sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As Conexões Globais de Porto Alegre

Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:

Entre as mais de 900 atividades que comporão o Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre, na próxima semana (24 a 29/1), uma parece especialmente atual e provocadora. Chama-se Conexões Globais 2.0 e ocupará, de terça-feira a sábado, das 14 às 22h, um espaços culturais emblemáticos de Porto Alegre: a Casa Mário Quintana. Está focada em alguns dos processos que mais causarão impacto entre as sociedades, em 2012 e nos próximos anos. Debaterá crise do capitalismo, novas revoltas sociais, possível invenção de uma democracia 2.0, busca de novas relações entre ser humano e natureza.



Mas não o fará por meio de palestras aborrecidas, nem reproduzindo a hierarquia tradicional entre palco e plateia. Em certos momentos (Diálogos Globais, todos os dias às 16 e 18h15), estabelecerá conexões diretas entre os presentes na Casa Mário Quintana (o compositor Gilberto Gil, por exemplo) e participantes de movimentos como a Primavera Árabe, os Indignados, o Occupy em Nova York e Londres. Por meio de uma série de Painéis (às 14h), colocará em contato (e, talvez, confronto), ativistas que lutam por uma nova democracia e integrantes de governos que, ao menos em palavras, dizem estar sintonizados com tal aspiração.

Na maior parte do tempo, vai se desdobrar em Oficinas e Desconferências. As primeiras visam compartilhar saberes sobre ativismo (inclusive digital). Estão na pauta, entre outros aspectos, a montagem de redes livres para acesso à internet, que dispensam um servidor central e (principalmente) as operadoras de telecomunciações; o uso de ferramentas gratuitas (webmapas, textos interativos, etc) o jornalismo 2.0; o uso de lixo eletrônico para criar objetos de arte; a construção de web-rádios; a plataforma WordPress (empregada inclusive por Outras Palavras) como ferramenta para criação rápida de poderosos sites e blogs em rede.

Já as Desconferências são para troca de ideias sobre Participação 2.0, Cultura Digital e Sustentabilidade. Sua programação será construída pelos próprios participantes. Completam a receita, no final da tarde e início da noite, Conexões Culturais que valorizam a diversidade brasileira. Pretendem promover encontros entre a Cultura Popular e Cultura Digital. Incluem shows, literatura, cinema livre, grafitagem, bicicletada, DJs/VJs, artes plásticas, fotografia e outras formas de expressão.

Tudo isso poderá ser acompanhado presencialmente, pelos que participarem do FST, em Porto Alegre; ou de qualquer parte do mundo, via web-streaming. Mas as narrativas de Conexões Globais serão feitas horizontalmente, pelos próprios participantes. Uma Agência de Comunicação Colaborativa permitirá a eles colocar no ar, instantaneamente, os textos, fotos, vídeos e áudios que produzirem sobre o encontro.

Conexões Globais é obra coletiva, mas vale destacar dois de seus animadores. O ativista digital Marcelo Branco e a produtora cultural Carla Joner tiveram a ideia. O escritor Jeferson Assumção, secretário de Cultura do Rio Grande do Suo, fez contribuições muito relevantes. Marcelo vai na estrada da colaboração transformadora e das redes há muitos anos. Sindicalista na década de 1990, atuou na luta em defesa da Telebrás, privatizada no governo FHC. Na virada do século, ajudou a criar o Fórum Internacional do Software Livre (o FISL). coordenou por anos o Campus Party brasileiro. Vê Conexões Globais 2.0 como “uma ponte entra a história do Fórum Social Mundial e os novos protagonistas das mobilizações sociais massivas de 2011.” Pretende armar o circo mais vezes — a começar no Rio de Janeiro em junho, durante a Rio+20 e a Cúpula dos Povos.

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