quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Mídia: Nada de novo na SIP

Por Venício A. de Lima, na revista Teoria e Debate:

Fundada em Cuba, ao tempo de Fulgêncio Batista (1943), com sede em Miami, EUA, a SIP reúne os donos dos principais jornais privados das Américas e é fruto do ambiente de disputa ideológica da guerra fria, pós-Segunda Guerra.


Entre as posições que tem defendido, a SIP se opõe obstinadamente à revolução cubana, foi contra o sandinismo na Nicarágua, apoiou o golpe contra Salvador Allende no Chile, foi contra o debate sobre a Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (Nomic), na Unesco, na década de 1980. Mais recentemente, tem sido crítica implacável dos governos latino-americanos que propõem a regulação democrática do mercado das empresas de comunicação.

Ao longo das últimas décadas, por óbvio, o mundo mudou. A América Latina mudou. Em particular, o mundo das comunicações mudou. A revolução digital e a convergência tecnológica refundaram os conceitos e a prática da produção e da distribuição de notícias. A mídia impressa passa por transformações profundas e até mesmo a sobrevivência dos jornais – no formato atual – tem sido questionada.

Mas a SIP não mudou. Suas bandeiras e sua linguagem não mudaram. A cada ano, a cada assembleia, reafirma seu repúdio aos avanços que a maioria da população latino-americana vem conquistando, democraticamente, nas últimas décadas. Seu ideário continua o mesmo dos velhos tempos da guerra fria e das ditaduras militares e/ou civis que ajudou a instalar e com as quais colaborou em todo o continente.

Nas conclusões da assembleia realizada no Brasil está escrito:

A violência contra a integridade física dos jornalistas e a crescente intolerância dos governos autoritários são os principais problemas que a imprensa independente no continente enfrenta hoje. [...] E uma feroz ofensiva liderada pelos presidentes da Argentina, Equador e Venezuela tenta silenciar o jornalismo independente nos seus países mediante leis para regular o exercício do jornalismo, discriminação na concessão da publicidade oficial e imensos aparatos midiáticos estatais e privados utilizados para difamar e para promover campanhas sujas. [...] No Brasil, a justiça continua emitindo decisões contra a mídia para impedir a circulação de informações (ver aqui).

Para a SIP, seus membros e seus aliados, “imprensa independente” e “jornalismo independente” são equacionados com a cobertura política que a grande mídia fez e continua a fazer na América Latina, incluído o Brasil.

“Independente” é considerar liberdade da imprensa como liberdade de expressão e excluir milhões de vozes que permanecem secularmente impedidas de participar do debate público. Na ressignificação da SIP, “independente” identifica, de fato, imprensa e jornalismo opinativos e partidarizados, defensores de uma democracia elitizada e excludente em pleno século 21.

Acima de tudo, para a SIP hoje, “independente” é o código para um liberalismo arcaico que luta sem tréguas contra qualquer forma de interferência do Estado para garantir direitos da cidadania; contra qualquer forma de regulação democrática, mesmo aquela que existe há décadas nas democracias liberais mais avançadas do planeta; contra tudo que possa pôr em risco os imensos privilégios dos oligopólios privados de mídia na América Latina.

A SIP continua no tempo da guerra fria. Não mudou. Nem mudará.

3 comentários:

Unknown disse...

Miro, "A melhor defesa é o ataque" e "A pior dor é a do Bolso"...
O PT tem que atacar...Não pode ficar esperando.
1. O PT tem que defender o Partido e o Governo;
2. O Governo tem que alterar a Divisão das Verbas de Publicidade do Governo e das Estatais;
3. O PT tem que apresentar Emendas para fazer uma Reforma Geral no Judiciário;
4. O Governo tem que rever as Concessões das Comunicações e da Energia Elétrica;
5. Os Deputados, Senadores e Ministros do PT tem que começar a Trabalhar.

Só assim o PIG recuará...

Paulo Ernesto Serpa disse...

Parabéns, professor Venício Lima. Suas ideias contribuem para oxigenar o pensamento dos brasileiros, que vêm sendo bombardeado pelos donos dos meios de comunicação do País, principalmente os que buscam manter eternamente sua hegemonia. Graças à Internet podemos ter acesso a diversidade de opiniões que alimentam a inteligência nacional.

Yacov disse...

Que eu saiba, a violência contra repórteres tem ocorrido contra repórteres progressistas, ou seja, dos ditos Blogs Sujos, que eles criticam e odeiam tanto, e não contra repórteres da grande mídia, a não ser que aquele empurrão que a repórter da gloeBBBels, monalisa peperoni, levou num aeroporto, seja encarado como uma agressão. Que caras de pau... E o que os EUA estão fazendo com o ASSANGE e o MANNING, o soldado americano que vazou os telegramas para o WIKILEAKS é o que, senão a mais covarde tortura, censura e cerceamento da liberdade de expressão?? Pimenta no olho dos outros é colírio... Eles são INDENCENTES demais!! FORA SIP!! LEI DE MÍDIAS, JÀ!! "O BRASIL PARA TODOS não passa na glOBo - O que passa na glOBo é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"