete terrorista e reforçar a campanha pela contrarreforma tributária, a Folha inclui vários “gastos” na sua lista: “Além das aposentadorias e pensões, os benefícios trabalhistas e assistenciais”, o seguro-desemprego, o abono salarial, a assistência obrigatória a idosos e deficientes de baixa renda. Ela também critica o aumento dos gastos com o Bolsa Família – “despesa com a clientela de 13,9 milhões de famílias que saltou de R$ 13,6 bilhões, no fim do governo Lula, para R$ 20,5 bilhões no ano passado”.

A Folha de domingo até publica alguns dados positivos sobre os programas sociais do governo Dilma, que evidenciam como milhões de brasileiros estão sendo retirados da miséria. Mas o objetivo principal do diário, estampado na manchete, é desqualificar as prioridades políticas do atual governo, que estariam elevando os gastos públicos. Nesta linha editorial, só falta o jornal da famiglia Frias lançar uma campanha nacional pelo retorno da escravidão e pela libertação dos ricaços dos impostos!  

5 comentários:

RLocatelli Digital disse...

Vem chumbo grosso contra o governo neste ano, provavelmente. O PT parece que começou a acordar de seu sono impávido... Ainda bem!

Rita Candeu disse...

cansada dessa cantilena da Folha e afins

eles não mudam o papo?

pior é que os micos amestrados repetem isso em cada canto do país

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Nossa!!!!!

Anônimo disse...

Eles estão muito magoados,chorando... Essa dinheirama toda deveria estar alimentando as contas deles em paraisos fiscais...

Anônimo disse...

Importante contrapor apresentando o gasto com os juros.
Mesmo com a diminuição do valor da Selic, ainda é uma despesa das maiores do orçamento da União.

Claudio Freire