quinta-feira, 14 de abril de 2011

Kassab atropela PPS de Roberto Freire

Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira, 12, o PPS de Roberto Freire ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar conter a debandada dos seus parlamentares para o recém-criado PSD, encabeçado por Gilberto Kassab, prefeito da capital paulista. Há boatos de que o partido, um satélite dos demotucanos, poderá encolher pela metade – de 12 para seis deputados federais.



A ação direta de inconstitucionalidade contesta um inciso de resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que permite a troca de partido no caso da fundação de uma nova legenda. Para o PPS, a norma do TSE contraria o entendimento do STF de que o mandato parlamentar pertence ao partido. “De fato, a Constituição Federal consagrou os partidos políticos como sendo os verdadeiros representantes da população. Os mandatários são meros agentes partidários”, afirma um dos trechos da ação.

A ingratidão do ex-marajá

A chiadeira do PPS contra a infidelidade pode até ter base jurídica, mas representa uma baita ingratidão, conforme ironiza o blog “Amigos do presidente Lula”. “Quando foi demitido da vida pública pelo eleitor pernambucano, Roberto Freire fez as malas para São Paulo e arrumou uma boquinha digna de marajá como conselheiro em órgãos da prefeitura, na gestão Serra/Kassab”.

“Agora Kassab fundou o PSD e metade da bancada do PPS quer migrar rumo ao novo partido. Freire diz que vai entrar na justiça eleitoral para cassar os mandatos... Ora, Freire está reclamando do que? Foi ele quem deu o exemplo e que iniciou o movimento do PPS em direção a Kassab”, conclui o artigo debochado.

“PSD nasce independente”, jura Kassab

Enquanto PPS e DEM lamentam a sangria, o PSD de Kassab mostra certo dinamismo – ao contrário do que difundiu a enciumada mídia demotucana. Ontem, dia 13, houve o ato formal de fundação, primeiro passo exigido pela lei para a criação de uma nova legenda. Agora, será preciso coletar 500 mil assinaturas de filiados para que seu registro seja oficializado no TSE.

Na solenidade em Brasília, Kassab fez questão de valorizar o passe do novo partido. Garantiu que a legenda nasce independente, aberta a conversações com todas as forças. “Estamos à disposição para ajudar a presidenta Dilma, queremos que seu governo dê certo. Mas isso não significa alinhamento com o governo, ser base de apoio”, disse.

Partido dos milionários

Já no ato de fundação, 28 deputados assinaram a filiação ao PSD. “Até amanhã, deveremos passar de 30. Temos ainda cinco vice-governadores, dois senadores e outros tantos deputados estaduais e prefeitos”, contou Kassab. A expectativa é que, no máximo, em 90 dias as assinaturas estejam coletadas e, com isso, o partido possa ser registrado no TSE.

A cerimônia reuniu notórios conservadores da política brasileira, como o vice-governador Guilherme Afif Domingos e a ruralista Kátia Abreu. Mas os discursos foram no sentido de construir um partido “popular”. O jornal serrista Estadão, porém, fez questão de apresentar um levantamento demonstrando que “a maioria dos fundadores do PSD de Kassab é milionária”.

“Anunciado como um partido que ‘nasce do povo’, o PSD é composto, basicamente, por fundadores milionários, cujos patrimônios somados ultrapassam R$ 109 milhões. A grande maioria dos parlamentares, governadores e vice-governadores que pretendem ingressar na sigla a ser criada pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, possui bens acima de R$ 1 milhão, de acordo com levantamento feito pelo Estado no TSE”.

2 comentários:

Milton disse...

Com uma bancada de apenas seis deputados, o Roberto Freire vai perder a "boquinha" paga pelos contibuintes paulistas. Ele está desesperado pois sabe disso.

Unknown disse...

Lei seca na maloca

Todo o apoio ao desabafo de Xico Sá contra as proibições antialcoólicas impostas pela gestão Gilberto Kassab nesta Virada Cultural. É uma contradição absurda limitar o horário de bares e restaurantes e as atividades dos vendedores ambulantes num evento que se pretende ininterrupto e popular. Ainda mais numa cidade como São Paulo.
O pior é que, repetindo outras imbecilidades repressivas, a de Kassab está cheia de contradições e lacunas técnicas. Sua aplicação dependerá do escrutínio dos policiais. Talvez não tenha qualquer validade efetiva; mas também pode permitir abusos imensos.
Os argumentos dos defensores da canetada escancaram a tentação autoritária das leis secas e arbitrariedades afins: o espaço público pertence apenas àqueles que se comportam segundo os meus conceitos de civilidade. É, repetirei sempre, a ante-sala do fascismo. Não foi por falta de aviso.

http://guilhermescalzilli.blogspot.com/