terça-feira, 4 de janeiro de 2011

WikiLeaks e a ética do presidente do Chile

Reproduzo artigo de Daniella Cambaúva, publicado no sítio Opera Mundi:

Muito antes de Sebastían Piñera assumir a presidência do Chile, em março de 2010, seus passos já eram observados pela Embaixada dos Estados Unidos em Santiago. Em um despacho confidencial enviado em 9 de outubro de 2009, o embaixador norte-americano comunicou a Washington que Piñera realizava “negócios questionáveis” como empresário.

“Piñera está ligado a um certo número de negócios questionáveis, mas os eleitores parecem relativamente desinteressados com isto”, escreveu Carol na mensagem. Na época, o empresário ainda era candidato à presidência. “Tenaz e competitivo, Piñera cuida tanto dos negócios como da política chegando aos limites da lei e da ética”, completou a diplomata.

As mensagens foram divulgadas pelo Wikileaks por meio do jornal espanhol El País nesta terça-feira (28/12).

O documento cita um relatório da Transparência Internacional de 2006 que revela que Piñera, então o principal acionista da companhia aérea Lan Chile, comprou ações horas antes da publicação de um relatório financeiro da empresa.

Para a embaixada dos EUA no Chile, Piñera é um “homem de negócios competitivo e político inclinado a assumir riscos”.

Primeiro representante de direita a assumir a presidência do Chile desde a redemocratização, em 1990, Piñera venceu as eleições realizadas em janeiro de 2010. Então, comprometeu-se em vender suas ações da LAN, da TV Chilevisión e do clube de futebol Colo Colo, o que foi feito na última semana.

Horas após a divulgação dos documentos secretos, o chanceler chileno, Alfredo Moreno, informou que recebeu um telefonema de Arturo Valenzuela, encarregado do departamento norte-americano de Estado, pedindo desculpas pelo vazamento.

Segundo Valenzuela, a análise sobre Piñera “não representava a opinião dos Estados Unidos nem de sua diplomacia”. “Foi apenas um relatório, como fazem muitos funcionários em todo o mundo”.

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