segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ollanta Humala e um recado para o Brasil

REUTERS/Eric Danino
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Em Portugal, o Partido Socialista sofreu uma derrota histórica nesse fim-de-semana. Segue a trilha do PSOE espanhol – derrotado pelos conservadores nas eleições locais, prenúncio do que deve ocorrer nas eleições nacionais. Portugal e Espanha têm em comum a crise econômica, o desemprego (mais dramático em terras espanholas) e o fato de serem governados há vários anos por agremiações de centro-esquerda (que, no poder, assumiram a receita do FMI pra “recuperar” a economia). Diante da crise, o povo pensou: entre o conservador de verdade e o de mentirinha, fico com o original!



A crise econômica deve empurrar a Europa mais pra direita (com exceção, talvez, da Itália – onde um Berlusconi desgastado por cafajestices sem fim pode ser derrotado pela centro-esquerda). Cresce o discurso contra o imigrante, cresce o nacionalismo conservador – que tantos males já provocou no velho continente.

Quase ao mesmo tempo, a América do Sul dá mais um passo para a esquerda – ainda que moderada. No Peru, Ollanta Humala venceu a filha de Fujimori, numa eleição duríssima! O curioso: a economia peruana cresce sem parar há uma década. Mas a economia não foi suficiente para que o povão votasse em candidatos associados ao programa liberal de Toledo e Alan Garcia (os dois últimos presidentes). Venceu Ollanta, nacionalista de esquerda, que moderou o discurso durante a campanha e, na reta final, conquistou até o apoio do genial escritor (e conservador) Mario Vargas Llosa.

Ou seja: na Europa, o povo puniu a centro-esquerda (que estava no poder) pela falta de crescimento econômico. Na América do Sul, crescimento só não basta – como mostraram os peruanos.

Os “mercados” tentarão domar Ollanta nos próximos meses. Ele terá mesmo que assumir compromissos com a classe média que rejeita o “chavismo”. Mas não pode esquecer que só chegou ao poder porque os peruanos consideram crescimento, por si só, insuficiente. O Peru – desde Fujimori – reduziu direitos trabalhistas, massacrou sindicatos, encurralou movimentos sociais. A vitória de Ollanta é um sinal de que o país precisa criar programas sociais que signifiquem redução da miséria, distribuição de renda, respeito ao trabalhador.

É por isso que Ollanta tentou se apresentar mais na linha de Lula do que na linha de Chavez (apesar da história pessoal dele, ex-militar, ser muito mais parecida com a do venezuelano).

O resultado das eleições no Peru (e também na Europa) é um sinal importante para o governo Dilma. O povo quer crescimento, claro. E a gestão da economia parece ser das (poucas?) áreas em que Dilma não cedeu às pressões conservadoras. Os “analistas” liberais bombardearam Mantega e o Banco Central no início do ano. A equipe econômica não cedeu. Aumentou juros de forma muito moderada, adotou outras medidas (“macroprudenciais”) e conseguiu conter a inflação sem sufocar a economia.

Isso é importante para Dilma. Decisivo até, eu diria. Se o governo tivesse errado a mão, poderíamos ter um crescimento em 2011 próximo de 2,5%. E tudo leva a crer que o Brasil – com Mantega e o BC firmes, sem ceder ao conservadorismo dos analistas e colunistas - vai seguir rodando a 4% ou 4,5%.

Mas crescimento apenas não basta. E esse é o recado que vem dos peruanos.

É preciso, claro, manter as políticas sociais que vêm de Lula! E é preciso – sobretudo – notar a nova tendência que vem de Belo Monte, dos bombeiros do Rio, dos professores e ferroviários: se o Brasil cresce (e se temos um governo popular), queremos dividir esse bolo, queremos viver melhor, ganhar mais!

Nada de anormal: na hora do crescimento, trabalhadores sentem-se mais fortes para reivindicar. Pancada em bombeiros que querem ganhar mais não resolve!

O lulismo (e especialmente alguns de seus aliados, na gigantesca coalizão) parecem não se dar conta de que algo começa a se mover na sociedade brasileira. A paz social dos anos Lula pode se romper diante de tantas demandas.

É cedo pra dizer que os movimentos sociais voltam à ofensiva – depois de anos e anos no banho-maria. Mas os sinais, aqui e ali, são claros: pra muita gente no Brasil, os ganhos (reais) advindos do lulismo são agora fato consumado. São o patamar, o piso. O brasileiro quer mais que isso.

Dilma e os aliados estão preparados pra lidar com isso? Não adianta acreditar que “crescimento” vai resolver tudo. E a eleição no Peru mostra isso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que isso Miro, tá delirando companheiro. O povo brasileiro, 90% da população está radiante, feliz com o governo Dilma. Tudo é bom demais. E vc em vez de defender o Palocci, tu tá fungindo disso. Qual a culpa do Palocci , cara? Sai fora disso , pq o dono da Casa Civil, Palocci, vai ficar por muitos anos. Não se esqueçam que alguns não o querem mesmo, alguns estão indo na boiada( feio), mais muitos e muitos alguns não querem que o Palocci sai, inclusive três, 3 grandes líderes: a Dilma, o Hugo Chaves e o ex Presidente Lula. Isso representa a grande maioria dos nossos políticos e principalmente nosso povo brasileiro.

Ana Cruzzeli disse...

Altamiro

Quando você for ter com Rodrigo Vianna ( Don Rodrigon do professor Hariovaldo Almeida Brado )...
http://hariprado.wordpress.com/2011/06/04/agente-infiltrado-fala-a-nacao-no-telejornal-dos-homens-bons/

Diz a ele que se eu o ofendi anteriormente na analise sobre o caso Palocci, que me perdoe, não tive a intenção. Depois de 2003 eu não consigo deixar que o sangue suba.
Não conheço o Palocci, nunca convercei com o Palocci. Tenho razões pessoais para defender o estado de direitos.
Tenho 60% de certeza de que Rodrigon é o Rodrigo, pois essa parte da frase do seu texto... ¨o de mentirinha, fico com o original!¨... É muito parecida com a do Don Rodrigon..¨tranqueira por tranqueira, não vote na imitação… vote no original¨. Logico posso está enganada se assim for deixa pra lá.
Sou velha demais para ter raiva, rancor de alguém, contudo sou velha demais para deixar de lutar por justiça, pois tudo começa daí.

Sei que vocês que foram os primeiros da globosfera, são amigos e conversam sobre comentários que um ou outro faz. Sei que seus ideiais não são menores que os daqueles que defendem o governo irrestritamente, até sei que Paulo Henrique Amorim ao atacar implacavelmente o Palocci está dentro de sua visão achando que ajuda Dilma, afinal na cabeça do PHA o Palocci é um tucano travestido de petista. Eu não concordo, mas aceito.

Sou professora, estou estudando a internet com muito cuidado, nunca usei os serviços de e-mail do Google pois nunca confiei. Quando faço comentários na rede tenho mais a intenção de estudar do que de interferir. Gosto de ver a reação das pessoas, quando publicam, quando deixam de publicar, quando leem e reproduzem de maneiro a concordar ou discordar, contudo ainda tenho muita cautela sobre essa nova ferramenta, é poder demais.

Fique em paz e diga ao PHA que continuo fazendo a novena em seu favor para ver se o encosto sai do seu corpo. Rsrs

BENJAMIN PEREA BLOG disse...

Hola, Ollanta Humala representa la esperanza de un pueblo que se ha sumergido en la pobreza, la ignorancia, la exclusion social, la violencia, la falta de empleo y salario digno; como resultado del modelo neoliberal que desde hace 20 años se impone en el Perú.
El pueblo peruano ve en Ollanta Humala una luz al final del tunel. Tenemos fe, en que hará un gobierno para el pueblo y con el pueblo.
saludos