segunda-feira, 21 de março de 2011

Líbia e o imperialismo sem máscara

Reproduzo editorial do sítio O Diário, de Portugal:

Uma vaga de indignação varre o mundo, levantada pela agressão imperialista ao povo da Líbia.

A Resolução do Conselho de Segurança que abriu a porta ao crime – mascarado de «intervenção humanitária» – foi preparada com antecedência. Concebida em Washington, coube à França e ao Reino Unido apresentar e defender o texto porque não convinha aos EUA, atolados nas guerras do Iraque do Afeganistão, surgirem como país patrocinador. Essa Resolução desrespeita a Carta a da ONU, mas, embora criminosa, os agressores não a consideraram suficiente.

A França iniciou os bombardeamentos aéreos e navios de guerra dos EUA e do Reino Unido dispararam quase simultaneamente salvas de mísseis de cruzeiro contra Tripoli e outras cidades. Alguns atingiram um hospital e áreas residenciais, matando dezenas de civis.

Os discursos de Obama, Sarkozy e Cameron que pretendem justificar a agressão – montada e dirigida pela África Comand dos EUA - serão recordados como peças oratórias de refinada hipocrisia.

Dois objectivos motivaram o ataque à Líbia: o saque dos recursos naturais - petróleo e gás - e a necessidade de controlarem, através do medo, o rumo das rebeliões populares que na Tunísia e no Egipto derrubaram as ditaduras de Ben Ali e Mubarak, ambos aliados de Washington.

Enquanto invocam a defesa da liberdade e da democracia e motivos humanitários para bombardear a Líbia, os EUA apoiam as matanças praticadas pela ditadura feudal do Iémen e incentivaram a monarquia islamista da Arábia Saudita a invadir o Bahrein, sede da V Esquadra da US Navy – para reprimir a insurreição do seu povo.

A contradição ilumina bem o farisaísmo de Washington.

Os governos responsáveis pelo ataque à Líbia garantem que não haverá desembarque de tropas terrestres. Mas é imprevisível o desenvolvimento da agressão. O motivo alegado para o ataque ao Afeganistão foi a suposta permanecia ali de um homem, Bin Laden, apontado então como inimigo numero um dos EUA. Agora é outro individuo, Muamar Khadafi, o pretexto invocado para a agressão imperial.

Khadafi nunca mereceu o nosso respeito. Mas manifestamos irrestrita solidariedade com o povo da Líbia, ameaçado de recolonização, nestes dias em que nas suas cidades e campos explodem bombas e mísseis.

É oportuno sublinhar e lamentar que o Parlamento Europeu tenha aprovado uma resolução que o tornou cúmplice da agressão, iniciativa que contou com os votos do PS, PSD e CDS, e também com o voto do partido da Esquerda Europeia, incluindo o do Bloco de Esquerda. O PCP, consequentemente, votou contra.

O Conselho Português para a Paz e a Cooperação convocou para o dia 23 uma concentração de protesto contra a agressão, junto da Embaixada Americana.
Fazemos nosso o seu apelo à participação do povo de Lisboa. O imperialismo estadunidense é o grande inimigo da humanidade.

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