segunda-feira, 22 de outubro de 2012

STF está agindo como uma quadrilha?

Por Antônio Mello, em seu blog:

A partir da dominante tese de "domínio do (ou de para outros) fato", em que a evidente presença de orelha, rabo, pé, costela e barriga de porco significa que estamos diante de um porco, por mais que estejamos diante de uma fumegante feijoada (leia aqui), tudo é possível no estranho universo do STF, que julga com uma faca no pescoço, espetada pela mídia corporativa.

Então, por que não podemos especular que as excelências supremas estejam agindo como quadrilha organizada para derrubar um governo legitimamente eleito, reeleito e novamente eleito por maioria, em eleições livres e democráticas?

Seria apenas uma simples coincidência o julgamento do tal mensalão do PT ocorrer no exato e preciso instante das eleições municipais?

Por que o julgamento do mensalão mineiro pôde ser desmembrado e o do PT não, se o juízes que analisaram os mesmíssimos pedidos são em sua grande maioria os mesmos?

Quem não se lembra da pressão da mídia e de vários dos ministros para que o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, entregasse logo seu texto? Por que a pressa? O ministro chegou a confessar que estava sendo constrangido, e emitiu nota sobre o assunto :

"Sempre tive como princípio fundamental, em meus 22 anos de magistratura, não retardar nem precipitar o julgamento de nenhum processo, sob pena de instaurar odioso procedimento de exceção."[Fonte]
A desculpa oficial era que se pretendia acelerar o processo para permitir o voto do ministro Peluso, que se aposentaria em setembro. O que o povo brasileiro e os acusados tinham a ver com isso pareceu irrelevante.

Mas o fato é que coincidiu o julgamento do mensalão com as eleições.

Agora, às vésperas do segundo turno, há nova correria no STF, sob alegação de que tudo deve ser votado até semana que vem (exata e coincidentemente a das eleições) porque o relator terá de viajar para tratamento de saúde. O mais ridículo é que a tal ausência seria de no máximo uma semana. Por que o processo de há sete anos não pode esperar uma semana?

Então, o que fica parecendo é que o objetivo apenas é fazer coincidir o julgamento e a condenação com o segundo turno das eleições.

Aliás, o insuspeito Estadão acaba entregando o esquema - o objetivo do STF é municiar as campanhas oposicionistas - com matéria curiosamente intitulada "STF acelera julgamento e pretende definir punições a três dias do segundo turno":

A conclusão do julgamento dará nova munição às campanhas de adversários do PT pelo País, que já têm explorado, por exemplo, a condenação do ex-ministro José Dirceu e dos ex-dirigentes do partido José Genoino e Delúbio Soares. Até lá, além de julgar se houve a formação de uma quadrilha para cometer os crimes denunciados pelo Ministério Público, a definição das penas indicará quais réus terão de cumprir pena em regime fechado ou em semiaberto.
Mais diretos que isso, só se gritassem GOLPE!...

Ontem, para "agilizar" o processo, os ministros cancelaram uma sessão ordinária do STF, sob protesto do ministro Lewandowski, que argumentou que outros processos precisavam da atenção do Supremo, inclusive com pedidos de habeas corpus. Foi voto vencido, o que significa que também pessoas que poderiam sair da prisão na terça que vem continuarão na cadeia para que o processo do mensalão coincida com as eleições.

Se as excelentíssimas excelências podem julgar e condenar a partir de indícios, por que nós não? Para isso, posso usar as mesmíssimas palavras do excelentíssimo ministro Celso de Mello:

“Há elementos probatórios, não importa se indiciários, ainda mais se são indícios convergentes, que se harmonizam entre si e não se repelem e não se desautorizam mutuamente” [Fonte]
É exatamente o que acontece com esta coincidência mensalão-eleições: "indícios convergentes, que se harmonizam entre si e não se repelem e não se desautorizam mutuamente".

Não me surpreenderei se o desfecho do drama, ou da farsa, for a prisão imediata dos réus, para que sejam produzidas imagens para a mídia corporativa tentar levantar candidaturas de oposição ao governo.

O presidente do STF Ayres de Brito chegou a afirmar que o PT tentou um golpe republicano. Não estarão os ministros, em conluio com a mídia, tentando um golpe supremo?

Acho bom as excelências sacudirem a poeira com suas capas pretas e prestarem atenção a dois "dados concretos" (como diria nosso presidente Lula):

1- A presidenta tem quase 80% de aprovação
2- A presidenta já mostrou na ditadura que não foge à luta.

5 comentários:

abecedario disse...

Este julgamento lembra muito o "Homem que Calculava". No Capítulo XXVIII, o calculista é interrogado por um sábio: "É possível, em matemática, tirar-se uma regra falsa de uma propriedade verdadeira? Quero ouvir a tua resposta, ó calculista, ilustrada com um exemplo simples e perfeito." E o calculista prova que, por indução, os fatos são distorcidos:"Admitamos que um algebrista curioso desejasse determinar a raiz
quadrada de um número de quatro algarismos. Sabemos que a raiz quadrada de um número é outro número que, multiplicado por si mesmo, dá um produto igual ao número dado. Vamos supor, ainda, que o algebrista, tomando, livremente, três números a
seu gosto, destacasse os seguintes números: 2025, 3025 e 9801(...)Essa regra, visivelmente errada, foi tirada de três exemplos verdadeiros. É possível, em matemática, chegar-se à verdade pela simples observação, fazendo-se mister, entretanto, cuidados essenciais para evitar a falsa indução". Salve, Malba Tahan.(http://www.tse.gov.br/hotSites/biblioteca/corujita/arquivos/O_homem_que_calculava.pdf)

Luis disse...

Supremo escroto, abaixo.

Anônimo disse...

Esses dois dados são fatos concretos, e não indícios como gostam a maioria dos ministros, e provas de que o povo não é bobo, nem está aqui pra bricadeiras de mau gosto.

Ana Cruzzeli disse...

Tô sentindo que é por aí, PRISÃO. Se assim for temos provas não tênues que VÁRIOS MINISTROS estão sendo chantageados por indiscrições passadas que podem ser levadas a publico se não prenderem o malvado do Zé Dirceu, ou pelo menos Genuíno

Anônimo disse...

Dizer que os supremos estão com a faca no pescoço é oque se mais lê por ai, mas acompanhando pela tv não vi a agonia e sim o prazer na citada corte e temo as lições que os alunos do direito vão levar para suas carreiras futuras uma lição ja se pode tirar que se for impossivel pela lei é só recorrer ao supremo que la tem jogo.