quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Bullying eleitoral e fascismo tucano

Reproduzo revoltante relato de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:

Estou impressionado com um caso relatado pelo amigo Arnóbio Rocha, tuiteiro com quem dividi os corredores do hospital em que minha filha Victória e Letícia, uma das filhas dele, estiveram internadas ao mesmo tempo há alguns meses.

Esse caso dá uma idéia das barbaridades que estão sendo praticados nesta campanha eleitoral, que pode passar à história como uma das mais sujas que este país já viu depois da redemocratização.

Vale relatar que tudo se deve ao candidato da mídia, bem como a própria, não estarem aceitando limites sobre o que usar para vencer a eleição presidencial.

Arnóbio relata, via Twitter, bullying que uma de suas filhas sofreu na escola em que estuda devido aos seus pais serem eleitores declarados de Dilma Rousseff.

O caso me parece extremamente grave. Inaceitável numa democracia. Este é o primeiro relato de dois que pretendo fazer hoje sobre o clima que o candidato José Serra, o jornal Folha de São Paulo, a Rede Globo, o Estadão e a revista Veja, entre outros, estão impondo ao país.

Arnóbio começa seu relato explicando o que é bullying: “Termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender”.

Segundo Arnóbio, sua filha de 9 anos estuda em uma escola cristã de classe média de São Paulo e foi vítima de “bulliyng pesado” por “defender Dilma”. Teria sido importunada por coleguinhas cujos pais votaram em Serra, que debochavam dela alegando que o tucano teria “vencido” o primeiro turno e Dilma, “perdido”.

A garota, segundo o relato, teria revidado dizendo que havia “mais eleição” pela frente – bela resposta para uma criança de nove anos. Todavia, naquele momento os coleguinhas começaram a gritar “Dilma Assassina”, e que ela “foi presa”, que “roubava” e que “mata crianças”.

Agora a parte mais revoltante e assustadora: a filha de Arnóbio diz ter sido caçada, encurralada e recebido socos e pontapés, além de os agressores terem pisado na mochila dela enquanto gritavam insultos e deboches.

Quando a mãe da menina foi buscá-la na escola, encontrou a filha aos prantos tentando relatar a agressão que sofrera.

Ainda segundo meu companheiro de hospital – alguém que tem a filha primogênita, de doze anos, sofrendo de leucemia -, este é o perfil dos pais dos alunos da tal escola: curso superior e salários, em média, de R$12 a 15 mil.

Arnóbio ainda assevera que “Nem em 1989 Collor ousou pregar o ódio de forma tão aberta” e que “Transformaram as eleições num inferno, em São Paulo”. E conclui dizendo que “não dá mais para ficar calado”.

Na classe da vítima dessa nova forma de bullying inventada pela campanha de Serra, o “bullying eleitoral”, dos 21 alunos 4 dizem que os pais votam em Dilma e todos estão sendo vítimas dos demais.

Arnóbio não quer revelar o nome da escola, no que julgo que está certo. Mas só até o ponto em que essa instituição tomar providências. Se tal não ocorrer, penso que ele deve tomar uma atitude. Não denunciar essa barbaridade equivale a aceitar ter a sua liberdade de expressão e de opinião desrespeitada.

Aguardemos…

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1 comentários:

Alexandre Figueiredo disse...

Que horror, Miro! Acho que o golpismo sócio-político-midiático está indo longe demais. Gente perdendo a cabeça, mesmo!

Ninguém é obrigado a concordar ou optar por Dilma para presidente, mas deveria-se haver um mínimo de respeito.

Acho até que tem muito serrista enrustido, que tem vergonha, porque tem parente, talvez um sobrinho, trabalhando ao lado de petistas.

Mas haver bullying para desmoralizar quem optou por Dilma é o fim da picada.

Se ela foi guerrilheira, foi num momento histórico que seu grupo escolheu, diante do sufocamento político causado pelo AI-5, que fez vários jovens optarem pelo radicalismo guerrilheiro. Pode ter sido uma opção discutível, mas foi uma opção de emergência.

Além do mais, também o próprio Fernando Gabeira, que hoje apoia José Serra, tem um 'background' político semelhante ao de Dilma, tendo integrado um grupo que optou por guerrilha e assaltos a banco, e que sequestrou um embaixador dos EUA.

Por isso falar de "Dilma assassina" é a pior das grosserias, mesmo para quem discordar de sua linha política.

Mas isso mostra o quanto a direita é grotesca, mal-educada, estéril, porque nem discutir ideias teve capacidade. Se tivesse, talvez teria tido alguma vantagem eleitoral, se fosse esperta. Mas, nem isso.

A direita está traumatizada porque o governo Lula realizou progressos inegáveis para o país, tornando-o mais forte economicamente, por conta de sua equipe e sua paciência cirúrgica de promover o desenvolvimento.

Há muito o que fazer, mas os tucanos estão mesmo assim traumatizados. Por isso perderam o controle. Nem para vender seu neoliberalismo como se fosse um bombom Sonho de Valsa eles tiveram habilidade. O que mostra o quanto o projeto político deles é oco, vazio, superficial e impopular.

A única façanha de José Serra mesmo, em 2010, foi trazer as águas para São Paulo, compensando que a cidade não fica à beira do litoral.

Um mês de chuvas, trovoadas e muito alagamento, consequência da omissão quanto à urgência de despoluir a cidade e criar políticas eficazes e rápidas de saneamento, foram o legado político de um ex-líder estudantil e ex-ministro de FHC, que não conseguiu governar São Paulo como devia, mas mesmo assim conseguiu eleger seu sucessor graças às elites conservadoras que habitam a capital paulista desde os tempos das oligarquias do café.