quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os cinco derrotados nas eleições

Por Altamiro Borges

A eleição de Dilma Rousseff tem uma dimensão histórica. Após eleger o operário Lula, num fato inédito, o povo brasileiro repete a façanha e agora elege a primeira mulher presidenta da República. A cultura machista sofre a maior derrota da sua existência.

Mas os derrotados nesta eleição histórica foram muitos. Listo os cinco principais:

1- O bloco neoliberal-conservador. Serra representava o retorno às políticas de FHC, que devastaram o estado, a nação e o trabalho – com suas privatizações, subserviência aos EUA, desemprego e criminalização dos movimentos sociais. O povo deu uma surra nos demotucanos na sucessão e ainda expulsou alguns de seus líderes do Legislativo.

2- A direita fascistóide. Serra reagrupou o que há de mais reacionário na sociedade. Dos golpistas da TFP e Opus Dei, aos milicos de pijama e aos fundamentalistas das igrejas. Estes setores babaram ódio, espalharam calúnias e preconceitos, exploraram o atraso. Mas o povo não se deixou contaminar e garantiu 12 milhões a mais para Dilma.

3- Mídia golpista. As sete famílias que monopolizam o setor e que manipulam corações e mentes bombardearam Dilma. TV Globo, Veja, Folha e Estadão, entre outros, viraram cabos-eleitorais de Serra. A mídia, principal partido da direita e inimiga das lutas sociais e das mudanças, sofreu dura derrota. Espera-se, agora, que percam audiência e tiragem.

4- Ruralistas escravocratas. Apesar de Lula ter cedido aos barões do agronegócio, eles garantiram as maiores votações para Serra. Para eles, Dilma representa a possibilidade de se avançar na reforma agrária, na punição do trabalho escravo e infantil e na defesa do meio ambiente. É bom que Dilma fique esperta e não cometa o mesmo erro de Lula.

5- Imperialismo. Apesar do teatro diplomático, os EUA detestavam a política externa de Lula, expressa na rejeição ao golpe em Honduras, na busca pela solução pacífica com o Irã, no apoio aos governos progressistas da América Latina e à integração regional. The Economist e Financial Time inclusive explicitaram apoio a Serra. Mas o império não conseguiu abortar a continuidade da política externa soberana.

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3 comentários:

José Marcio Tavares disse...

Acho que faltou um perdedor: o fundamentalismo religioso.

Igor disse...

O exelente texto acima além de esclarecer os 5 derrotados, aponta o problema urgente da reforma agrária no país. Agora é hora de nos unirmos em busca dessas mudanças que o povo tanto precisa.

João Lucas disse...

Me entristece o fato de Cristina Kirchner com seu governo progressista e social, que seria um exemplo para Dilma seguir,ao menos na área dos meios de comunicação, atualmente apresentar popularidade tão baixa entre os argentinos.

Os argentinos parecem não enxergar os avanços de Cristina.

Estão dando ouvidos ao PiG neoliberal local, que de forma ininterrupta massacra com críticas o governo dela. Há grandes chances da direita neoliberal de Menem voltar ao poder do país em 2011. Uma pena! Cristina foi pioneira e ousada!

Espero que Dilma não cometa os erros que causaram a impopularidade de Cristina, mas que seja ousada como ela no que se refere a Ley de Medios.