domingo, 18 de novembro de 2012

O baixo salário no setor de serviços

Por Altamiro Borges

O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) divulgou há poucos dias os dados da sua Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada nas sete principais regiões metropolitanas do país. Ela revela números positivos, mas também preocupantes. Confirma que o setor de serviços garantiu a estabilidade da taxa de desemprego em setembro, com o aumento de 0,5% na ocupação em relação ao mês anterior. Ele gerou 53 mil empregos. O triste é que o setor continua pagando os piores salários.

No acumulado dos últimos 12 meses, o desempenho do setor de serviços é ainda mais expressivo. Houve crescimento de 5,1% no nível de ocupação, representando a criação de 556 mil postos de trabalho. Esta acentuada expansão das vagas, porém, ofusca as péssimas condições de trabalho e os míseros salários pagos no setor. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), das dez ocupações que mais geram vagas na área de serviços, só quatro têm salário médio de admissão acima de R$ 1.000,00.

Exploração no telemarketing

Para piorar, a rotatividade no emprego é uma das mais altas no mundo do trabalho. As empresas usam este expediente com objetivos econômicos e políticos. A rotatividade serve para rebaixar salários e para dificultar a organização sindical dos trabalhadores. Um dos piores exemplos neste sentido é o das poderosas empresas de call center. Nos últimos anos, elas têm migrado dos centros urbanos do Sudeste para outros estados com a nítida intenção de explorar uma força de trabalho mais barata e ainda desorganizada.

Segundo reportagem de Marianna Aragão, publicada na Folha de hoje (18), “a migração já provoca uma retração na participação dos Estados do Sudeste no total de empregados do setor. Ela caiu de 62% para 59,5% nos últimos dois anos, quando este movimento se intensificou. A fatia do Nordeste passou de 9% para 11% no período. Centro-Oeste e Norte também aumentaram sua participação no total de funcionários de call centers, segundo dados da Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente)”.

A empresa de telemarketing Contax, que fatura anualmente R$ 3 bilhões, inaugurou em 2011, no Recife, uma unidade de atendimento com 15 mil trabalhadores. “Apesar de o piso salarial ser o mesmo em todo o país, lá conseguimos reduzir os custos com remuneração variável, como transporte e alimentação, que são mais altos em São Paulo”, justifica Marco Schroeder, diretor da Contax. Outras grandes empresas do setor, como Atento, CSU e Provider, também já instalaram as suas unidades no Nordeste.

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