sábado, 4 de junho de 2011

Palocci e a pergunta que não foi feita

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

É óbvio que Antonio Palocci jamais vai revelar os clientes para os quais trabalhou, que é o cerne do debate que se trava em torno de sua permanência na Casa Civil.



A revelação mataria futuras oportunidades dele como… consultor.

Portanto, Palocci está mais uma vez protegendo seus negócios pessoais, em detrimento do interesse público.

Por que é importante saber quais foram os clientes de Palocci?

Para que a opinião pública monitore as relações destes clientes com entes públicos hoje subordinados a Palocci.

Há quem argumente que, como Palocci, outros já fizeram o mesmo, esquecendo o essencial: outros o fizeram depois de deixar o governo.

Palocci saiu, enriqueceu como consultor — em período eleitoral, diga-se — e voltou.

Ontem, no Jornal Nacional, o ministro disse: “Eu não fiz tráfico de influência, como eu provo isso?”.

Simples, revelando a lista de clientes.

O ministro também pediu aos telespectadores que dessem a ele o benefício da dúvida. Afinal, todo mundo é inocente até prova em contrário. O apelo dele para que as pessoas confiassem antes de desconfiar foi o melhor momento da entrevista. Bastante razoável.

Eu, se estivesse lá, perguntaria:

Ministro, o problema é que em 2006 o senhor disse, em nota dirigida ao presidente Lula: “Quero esclarecer, senhor presidente, que não tive nenhuma participação, nem de mando, nem operacional, no que se refere à quebra do sigilo bancário de quem quer que seja. Reafirmo ainda que não divulguei nem autorizei nenhuma divulgação sobre informações sigilosas da Caixa Econômica Federal”. No entanto, recentemente, a Caixa Econômica Federal atribuiu a seu gabinete o vazamento das informações relativas a Francenildo. Se não foi o senhor, o senhor apurou qual auxiliar fez o vazamento? O senhor não acha razoável, diante dessa dúvida, que as pessoas tenham o direito de desconfiar?”

Talvez o JN colocasse a pergunta e a resposta no ar. Talvez.

PS do Viomundo: Insisto que não há qualquer prova material de enriquecimento ilícito, nem de tráfico de influência, contra Palocci, pelo menos formalmente. O problema é ético e político. Teremos um ministro vagando por aí, num cargo-chave do governo, com uma tremenda nuvem negra sobre a cabeça. A oposição vai tirar proveito da nuvem para provocar chuvas e trovoadas quando bem entender.

4 comentários:

Anônimo disse...

Os dados foram encaminhados ao Ministério Público e a Receita Federal tem a evolução do patrimônio....Cad~e as provas de dolo? Ele , como argumentou, é que tem que provar o que não teria feit? Estranho...

Ana Cruzzeli disse...

Altamiro

O que eu acho mais engraçado que no ano passado quando Palocci estava ralando com os demais para eleger a primeira mulher presidente, ninguém estava nem aí para a vida do homem. O que importava era manter alguém que levasse o trabalho do Lula adiante.
Quando o Palocci foi indicado ministro ele fez todas as declarções a quem interessava era de direito, novamente ninguém estava preocupado com a vida do homem a não ser o PHA.
Aí o cara faz um excelente trimestre de governo, aí sim todo mundo aponta defeito que não existe.
Essa historia do caseiro já foi pago pelo Palocci com juros e correção monetária. Técnicamente ele não violou o sigilo, contudo pelo que se sabe usou tais informações para fins pessoais, afinal o casamento do homem estava correndo risco de acabar.
Eu de minha parte se alguém dissesse algo mentiroso que podesse fazer com que meu companheiro duvidasse da minha palavra e quisesse romper comigo faria isso e muito mais, afinal almas gêmeas são rarissimos. Quem já perdeu uma por bobagem sabe do que estou falando.

P.S. Acharia muito bonitinho se Palocci assumisse que pegou no sigilo para salvar seu casamento. Ele com certeza cresceria muito no conceito feminino, acho até que no masculino também. Eu mesma dou o maior apoio. Qual homem ou mulher que nunca fez loucuras por amor? Deus perdoa, eu também.

Anônimo disse...

Altamiro. Desculpe mas discordo de você. O Palocci deve entregar a lista de clientes à Justiça e não expô-los ao público. Mesmo se ele for inocente o nome dessas empresas pode ficar mal. Questão de marketing. Se for provado um delito, aí sim elas devem vir à público.

Anônimo disse...

Não tenho nenhuma simpatia pelo Paloci. Achei um equívoco sua nomeação como ministro, mas quem tem que provar que ele fez tráfico de influência, é quem o acusa, senão a situação ficará insustentável. Quem será o próximo acusado e candidato a cair do governo? Caso o jornalismo da grande mídia fosse sério, mereceria credibilidade, mas já sabemos que a mídia age de acordo com os seus interesses ou dos grupos que defendem. Não será bom para a democracia ser influenciada pelo denuncismo. Deixemos que os órgãos competentes resolva, o Ministério Público deve mostrar se há indícios para abrir um processo, ai sim, o Paloci terá que sair, mas não pelo denuncismo, será uma ameaça a democracia.
walsil