segunda-feira, 23 de maio de 2011

Folha quer tirar sangue dos aposentados

Por Altamiro Borges

Todo o terrorismo midiático sobre o retorno iminente da inflação tem objetivos marotos. Visa defender os interesses do capital, em especial da oligarquia financeira. Para manter seus altos rendimentos, os neoliberais pregam, na maior caradura, a retirada de direitos dos trabalhadores. A mídia rentista cumpre o papel de bater o bumbo!


Dois ataques estão em curso. O primeiro é contra o salário mínimo. A mesma mídia que criticou as centrais sindicais por exigirem um aumento maior em 2011 – acusando-as de “romperem acordos” –, agora prega um reajuste menor em 2012. A desculpa é que o aumento previsto provocará a indexação dos preços, elevando a inflação. Contra os trabalhadores, a mídia defende a manutenção do acordo; já quando o acordo beneficia os trabalhadores, ela defende que seja rasgado. É muito cinismo!

Terceira reforma da Previdência

O segundo ataque também já está no forno. É por uma terceira fase da “reforma” da Previdência. A mídia, a serviço da oligarquia financeira, defende o aumento do tempo de aposentadoria e das contribuições previdenciárias. Em seu editorial de hoje (23), a Folha volta a bater nesta tecla – retomando velhas teses neoliberais.

O conteúdo é o mesmo; o invólucro é que muda. Desta vez, a Folha cita os exemplos da Europa para justificar o ataque. Afirma que no velho continente, devido à grave crise econômica, o tempo de aposentadoria já é mais elevado. Só não explica que a crise não decorre das pensões e aposentadorias, mas sim dos socorros bilionários aos especuladores – que já quebraram as economias da Grécia, Irlanda, Portugal e que contaminam outras nações européias.

Merkel, a heroína neoliberal

Marota, a Folha relata que Angela Merkel, premiê da Alemanha, exige que os países mais abalados pela crise elevem o tempo das aposentadorias para terem acesso a novos empréstimos. A medida, obviamente, esbarra em forte resistência – é uma das razões principais das greves recorrentes na Grécia e da atual onda de protesto na Espanha. Mesmo assim, a Folha afirma que este é o caminho. “Toda proposta de mudança no sistema previdenciário costuma trazer sério risco para a popularidade dos políticos”.

Tendo a neoliberal Merkel como heroína do deus-mercado, a Folha sugere a mesma “coragem” à presidenta Dilma e elogia o novo ministro da Previdência. “Garibaldi Alves Filho acerta ao colocar o tema em discussão. Ele propõe um plano para elevar a 65 anos a idade mínima. A regra valeria só para quem começar a trabalhar após a mudança”.

Alerta ao sindicalismo

A única ressalva à proposta do ministro é que ela ainda manteria o diferencial entre os sexos. “A expectativa de vida das mulheres é superior à dos homens. Parece recomendável, do ponto de vista econômico, a extinção desse diferencial no limite de idade”.

Como se observa, o salário mínimo e as aposentadorias estão no alvo da mídia neoliberal. O sindicalismo precisa ficar bem atento. Prepara-se uma nova ofensiva contra os direitos dos trabalhadores!

3 comentários:

Mauricio disse...

O que a mídia esquece de falar é que o Brasil não está em crise.
Outra baboseira que está indo por água a baixo é a "volta da inflação", eles já são obrigados a noticiar que a inflação está caindo e que os especialistas financeiros estão mais confiáveis.

Francisco de la Cruz disse...

Caro Miro, o jornal em questão e aquela revista cujo nome consta de um dos modos e um dos tempos em que o verbo VER é conjugado não estão objetivando apenas reformas no sistema previdenciário e na forma de reajuste do salário mínimo. Visam também, ENTRE OUTROS ALVOS (frise-se, pois o espaço é pequeno para citar todos), os reajustes dos salários ou o próprio emprego dos funcionários públicos (sejam eles estatutários ou vinculados à CLT), principalmente os que não pertencem às chamadas carreiras de Estado (vide conteúdo da PLP 248/1998), uma reforma trabalhista para aumentar a "competitividade da economia brasileira", e fortes investimentos do Estado em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos para depois serem concedidos por longos 30 ou mais anos à chamada iniciativa privada (nacional e transnacional) e, como não poderia deixar de ser, com uma forte ajuda do BNDES para "capitalizar" essas mesmas empresas nacionais e transnacionias que terão a concessão desses serviços, sem contar as tarifas e pedágios que serão cobrados por elas.

Anônimo disse...

Será que a FSP está religiosamente em dia com recolhimentos ao INSS das contribuições patronais e não se apropria daquelas descontadas dos empregados? Calma, estou somente testando hipóteses.

@Rivaldomoraes (twitter)