quinta-feira, 9 de junho de 2011

A perigosa direitização da Europa

Pedro Passos Coelho, ultraconservador do PSD
Por Altamiro Borges

Enquanto a vitória de Ollanta Humala no Peru confirma a guinada à esquerda na América Latina, na Europa, cada vez mais velha e devastada pela crise capitalista, a direita continua vencendo eleições. Na maioria dos casos, ela assume abertamente posturas de extrema-direita, fascistizantes. Responsável direta pela grave crise econômica na região, ela utiliza oportunisticamente os efeitos destrutivos e regressivos do neoliberalismo para jogar trabalhadores contra trabalhadores – europeus contra imigrantes.

O resultado da eleição em Portugal, na semana passada, confirma esta tendência altamente perigosa. Com um discurso racista e xenófobo, o ultraconservador PSD venceu o pleito. Entre outras propostas, ele defende cortes nos gastos sociais, nova rodada de privatizações, enrijecimento na relação com o movimento sindical e medidas duras contra os imigrantes. Pedro Passos Coelho, novo primeiro-ministro, promete acelerar a aplicação do receituário neoliberal, antes já bancado pelos neoconvertidos do PS.

Os efeitos da crise capitalista

A direitização de Portugal é expressão de uma tendência que já corrói boa parte da Europa. A própria Folha, tão avessa às forças de esquerda, registrou esta guinada de direita em editorial recente. “Hoje, em apenas cinco dos 27 países que compõem a União Européia (UE) persistem governos que podem ser rotulados como de centro-esquerda. No principal remanescente, a Espanha, os socialistas parecem enveredar para uma derrota nas próximas eleições gerais, cuja data-limite é março do ano que vem”.

Dois fatores explicam este fenômeno altamente negativo. O primeiro é o agravamento da crise capitalista no velho continente. A Europa, que já patinava em taxas declinantes de crescimento economia, foi duramente atingida pelo colapso nos EUA a partir de 2008. Bancos e indústrias entraram em falência; o desemprego bateu recordes históricos; a renda do trabalho foi arrochada. Na operação de socorro aos capitalistas, o Estado desembolsou bilhões de euros e comprometeu ainda mais a saúde da economia.

A conversão da socialdemocracia

O segundo fator é político. Diante da violência da crise capitalista, governos hegemonizados pela socialdemocracia, cada vez mais centrista, acabaram se curvando de vez diante do “deus-mercado” e aplicaram receitas neoliberais. Essa traição deu brechas para a ofensiva da direita européia. Demonizando os imigrantes e apresentando-se como melhor gestora da crise – o que é uma baita falsidade, como indica o desastre dos governos da França e Itália –, a direita surgiu como alternativa para os desesperados.

O velho continente está na encruzilhada. A crise inferniza a vida dos trabalhadores. Em Portugal, o desemprego já supera os 12% da população economicamente ativa, o mais alto em 20 anos, e deve piorar – em 2011, o PIB deve sofrer uma retração de 2%. Na Espanha, a situação também é grave – com mais de 40% dos jovens sem emprego. Isto para não falar da Grécia e da Irlanda, que já sucumbiram à crise econômica e hoje são vítimas das humilhações impostas pelo FMI e pelo Banco Central Europeu.

O espectro da fascistização

A crise até aguça os protestos populares – como nas oito greves gerais na Grécia, nas combativas paralisações em Portugal ou na “revolução dos indignados” na Espanha. Mas estas revoltas ainda não conseguiram alterar a correlação de forças e produzir alternativas de poder efetivamente comprometidas com a superação do neoliberalismo, expressão do capitalismo na fase atual.

Neste vácuo, a direita apela para o discurso xenófobo e racista para galgar postos. O espectro da fascistização ronda a Europa!

7 comentários:

Ana Cruzzeli disse...

É por isso Altamiro,

Que devemos lembrar a esses paises o quanto são sortudos, afinal não tem que receber todos os dias bombas enriquecidas de uranio empobrecido teleguiados em suas cabeças.
A situação da Europa, ainda não cansada de guerra, é triste, dificil, contudo está longe do que ocorre na Libia, Afeganistão, Iraque e tantos outras vitimas deles proprios.

Jamais caro Miro, jamais vou chorar por eles. Choro sim pelos outros que não tem a mesma sorte de poder acampar nas ruas e reclamar da merreca de salario ou de não ter salario, mas ainda tem vida.

Nunca tive tanto odio dos EUA, da Grã-Bretanha, da França. Se os trabalhadores europeus e estadunidenses não perceberem do que se trata, nada adiantará. Se eles não brigarem pela paz nada se resolverá.

Tudo caro Miro, tudo começa na JUSTIÇA. Devemos sempre ser justos até mesmo com os inimigos.

O Ban Ki-Moon vem ao Brasil, vem certamete pedir apoio às guerras civilizatorios que ele tanto adora. Ele se tornou meu alvo favorido. Devemos atacar essas pessoas e mostrar o HORROR que eles praticam.

Não tenho duvidas, nunca tive tanta certeza, tanta convicção que o Brasil hoje representa muito, representa exemplo para os trabalhadores de todo o mundo. Aqui tudo dá certo desde 2003, isso porque pregamos e praticamos a paz.

Haverá o encontro dos blogueiros, vocês já tem temas para discutir, contudo o tema que deve nortear a todos vocês é a construção de um pais justo. Comunicação não avança sem justiça.

Vocês tem uma missão nessa construção, todos nós temos, cada um no seu foro, em sua arena. A minha é outra é lá que me sinto confortável, contudo separados somos fracos. É disso que se trata.

Espero que os recentes acontecimentos sirvam de lição para todos. Nossos inimigos são outros e estão na outra margem do rio se nos misturamos a eles iguais ficamos.

Encampei a luta pela conquista do territorio da PALÓCIA, como o Zé Augusto, dos amigos do Brasil, ora está a chamar. Temos que lembrar a todos que defender a Dilma, Lula, e todos os nossos iguais é missão, quem transformou esse país foram eles, logicamente os partidos de esquerda juntos e de centros também, afinal isso o Lula sempre nos ensinou. Tudo que eles defendem é para o bem, para o mal sabemos onde encontrar.
Enfim, sempre falo demais, mas é o que penso.

ALON disse...

Blog Cidadania 1
O Eduardo do blog Cidadania me bloqueou novamente.
Pego no pé do Eduardo porque ele é um dos organizadores do encontro nacional dos blogueiros progressistas.
Vai algumas lições para Eduardo Guimarães do blog Cidadania.
"Em segundo lugar , você deve encarar os comentários como uma valiosa ferramenta de reportagem e não menosprezá-los como fazem muitos jornalistas."pg.61
Jornalismo 2.0:Como sobreviver e prosperar.
Mark Briggs



Blog Cidadania 2
Licões para Eduardo Guimarães
"Você pode estimular comentários adicionando seus próprios comentários a qualquer debate sempre que houver necessidade de esclarecimento, redirecionando ou simplesmente de um voto de confiança. Como por exemplo:"Grandes comentários, amigos. Continuem comentando". Você pode chamar a atenção para observações inteligentes ou questões pertinentes transformando-as em posts do blog. Com isoo você alimenta facilmente seu blog e transmite aos leitores a idéia de que eles são importantes para você. Isto é fundamental, porque uma das razões pelas quais os blogs são populares é que eles levam em conta a interatividade e dão aos leitores um sentindo de participação".Pg. 61
JORNALISMO 2.0: Como sobreviver e prosperar

Blog Cidadania 3
Lições para Eduardo Guimarães
"Comentários podem se transformar em ouro, mas eles também podem encher seu blog de lixo. Não deixe que umas poucas maçãs podres arruínem a conversa com todos os leitores. Oriente os comentários para que seus autores se atenham ao tópico em questão e mantenham um discurso respeitoso. se funcionarm, você vai se sentir à vontade como se estivesse conversando num bar, numa sexta-feira à noite. Mas às vezes as pessoas se descontrolam e merecem ser afastadas."pg.62
Jornalismo 2.0: Como sobreviver e prosperar
Mark Briggs



Blog Cidadania 4
Lições para Eduardo Guimarães.

"Humildade." pg. Sabedoria
Autor: A Vida

Anônimo disse...

"na Europa, cada vez mais velha e devastada pela crise capitalista..."

A noção da Europa como "O velho continente" é uma construção ideológica imperialista de meados do século 19. A europa é "velha" por fechar-se em sí como se fecham as civilizações inseguras. A europa não é o mais velho continente, e nem a mais antiga civilização. Serviu-se sim, como acontece com os usurpadores contumazes, da sabedoria e descobertas das outras civilizações para construir a sua própria imagem como de "continente superior", habitado por uma civilização superior". Balelas que tornaram-se verdade de tanto que são repetidas até por pessoas ilustradas.

Saudações fraternas,

Deusdédit R Morais
http://vinteculturaesociedade.wordpress.com/

Graziele Saraiva disse...

Muito bom seu texo Miro, tomo a liberdade de resproduzi-lo em meu blog. Realmente, o raciscmo e a xenofobia estão ganhando tanto votos quanto espaço, e cada vez mais. Isto deve ser realmente caracterizado como velho! A esperança é que o movimento dos indignados espanhóis tenha reflexos nas urnas. Abraço grazi http://grazaza.blogspot.com/

RLocatelli Digital disse...

Por outro lado, em países como Grécia e Espanha, há uma esquerdização. Nos últimos dias, a Grécia testemunhou milhões de pessoas nas ruas protestando.

Anônimo disse...

A bancarrota dos paises europeus deve-se a décadas de esquerdização e nao as politicas neoliberais como afirma o Blog do Miro. A verdade e o bom senso econômico estão se impondo lentamente em todos os cantos do planeta: Russia, China, Europa. Os europeus finalmente criaram juizo. Espero que seja definitivo.

Anônimo disse...

"Seu comentário foi salvo e será exibido após a aprovação do proprietário do blog".

Bem típico. Viver de ilusão é o passatempo ideal dos regimes esquerdistas.