quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O "injusto" ministro da Previdência

Por Altamiro Borges

Para a alegria dos rentistas e da mídia tucana, na semana passada o ministro Garibaldi Alves (PMDB-RN) defendeu de forma marota uma nova contra-reforma da Previdência Social. Para ele, o atual sistema é "injusto", porque o trabalhador se aposenta "muito cedo". O ministro também aproveitou para anunciar que o fim do nefasto "fator previdenciário", criado no governo FHC para arrochar pensões e aposentarias, não é prioridade do governo Dilma. "Não há possibilidade do fator ser extinto simplesmente", afirmou.

As declarações do ministro da Previdência Social revoltaram as entidades dos aposentados e o conjunto do sindicalismo, que reivindicam o fim do fator previdenciário e se opõem a qualquer retrocesso no setor. Para os trabalhadores, o ministro é que foi "injusto". De fato, o ministro Garibaldi Alves falou besteira. Injusto no Brasil é o drama dos aposentados e dos pensionistas, que são tratados como bagaços após serem sugados durante dezenas de anos no trabalho aviltante. Injusto no Brasil são os péssimos salários dos trabalhadores, num ponta; e na outra, os lucros exorbitantes dos banqueiros e rentistas.

R$ 194,8 bilhões de juros

Já que está tão preocupado com as "injustiças", o ministro Garibaldi Alves devia criticar o péssimo uso dos recursos públicos. Somente nos primeiros onze meses do ano passado, o governo federal desembolsou R$ 194,8 bilhões (4,85% do PIB) para pagar juros a uma minoria de agiotas financeiros. Desde total, R$ 157 bilhões foram transferidos diretamente para os bancos. O superávit primário - nome fictício da reserva de caixa dos rentistas - continua sendo feito em detrimento de maiores investimentos na infraestrutura e nas áreas sociais - incluindo a Previdência Social. 

R$ 488,6 milhões de empréstimo para Soros

Já que está tão angustiado com as "injustiças", o ministro devia questionar o recente empréstimo do BNDES à empresa Adecoagro, do megaespeculador mundial George Soros. Num tacada, o banco público doou R$ 488,6 milhões para a implantação da sua nova usina de açúcar e etanol no município de Ivinhema (MS). Ele também poderia criticar outros generosos subsídios do governo federal a poderosas corporações, inclusive através da desoneração da folha de pagamento que reduz as receitas da própria Previdência Social.

50,6% dos trabalhadores com salário mínimo

Ao invés de pregar uma nova contra-reforma, Garibaldi Alves deveria brigar pela elevação dos salários dos trabalhadores, que aquecem o mercado interno e reforçam o próprio caixa da Previdência Social. Segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Dieese), do total de 87.923.586 de pessoas empregadas no país, 50,6% ganham até um salário mínimo, 85,4% até dois mínimos e apenas 14,6% recebem acima destes valores. Como nordestino, o ministro devia saber que os trabalhadores da sua região são os recebem os menores rendimentos - 73,8% ganham até um salário mínimo. Isto sim é que é "injusto"! 

2 comentários:

Anônimo disse...

Além disso, o Sr. ministro é o que pode existir de PIOR numa política regional . . . é filhote de oligarquia, provém duma família que há décadas explora a população miserável do RN que por sua vez num ciclo vicioso dos mais nefastos os mantém no poder. Para completar esse cenário dantesco acrescente-se a patética e rídicula (eterna) encenação de "bom-moço" por parte do ministro para ludibriar os tolos eleitores potiguares garantindo assim sua sobrevivência política.

Em 2010 aliou-se aos "Maias" - do Sr. José Agripino, outra oligarquia aqui do RN, com o intuito - infelizmente vitorioso - de não perderem o controle político do estado elegendo um governo do DEM que vem se mostrando, tal como esperado, pífio, retrógado e inócuo. Sem falar no apoio incondicional prestado ao candidato José Serra naquela campanha.

A vida só não é injusta para com o Sr. ministro, pois apesar de tudo isso ainda foi agraciado com uma pasta ministerial.

Vejam isto, http://www.ailtonmedeiros.com.br/garibaldi-alves-tambem-votou-em-serra/2011/07/28/

Anônimo disse...

Como diria o famigerado Boris Casoy:
"Isto é uma vergonha".
FHC criou o nefasto poder previdenciário e o governo LULA/DILMA até agora não teve peito para acabar com esta praga.

Se não houver mobilização popular nas ruas de todo o país, este fator injusto ficará até o ano 3000.